Bruno Gissoni define Uirapuru, seu personagem em Orgulho e Paixão: “Ele tem um pouco de mau-caratismo, mas é um poeta”

Publicado em 22/03/2018

Bruno Gissoni terá um novo desafio pela frente na sua carreira, neste 2018. O ator dará vida a Uirapuru, seu personagem na nova novela das 18h, da Globo, Orgulho e Paixão. Na trama, ele não muito santinho, não. Vai aprontar muito, inclusive, com um dos protagonistas.

Em entrevista ao Observatório da Televisão, Gissoni revelou detalhes da nova superprodução dos Estúdios Globo que possui uma cidade cenográfica muito real. O ator também fala da vida pessoal, da paternidade e sua relação com a família. Confira.

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A gente viu que você gravou uma cena de briga com o Darcy…

“A cena que gravei, foi uma cena de briga com o Darcy, que é o personagem do Thiago Lacerda, mas foi bem legal de fazer, é superdivertido fazer cena de ação, cena de briga. O meu personagem, o Uirapuru, é um cara muito provocador, ele é um cara muito abusado e ele usa as palavras para provocar as pessoas, então, ele instigou uma raiva no Darcy e ele mereceu.”

A irmã do Darcy, que é feita pela Isabella Santoni, vai se envolver com o seu personagem. O que vai acontecer após eles se envolverem?

“Então, eu não tenho essa informação ainda. É uma obra aberta e o bacana dessa obra aberta é justamente isso, você jogar com o público, com a reação do público, e o autor vai percebendo a essência e a química dos personagens. O Uirapuru tem relação com a Mariana, com a Charlotte, com a Lídia, e isso é só no início da novela, depois vão entrar outras personagens. Então, acho que tudo é válido, eu não estou defendendo meu personagem, ele tem um pouco de mau-caratismo. Mas defendendo, eu acho que ele é um poeta, um cara amoroso, e o artista tem muito isso de querer usufruir do sentimento, do momento, da potência do sentimento o tempo inteiro. Acho que o poeta, o Uirapuru, ele pode sentir isso e tem danos grandes também. Ele viver o amor várias vezes, pode sim, se interpretar pelo lado ruim, mas pelo ponto de vista dele, pode ser uma coisa boa.”

Eu conversei com ela (Isabella Santoni) e perguntei sobre essa coisa dela (personagem) de acertar essa diferença que ela tem com ele. Hoje os tempos são outros, hoje todo mundo vai à luta, vai e encontra os seus direitos…

“Acho que hoje não seria um problema, né? Ser o primeiro de uma pessoa, não é um problema, né? Não tem que sentar e acertar as contas por causa disso. Isso é uma coisa muito típica da época, mas acho que ele pode viver novos amores com pessoas que ele já viveu, sim. Tudo é possível.”

A cidade cenográfica é muito bonita, é muito real. Isso ajuda vocês?

“Claro… É uma época muito distante da nossa, então, quando você tem uma cidade cenográfica que retrata essa época com tanta rigidez, isso facilita muito na ambientação do personagem, na vivência, você entra ali e já entra naquele universo que é distante, mas agora bem próximo, porque a gente está a dois passos da cidade cenográfica.”

Geralmente, quando o homem tem a paternidade, muda. O que mudou na sua vida de uma forma diferente, depois que você se tornou pai?

“Muda completamente, não só no trabalho, como tudo que eu faço agora, tem outra potência. A paternidade em si, é um novo significado para a vida, você passa a viver para o outro, você passa entender melhor a vida, acho que você renasce, porque você passa enxergar o mundo de novo com olhos de criança, com olhos de quem está vendo tudo pela primeira vez. Então, você fica muito melhor e muito mais doce com a vida.”

Você acha que passou entender mais os seus pais, depois de ser pai?

“Com certeza! Todas aquelas broncas de pais, tipo: ‘poxa, você saiu e não me ligou’. Ou: ‘pô, onde você está?’. Acho que tudo faz sentido agora.”

Você já tinha um sobrinho, né? A diferença é muita? É lógico que você é pai, mas você já curtiu um pouco antes, né?

“Já, já tinha vivenciado esse momento próximo. O nascimento do Joca foi um momento muito especial para a família inteira, foi o primeiro dessa geração toda. E foi muito forte também, eu sou padrinho do Joca, então, tenho uma relação muito forte com ele. Mas é mais fácil, porque o filho dos outros, você brinca e vai embora e pega só a parte boa. Mas, agora, estou vivendo isso a fundo mesmo.”

Você tem vontade de ter mais filhos, se animou?

“Eu sempre tive vontade de ter uma família muito grande, mas também com muita responsabilidade, né?! Ter uma família, mas no momento certo, o tempo é muito importante para tudo. Mas eu tenho essa vontade, e ao mesmo tempo eu estou muito satisfeito com a minha filha, são duas coisas opostas.”

Você acha que sua filha foi nesse tempo, que você estava preparado agora para ser pai?

“Com certeza! Ao mesmo tempo que eu acho que tem um tempo certo, acho que não tem também, essas coisas acontecem justamente para ajeitar as coisas na sua vida e a Madalena, ela não tem uma coisa fora do lugar, acho que ela nasceu e todo mundo começou se adequar no lugar certo e ela veio rodeada de amor.”

A gente vê nas redes sociais que a sua família acabou virando a família do brasileiro. Como você lida com isso, com as pessoas que emanam amor para a sua filha e ela para a gente? E tem gente que critica também, né? 

“É muito complicado. No início, a gente tentou preservar muito a Madalena, a gente não quis expor ela de forma alguma, mas ao mesmo tempo, a gente se sentiu num lugar muito prejudicado pela sociedade, porque a gente tem uma sociedade muito conservadora, muito machista, onde todo mundo se sente no direito de julgar o próximo, e ainda mais usando o nome de Deus, é uma coisa meio absurda. A gente viu que a Madalena recebia tanto amor, que a gente viu também que ela tinha uma importância social muito grande, a gente tentou mostrar para o mundo que uma família precisa primeiro de amor, e depois de qualquer outra coisa, né? Acho que é dar um novo significado a isso, porque a gente está se perdendo nisso. Ela representa isso, uma criança que quando vem alguém falar alguma coisa errada da nossa família, do jeito que a gente formou nossa família, essa pessoa é quase que linchada de tanto comentário positivo, ela é quase que engolida por uma onda de amor. Eu acho que a Mada, vem com esse poder de transformar coisas negativas em positivas.”

Você falou de família e não sei se o Rodrigo Simas trabalha ou contracena com você em algumas passagens da novela, como é estar trabalhando com o irmão, vir para o projac, vocês vêm juntos, como é?

“Não, a gente tem horários diferentes, e a gente tem núcleos diferentes também. A gente não chegou a contracenar com diálogos, mas acho que mais para frente isso deve acontecer. Porque a história que a gente conta é em uma cidade muito pequena, então, as pessoas acabam se esbarrando. É muito legal dividir um momento muito especial, essa novela está sendo muito legal de fazer, eu estou curtindo muito meu personagem e ele também, os rumos dos personagens, e é sempre especial trabalhar com a família, a gente já fez isso no teatro, mas na TV é a primeira vez.”

Essa trama fala da mulher, da força da mulher e você tem uma grande mulher em casa, que é a sua mãe. Guerreira, criou os filhos com seu pai e tudo. Como é para você, atuar em uma novela tão feminista? 

“Não é só a força da minha mãe, eu tive o prazer e o privilégio de ser criado por mulheres maravilhosas, desde a minha bisa, da minha avó, da minha mãe e aí depois entrou a Yana na minha vida, que é uma mulher que deu um novo sentido a tudo também, e agora a Madalena também. Eu sou cercado de mulheres importantíssimas e fortes pela minha vida inteira. É muito louco isso, porque eu acho que não deveria nem existir feminismo e machismo. Como eu sou criado em uma família com mulheres muito fortes, eu nunca entendi muito esse lugar, eu fui entender fora da minha família, mas é muito importante, porque nós como homens não conseguimos detectar o problema e as vezes o problema é muito sutil, temos que falar sobre esse problema. É de dentro para fora, a gente tem que mudar no Brasil como um todo né, mudar de dentro, mudar a cabeça da nossa família e dos nossos filhos, para talvez a próxima geração ou até essa se salva. São as próximas gerações que vão nos ensinar tudo de melhor e a novela representa muito isso.”

Você tem essa tatuagem 1921, porque essa data?

“É para a nossa bisa Elza. Como eu disse, as mulheres da nossa família são muito importantes, a bisa nasceu em 1921 e entre os dois número um, tem a idade que ela faleceu, que foi 92. O nome dela era Elza.”

Mas você sente ela presente ainda?

“Muito. Ela fez parte da nossa infância, uma segunda mãe, ela foi muito importante.”

E quem escolheu o nome de Madalena?

“Foi a Yana. A gente tinha muitos nomes separadinhos e aí num momento de impulso, ela escolheu Madalena e disse: ‘senti que é Madalena, e agora está decidido’. É isso!”

E qual o significado de Madalena, depois que vocês foram pesquisar e tudo mais, é amor mesmo?

“Não sei, eu não pesquisei não. Eu não sei o significado, mas eu lembro que no dia que ela nasceu, foi onze horas da noite, quase meia noite, quase dia 26. E aí, alguém disse que dia 25/05, era o dia da santa Maria Madalena de não sei de onde, tem uma santa aí, Madalena, então, acho que ela já nasceu especial desde o início.”

* Entrevista feita pelo jornalista André Romano.

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