Luis Miranda analisa a importância de Mister Brau: “São negros bem-sucedidos como gostaríamos de ver na TV”

Publicado em 08/02/2018

Mal terminou de gravar a temporada 2017 do Zorra, e Luis Miranda já iniciou os trabalhos da quarta temporada de Mister Brau, que estreia na Globo em abril. O ator que dá vida ao personagem Lima, grande amigo do protagonista, conversou com nossa reportagem durante um evento nos Estúdios Globo, e falou sobre as novidades da série, incluindo adições no elenco em seu núcleo. Ele ainda relembrou sua participação em Sob Nova Direção, sitcom na qual tornou-se conhecido pelo grande público.  Confira:

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Como foi o seu fim de ano?

Não foi. Terminei de gravar o Zorra, emendei nas gravações do Mister Brau e está tudo certo.

Sei que tem bastante novidade nesta nova temporada de Mister Brau. O que você pode nos adiantar?

Vamos abrir uma temporada com o Brau (Lázaro Ramos) completamente diferente, pois ele perdeu todo aquele glamour, e quem ascende agora é a Michele (Tais Araújo), virando uma estrela. Também tem uma coisa ótima, que dessa vez o Lima ganhará uma família que participa de quase todos os episódios. Cacau Protásio será minha irmã e Lellezinha será minha sobrinha, que é uma menina talentosa como o tio. Conheceremos um outro lado do Lima. Uma das coisas interessantes disso é poder ver o outro lado do Brau tentando voltar ao sucesso, que vai acontecer na África quando ele entrar em contato com suas raízes.

Como está sendo para você receber essas novas atrizes?

Tranquilo. Cacau é uma querida, uma atriz grandiosa, e casamos super bem na parceria. Le é uma menina talentosa e muito aplicada. Acho que as pessoas vão gostar muito, fizemos algo bacana, e vai ser divertido para o público ver personagens novos, porque dá uma mexida na trama.

O Lima continua aquele irmão e amigo que vai batalhar para o Brau voltar a ser um sucesso?

Com certeza, inclusive tem um episódio que o Brau morre, e ele morre também para não ficar sem o amigo. Mais do que tudo, se constrói cada vez mais essa relação de irmandade entre os dois. O Brau acaba caindo na casa da Carmo, e ela sabe que ele é um vagaba.

E a parte amorosa do Lima?

Esse ano o Lima não arrumou nenhuma namorada, está muito fuleiro, vai ficar no zero a zero mesmo.

Como são os bastidores de vocês?

É péssimo. A gente briga, se estapeia, rola no chão (risos). Brincadeira. São quatro anos juntos, costumamos dizer que formamos uma família. É muito bacana quando além de trabalhar junto, a gente fortalece essa relação fora, e fazemos isso. Saímos para beber, para conversar, vamos a peças de teatro, e isso é o sentido de fazer um trabalho com esse. A gente se respeita, se admira, o que deixa tudo mais sólido. Inclusive esse ano vamos todos atrás do Bloco do Lazinho, que será homenageado na Império Ricardense.

Vocês irão gravar na Angola. Qual a importância disso para a série?

Ainda não fomos, iremos depois do carnaval. Acho que será muito importante primeiro, porque o Brau abriu na programação um espaço em que se discute o negro de uma outra maneira: São negros bem-sucedidos, com a autoestima elevada, e como gostaríamos de ver na televisão. Então fazer um episódio como esse, que voltamos para a Angola, significa buscar um pouco dessa herança que temos no Brasil, afinal nós negros, somos a maior parte da população brasileira. Acho que vai ser importante mostrar essa coisa que existe na Angola e que não temos aqui, de descobrir quem são esses negros, de onde vem essa etnia, esse povo, o que é bacana mostrar na TV Brasileira.

A próxima novela das 21h, se passará na Bahia. Você acredita que isso pode ajudar a fortalecer seu estado?

Eu acho que todas as vezes que uma novela abre possibilidade para mostrar regiões que não sejam Rio de Janeiro ou São Paulo, isso ajuda o Brasil e a população como um todo. Principalmente porque somos um país com vários sotaques, que ficam cada vez mais claros quando se faz um trabalho assim. Espero que vejamos na novela uma Bahia representada mesmo, com muitos negros como é na realidade. A gente quer se ver na telinha.

No Rio de Janeiro, as pessoas estão acostumadas a se deparar com celebridades na rua. Como é o Luís Miranda, andando na Bahia?

Normal, claro que tem aquele orgulho. A gente é muito bairrista nesse sentido, o baiano gosta de homenagear os seus. Tem o carinho da população que gosta de se ver. O Mister Brau inclusive é muito bem aceito por lá por conta do Lazinho e de mim. Acho que Luis de lá é igual daqui. O baiano é muito afetuoso, comunicativo, essas coisas, a gente não esquece quando sai de casa.

No nosso último encontro, você contou que tem uma peça que pode ir para a TV. Já tem algo acertado?

Eu não trabalho com nada que não esteja organizado ainda, então partiremos para o longa, e possivelmente depois do longa vamos fatiar para a série, e foi o mais indicado para a gente nesse momento.

O Sob Nova Direção foi onde o grande público te conheceu. O que você leva desse programa?

Eu acho que tudo o que você faz na TV aberta te abre essa janela. Eu já tinha feito muitos filmes, mas o público de cinema é diferente do público de televisão, que te aceita e te vê de outra maneira. Independente do Sob Nova Direção ter sido minha porta de entrada, não posso esquecer de Geração Brasil, que foi super marcante para a minha carreira por poder levar para a TV um personagem que criei no teatro, e ver que as pessoas compraram daquela maneira.

Você pensa em seguir para uma novela?

Estamos sempre dispostos a fazer tudo. A ideia quando você é ator é não se limitar numa zona de conforto. Hoje estou fazendo dois programas da casa que são sucesso, mas podemos migrar para outra coisa, seja novela ou série. A televisão está precisando tanto de formatos novos, e a batalha é essa. Trazer projetos, coisas novas, e dramaturgias que espelhem as pessoas, sobretudo os negros, e tentar buscar espaço para falar de coisas que tenham nossa identidade.

Como está o Brasil de Luis Miranda?

O Brasil está péssimo para todo mundo. Acabei de voltar de Ribeirão Preto e já no aeroporto você vê as pessoas fazendo o tempo todo seu manifesto porque não recebem salário, porque vem aí uma reforma que as pessoas não entendem os benefícios. Acho que a gente não pode ficar desamparado politicamente e os artistas também não podem ser burros, medíocres e fecharem os olhos, achando que estamos vivendo num país tranquilo só por estarmos trabalhando. Tem muita gente por aí, passando fome, fora a violência constante. Ninguém está livre de um assalto, bala perdida, essas coisas. Vivemos sobressaltados o tempo todo, e temos que clamar por um Brasil com paz, tranquilidade, onde as pessoas vivam, e paguem suas contas com dignidade. Se isso não acontece, uma hora essa corda arrebenta e voa estilhaço para todo lado. O país vai ter uma eleição superdifícil em breve e precisamos ajudar o povo a pensar melhor em suas decisões. O que eu puder fazer nas minhas redes sociais, farei.

*Entrevista feita pelo jornalista André Romano

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