“Minha personagem representa muitas mulheres e espero dar esse presente para essa classe”, diz Guta Stresser sobre fazer doméstica em Malhação: Vidas Brasileiras

Publicado em 02/03/2018

Eternizada no papel de Bebel, do seriado A Grande Família, Guta Stresser retorna à tela da Globo para um novo personagem. Dessa vez, atriz encara uma novela, com a personagem Rosália, de Malhação: Vidas Brasileiras, que estreia na próxima quarta-feira (7). Em entrevista ao Observatório da Televisão, ela contou que Rosália vai trabalhar como empregada doméstica e mostrará ter um coração bom, ao longo da trama. Além disso, ela se disse pronta para trabalhar com o formato de novela.

O objetivo de Guta é usar a personagem para representar milhões de brasileiras, que, segundo ela, cuidam de sua família, da família dos outros, fazem um trabalho pesado e, ainda, precisam se superar.

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Conte-nos um pouco sobre sua personagem em Malhação: Vidas Brasileiras.

Minha personagem é a Rosália, uma mulher maravilhosa, batalhadora, e trabalhadora como tantas mulheres brasileiras. Trabalha como doméstica na casa da Isadora, interpretada pela incrível Ana Beatriz Nogueira. Ela é mãe da Maria Alice (Alice Milagres), e se sacrifica muito por essa filha. Peróla (Rayssa Bratillieri) é a filha da patroa que a Rosália criou como se fosse sua filha, viu essa menina crescer. Sinto que a minha personagem representa muitas mulheres e espero dar esse presente para essa classe que é tão digna, jogar luz sobre essas mulheres que dão conta de cuidar de suas famílias, das famílias dos outros, exercem um trabalho físico e estão ali o tempo todo se superando.

E como você construiu a Rosália?

Me inspirei muito na Claudia, minha assessora do lar, que inclusive tem coincidências com a Rosália, e assisti a muitos filmes, como Que Horas Ela Volta, com a Regina Casé, que já era um filme que amava, e usei como referência. Quando comecei a construí-la pensei nessas mulheres fortes como a Claudia, que com as últimas chuvas no Rio de Janeiro, viu sua casa ser inundada, perdeu tudo, e ainda tinha uma garra para trabalhar com um sorriso no rosto para tentar conquistar tudo novamente, como uma heroína.

A Rosália mora na casa dos patrões e viu a filha deles crescer. Você já teve alguém que te acompanhou por muito tempo assim?

A gente sempre tem. As pessoas entram na vida da gente e passam a fazer parte da nossa família. A Claudia por exemplo, é mãe de dois filhos, um deles especial. Ela acabou de ser avó e ainda cuida dos filhos dos irmãos, e com isso me inspiro nela. Ela chega lá em casa com um sorrisão, às vezes com lágrimas nos olhos e choramos juntas, porque a vida não é fácil. É como um espelho, em que olho e penso: “Poderia ser eu do lado de lá”, porque somos duas mulheres, mais ou menos da mesma idade, só não tenho filhos como ela.

Interpretar uma empregada doméstica, mudou sua visão sobre essa classe?

Eu acho que sim. Sempre respeitei muito essa classe, que está aí para de repente limpar a casa do outro, arrumar a cama do outro, fazer a comida para o outro, e ajudar o outro com toda a dignidade. Nunca quis que a Rosália fosse servil, a gente quer justamente empoderar essa mulher, essa classe, dar respeito e não colocar naquele lugar da pobrezinha, coitadinha. Ela é uma profissional, que rala e dá duro. Nossa preparadora, Cris Moura foi grande aliada nisso, e não vamos deixá-la vitimizada.

Na história, a filha da Rosália, a Maria Alice chegará ao Rio de Janeiro para a surpresa da mãe. Essa chegada movimenta a relação da casa?

Totalmente. Ela fica preocupada porque apesar de querer estar do lado da filha, não queria que a menina perdesse o ano escolar. A Maria Alice tem uma história em Barretos que não é tão legal, e a Rosália não sabe de nada, mas ainda não podemos falar sobre isso. Ela inicialmente deseja que a filha volte para Barretos para se formar no ensino médio.

Você tem coisas em comum com a personagem?

Eu espero sim ter coisas em comum porque ela é muito do bem, amorosa e trabalhadora. Ela tem me ensinado muito, é proativa, e de coração puro. Existem milhares de Rosálias no Brasil, e tenho certeza que muita gente vai se identificar com ela.

Como ela vai lidar com a humilhação que a filha vai passar ao chegar na casa?

Ela fica dividida, porque Maria Alice e Pérola não se dão, mas ela gostaria que ambas fossem as melhores amigas do mundo. Ela ama a Pérola porque viu essa menina crescer, e só não morou com a filha a vida toda por conta da situação financeira. Maria Alice foi criada por uma tia dela, e ela morre de medo que a filha sofra preconceito na cidade. A volta da Maria Alice vai ser um divisor de águas na vida dela, mas ainda não sabemos como vai ser.

Ela se torna um contraponto dentro da casa, afinal vemos ali uma família desestruturada….

Exatamente. Ela é até meio mãe para a filha da patroa, porque percebe que a patroa está sempre “out”, se enchendo de remédios e vivendo num mundo à parte.  O triângulo amoroso entre Pérola, Alex e Maria Alice é que vai deixa-la de cabelo em pé, porque serão as duas meninas que já não se dão, apaixonadas pelo mesmo rapaz.

Como esse papel chegou até você?

Fiz o teste passei. Fiquei super feliz por essa nova experiencia profissional. É muito legal trabalhar com esse elenco jovem porque dá uma renovada na gente. A maioria deles está chegando na TV agora, e isso é bom. Fazer novela foi uma opção, assim posso experimentar o formato.

A Rosálio tem uma filha de 16 anos. Como é a questão da maternidade para você? Você quer ter filhos?

Dei um tempo de tentar. É um tratamento brabo para a mulher, é muito sofrido e quando não dá certo é uma tristeza sem fim, mas eu ainda penso em adotar, e acho que nesse momento estou podendo realizar essa maternidade aqui sendo mãe dessa menina maravilhosa que é a Alice Milagres. Sempre fui muito fã da mãe dela (Gorete Milagres), e a Alice é muito madura, mora sozinha desde os 18 anos, corre atrás, estuda, faz faculdade, e estou super babona por ela (risos). Fico toda coruja vivendo isso na ficção, mas vamos ver o que vai acontecer na vida real.

Ainda te chamam de Bebel nas ruas?

Eterna Bebel, a gente tem fã clubes até hoje, que são ativos nas redes sociais, e diariamente postam fotos dos personagens, falam das saudades que sentem. Devo muito à personagem, porque fico lutando para ela não vir de novo. Tudo o que eu faço tenho a preocupação de não ficar parecido com a Babel.

Você sente saudade de A Grande Família?
Eu sinto muita saudade! Foi uma fase muito muito feliz da minha vida. Tenho saudade dos colegas, da convivência diária, e são pessoas que quando a gente se encontra, é sempre motivo de muita festa. Viramos uma família mesmo. Cada um seguiu seu caminho, mas quando a gente se vê e pode estar junto sempre comemoramos.

Você sente alguma mágoa ou arrependimento de algo em relação à sua carreira?

Não. Quando A Grande Família acabou foi muito difícil, mas não guardo nenhuma mágoa. As coisas que aconteceram no passado como brigas, ficaram no passado, porque a lembrança do conjunto é muito boa. São companheiros maravilhosos e pessoas que admiro. Acho que durante minha carreira, fiz boas escolhas, trabalhei com pessoas que amei trabalhar, grandes mestres.

Você emagreceu bastante não é?

Sim, foram 20 quilos em mais ou menos 2 anos, mas já dei uma engordadinha porque parei de fumar. Fumei por muitos anos, entre idas e voltas, mas acho que dessa vez vai. Meu marido não é fumante, nunca gostou e chega uma idade que você fala “Ou vai ou racha”. Estou malhando e me reeducando na alimentação. Manter o mais difícil.

O que é mais difícil para você na reeducação alimentar?

Doces, chocolates, apesar de que agora existem esses chocolates maravilhosos com maior porcentagem de cacau, então me permito. No começo fui mais radical, mas depois que atingi um objetivo, me liberei para um dia comer uma pizza, um sanduiche, um doce. É isso.

Você se sente mais bonita?

Acho que a gente se sente mais leve e tem uma coisa do caimento da roupa.

Você faz algum outro tratamento estético?

Tenho uma dermatologista, me trato com ela há 20 anos. A gente faz umas coisinhas de leve aqui e ali também, mas nada muito pesado para não perder a expressão.

* Entrevista feita pelo jornalista André Romano.

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