Jeniffer Oliveira conta que pensou em desistir da carreira antes de entrar em Malhação: “É um meio complicado”

Publicado em 01/03/2018

Jeniffer Oliveira dá vida à Flora, em Malhação: Vidas Brasileiras, nova temporada da novela que estreia na Globo dia 7 de março. A atriz de 19 anos contou em entrevista ao Observatório da Televisão como se preparou para viver a adolescente de 15 anos, que será filha de Camila Morgado na trama. A jovem revelou ainda que antes de descobrir que havia passado nos testes para o folhetim, estava prestes a desistir da carreira de atriz. Confira o bate papo completo:

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Com 19 anos, você está vivendo uma personagem um pouco mais nova. Como foi a preparação para você se conectar com o universo de uma garota de 15 anos?

A gente fez uma preparação para se desprender dessa postura de mais velha, desses jeitos mais velhos. Porque a gente acaba tendo muito disso, mesmo que a fisionomia não fale muito, quando abre a boa já era. Então a gente treinou e trabalhou muito em cima disso. Eu tenho uma irmã mais nova, a Beatriz de 12 anos, então ela foi o meu grande laboratório.

Assim como a Flora, você também tem uma ligação com a arte?

Fora da atuação, a Jeniffer não desenha nada. A Flora quer ser artista plástica, desenha muito. Eu digo que foi um presente que ela me deu, porque eu desenho zero. Sério mesmo. Hoje desenho mais por causa dela.

Você teve uma preparação para aprender a manusear os pincéis de uma maneira mais profissional?

Fiz sim. A minha irmã desenha, então eu falo que ela é a minha inspiração real. A minha grande inspiração foi com a minha irmã porque ela começou a me ensinar umas coisas, e o Renato Alarcão que virou o meu professor de desenho. Ele é incrível, indico ele para todo mundo e ele também me ajudou muito nessa construção.

Você começou a atuar com 07 anos e já tem no currículo produções como Tempos Modernos e Milagres de Jesus. Participar de Malhação era um sonho seu?

Foi o meu quinto ano tentando (entrar para Malhação). Eu estava numa agência e recebi uma ligação do Luís: “Jeniffer, uma novidade! Malhação”. E eu falei: “eu não vou”. Eu estava desistindo da minha carreira, saindo da agência, mas ele falou para eu ir. Daí eu fui e passei para a oficina. Só que ano passado eu também passei, daí falei: “não, Luís, eu não vou para a oficina. Não tem como eu ir. Eu estou em outra coisa”. Eu ia começar a trabalhar em loja, então falei para a menina que eu tinha esse workshop para fazer e ela respondeu que se eu fosse perderia o emprego. Eu fui para o teste e passei. Eu não acreditava, eu falo que a minha ficha ainda não caiu completamente. Só vai cair no primeiro capítulo. Hoje eu chorei muito. As coisas estão acontecendo aos poucos e foi um processo incrível. Eu fiquei bem ansiosa, muito.

Por que você estava desistindo da carreira?

Eu fiquei muito tempo parada. Eu trabalhei muito quando criança, fiz mais de 100 trabalhos. A maioria com 10, 11, 12 anos. Quando eu comecei a crescer não trabalhava tanto, nem como modelo, porque não tinha mais tamanho para passarela, e nem fotogênica. É um meio complicado, a gente sabe que é de muitos altos e baixos. E mesmo sendo completamente apaixonada, eu cheguei num momento em que falei assim: “cara, eu tenho que fazer alguma coisa”. Eu estudava teatro, ainda estudo, fazia várias coisas fora, mas eu precisava de alguma coisa que me desse um retorno financeiro. Então eu falei: “infelizmente vou ter que desistir”. E quando eu desisti veio esse presente que é a Flora.

O que a Jeniffer e a Flora têm em comum?

A Flora vê o mundo de uma maneira que só ela tem. Um dia desses falaram sobre uma hashtag para a Flora e eu falei #MundoAFlora, que é o mundo pela visão dela: doce, lúdica, infantil. Ela me fez regredir em um bom sentido, eu não canso de falar isso. A Flora é uma regressão para mim num ótimo sentido. Eu estava realmente nessa época de ver as coisas de uma outra maneira, de uma forma mais madura. E querendo ou não, a gente amadurece e não vê dessa forma tão doce mais o mundo, então ela me fez voltar a ser mais sensível. Eu sou muito sensível, e a Flora me ajudou a resgatar esse outro lado da Jeniffer.

Ao longo da trama, a Flora vai se envolver em um triângulo amoroso com o Tito (Tom Karabachian) e o Érico (Gabriel Fuentes). O que você pode falar sobre isso?

Eu fico muito mexida com esse triângulo. Todo mundo vai ter a primeira impressão de que um deles é um pouco vilão, mas depois vai ter um outro lado também. E aí a gente entende o porquê. Vai ser lindo, e quando a gente achar que tem certeza, a história vai mudar completamente.

O público vai shippar esses casais na vida real. Você está preparada para essa exposição?

Eu não namoro e não quero terminar com o namoro de ninguém também (risos). O Tom namora. A namorada dele é uma fofa, inclusive já fez Malhação também. Eu acho que esse preparo vai com o tempo. Eles (o público) vão aprender a lidar comigo e eu com eles. Eu trabalho há muito tempo, já fiz muita coisa, mas nunca tive fama e reconhecimento. E Malhação tem muito disso de fama rápida, dessa coisa que todo mundo acompanha muito. Eu estou começando a lidar com isso, acho que vai ser um processo.

Malhação: Viva a Diferença conquistou o público e tem recebido ótimas críticas. Você acompanhou essa temporada?

Acompanhei, acompanhei. Eu fiz teste, como falei. Faço testes há cinco anos para a Malhação. Eu fiz teste com o Juan Paiva (Anderson) que entrou (no elenco), ele é um grande amigo. A Talita (K1), o Matheus (Tato), o Bruno (Guto), estavam todos comigo no teste. Então eu acompanhei o início. Quando comecei agora as preparações e os testes eu parei de acompanhar porque não dava mais devido aos horários.

Seus pais te apoiam na carreira artística?

A minha mãe sempre foi a minha fã número um. Ela sempre me apoiou. Quando eu passei falei para ela: “mãe, parabéns, você passou na Malhação”. Ela ficou encantada, e eu falei que não era uma conquista só minha. É uma conquista minha e maior ainda da minha mãe. Ela é a minha maior incentivadora. Todas as vezes que eu pensei em desistir, a minha mãe estava ali correndo muito atrás de tudo. Muitas vezes que eu não estava fazendo nada, minha mãe corria para a imprensa para tentar algo, porque a gente sabe como a carreira é muito difícil. Se não fosse a minha mãe eu não estaria aqui hoje.

A sua mãe também pertence a esse mundo artístico?

A minha mãe não tem nada a ver com o meu trabalho. Hoje em dia ela trabalha com assessoria, vai abrir uma agência porque ela gosta muito, e aprendeu muito por fazer muito para mim. Mas a minha mãe é corretora e artesã.

E qual foi o posicionamento dela quando você pensou em desistir?

Ela conversa muito comigo. A minha mãe sempre falou que eu tinha que estar em paz com o que estiver fazendo. E eu não estava em paz por desistir, era mesmo por não estar conseguindo. Bate uma angústia. A gente sabe que bate e ainda mais durante tanto tempo tentando. Então ela falava: “Jeniffer, não desiste. Não é o seu sonho? Então não faz isso”. E mesmo quando eu falava que ia mesmo, ela arrumava um teste, arrumava alguma coisa.

Qual foi o seu último trabalho?

O meu último trabalho foi de cinema, foi o filme D.P.A. E de TV foi Rock Story, eu fiz uma participação. Eu estava desistindo um pouco antes de D.P.A. Esse seria o meu último trabalho, aí surgiu o teste. Era sempre assim. Em Rock Story eu gravei um dia só, eu era a namorada do Léo Régis (Rafael Vitti), eu estava ruiva.

Como é sua relação com os colegas do elenco?

A minha relação em cena é maravilhosa. O Dani começou o teste comigo, a gente fez a oficina juntos, e eu falo que ganhei um irmão. Depois da minha mãe, eu contei para ele que passei. Ele virou um irmãozão mesmo. Às vezes, angustiada depois dos testes, eu chorava com o Dani. Hoje ele puxa a minha orelha, porque ele sabe da minha vida. Ele me ajuda muito, me dá altos conselhos. E com a Camila (Morgado) também é um presente porque ela é uma ótima atriz. Ela é incrível mesmo, é um presentaço trabalhar com ela. A gente tem muitas cenas juntas, muita cena de casa. Então ela tem muitas dicas e essa troca é muito boa porque a gente aprende muito, recebe muito e dá muito. Isso é incrível!

Pelo fato de você ser ruiva, já te compararam com a Marina Ruy Barbosa?

Já! As pessoas já me compararam bastante com ela, apesar de eu não achar. Até comentam em foto: “é a cara da Marina”.

Você é ruiva natural? Os seus olhos são bem bonitos também.

É uma boa lente (risos). Esse olho não é meu, é para a personagem. O meu cabelo já estava ruivo porque eu fiz o filme D.P.A, onde eu era a Leocádia mais nova, e ela é ruiva. Só que eu estava com o cabelo bem grande quando fiz a Leocádia. Quando eu fui fazer a novela, já estava com o cabelo curto e permaneci assim. Usei a lente também para fazer D.P.A, e depois comecei a colocá-la na minha vida porque me chamavam muito para testes com o olho mais claro, porque eu combino por ser muito branca. E quando eu vim para Malhação também pediram com a lente e, pelo visto, vou continuar por mais um ano.

O público vai achar que você tem mesmo essas características, né?

É, porque minhas fotos profissionais são todas com o olho mais claro. Então as pessoas, realmente, acham que o olho é meu. Gente, não é! Eu uso lente, mas eu uso para trabalho, na minha vida eu não saio com a lente. O cabelo eu usava o meu natural castanho e quando fui fazer o filme pintei. Eu brinco: “quando a novela acabar, eu vou tirar essa lente e o cabelo, e o pessoal vai falar que eu sou toda montada” (risos).

Quais planos você tem para futuro da sua carreira?

Eu quero fazer trabalhos também como mulher. Eu tenho muito cara de menina e as pessoas me veem muito como menina, mas eu tenho 19 anos. Eu vou fazer 20 esse ano, então eu quero que as pessoas me vejam de uma outra maneira. Eu quero ter a oportunidade de fazer outros papéis que me coloquem como mulher, uma coisa mais madura. Eu estou amando a Flora porque, como eu falei, é uma regressão num bom sentido. Mas é óbvio que a gente sempre quer amadurecer dentro e fora do set, e eu estou com altos projetos para depois de Malhação. Eu estou com a Márcia Marbá, minha empresária e amiga, e a Dani, minha assessora. As duas têm uma parceira incrível, eu amo, e estão me ajudando muito nesse processo de pós. Nem começou e a gente já está pensando nos pós. Mas é assim, na nossa carreira a gente pensa sempre lá na frente e isso é bom.

Essa nova temporada de Malhação está trazendo muitos temas polêmicos e atuais como, por exemplo, a Lava Jato. Para você, qual a importância desses assuntos serem tratos em uma produção voltada para o público teen?

Eu acho muito importante. O nome já diz tudo: Vidas Brasileiras. A gente vai abordar tudo o que se passa na vida dos brasileiros. Em tudo que acontece dentro do set, às vezes, eu me vejo na situação. Não só da Flora, mas do Kavaco (Gabriel Contente), das situações que ele passa em casa. A gente se vê dentro disso, e eu acho que interessante você, às vezes, sentar para ver uma coisa e falar: “nossa, isso é tão próximo de mim, da minha realidade. Eu já passei por isso, eu sinto isso. O meu amigo passa por isso”. Então eu acho que é bom a gente abordar esse público de uma maneira diferente.

Com qual realidade da trama você mais se identifica?

A gente fala de uma outra idade: 15 anos. A Flora, por exemplo, passa por um momento que eu já passei, que é não se achar bonita. Um cara olha para ela e ela pensa: “por que ele está olhando para mim? Será que eu estou suja?”. Essa coisa de não se reconhecer mulher, de não saber lidar com paixões. Eu já me vi nesse lugar, já me vi em outros lugares também. A gente passa por muitas fases e eu acho que Malhação tem todas essas fases ali, para mostrar para os jovens que todo mundo tem seus conflitos, suas angústias, suas felicidades também. Somos seres humanos e estamos aqui para mostrar isso.

*Entrevista feita pelo jornalista André Romano

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