“Foi uma experiência muito transformadora”, revela Carla Salle sobre gravação de Onde Nascem os Fortes no sertão

Publicado em 26/02/2018

Valquíria, este é o nome da personagem de Carla Salle na nova supersérie Onde Nascem os Fortes, que estreia em abril na Globo. A moça que chegará na série para mexer com a cabeça de Hermano (Gabriel Leone) guarda um grande mistério que nem a própria atriz  sabe. O Observatório da Televisão conversou com Carla, que contou sobre sua preparação para a série, e sua parceria com Gabriel Leone, seu namorado na vida real. Leia a entrevista completa abaixo:

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Fale um pouquinho de como será Onde Nascem os Fortes, e da sua personagem Valquíria…

“É uma história clássica de sertão. O sertão me toca muito, eu tenho raízes sertanejas. A família da minha mãe é do interior de Pernambuco. A minha personagem entra no nono episódio, entra na família da Rosinete (Debora Bloch) e do Pedro (Alexandre Nero) como uma aposta dos dois de atrair a atenção do Hermano (Gabriel Leone) e afastá-lo da Maria (Alice Wegmann). Nisso, eles começam uma história juntos… Eu não posso falar muito (risos). Mas a Valquíria é perseguida por umas memórias de um passado conturbado e ela está sempre tendo essas lembranças. Ela é uma mulher que tem um descontrole, uma mulher perseguida por um passado que a perturba.”

Então a Valquíria está entre os personagens da trama que são cercados por mistérios?

“Todos os personagens têm um mistério. É uma supersérie que vai ser muito interessante de acompanhar, justamente, porque ela tem muitos ganchos. Todos os personagens têm muita profundidade, é uma história profunda. A gente está trabalhando para trazer para superfície essas histórias.”

O Hermano será muito apaixonado pela Maria. A Valquíria vai ser meio que um passatempo para ele? Um flerte? Como será essa relação entre os dois?

“A princípio eles ficam meio que por conta da força da Rosinete e do Pedro. A Valquíria rapidamente se encanta pelo Hermano, mas ele tem esse amor muito grande pela Maria e que caminha com ele durante a série toda. Então, vão ter momentos em que eles vão se equalizar, vão ter momentos em que eles vão entrar em conflito. A relação vira meio que doentia por parte da Valquíria. Terão altos e baixos.”

Você e o Gabriel Leone namoram na vida real, e nesta nova supersérie também vão ter esse laço romântico. Como está sendo a preparação para as gravações?

“Eu e o Gabriel somos super parceiros em cena, na vida. Em Os Dias Eram Assim nós fizemos irmãos, então, de certa forma, a gente canalizou o amor que a gente tem um pelo outro para esse lado fraternal. Agora nessa série, a relação desses dois personagens é completamente diferente, quase que oposta da nossa relação na vida, então é um solo novo que a gente está pisando e está sendo muito interesse descobrir esse lugar novo. São dois personagens que não têm um amor que nasce, tem uma estranheza, tem uma dureza tanto de um quanto do outro. A gente tem experimentado muitas coisas, nós somos jovens atores que gostam de experimentar. Antes das gravações lá no sertão, no dia de gravar as cenas em que os personagens iam se conhecer, a gente se propôs um afastamento para, de repente, encontrar esse estranhamento em cena. A gente vai se propondo coisa e vai criando um jogo muito legal de se jogar entre nós dois.”

Inclusive, recentemente o Gabriel falou que você é uma grande admiradora do trabalho dele, né?

“Sim! Somos muito parceiros e nos admiramos. A admiração move muito uma relação.”

Pelo que você revelou, a sua personagem vai insistir num amor que não será recíproco. Você acha possível manter uma relação assim?

“Eu particularmente, Carla, não! Para mim seria impossível, eu nunca manteria uma relação com alguém que não está na relação comigo, para se relacionar precisa de duas ou mais pessoas. Não existe um relacionamento sozinho. Eu não entraria nessa, mas a Valquíria entra. O amor dela pelo Hermano transcende o amor próprio.”

A chance de sair machucada é muito maior, né?

“É. E ela tem uma tendência de quase curtir o sofrimento. Ela tem uma identificação com esse lugar do sofrimento, do martírio.”

Isso tem ligação com o segredo dela?

“Ela tem uma coisa com o martírio. Vamos ver…”

Você revelou que tem raízes sertanejas. Como foi para você passar um período no sertão?

“Eu nunca tinha ido ao sertão. A pessoa que eu mais admiro e amo na vida é a minha avó Ivonete, mãe da minha mãe, e ela é do sertão de Pernambuco e tem uma história muito forte, muito bonita que me inspira, e eu nunca tinha pisado naquele chão. Quando eu pisei lá, me vi imersa no meio do nada, o Lajedo dos Anjos é no meio do nada, eu percebi que o sertão tem uma coisa que é essencial. Eu acho que ali não tem nada além do essencial. O corpo do homem, o chão e o céu. E aquilo é engrandecedor, você aprende muito estando nesse lugar, nessa situação em que você só tem o essencial. Lá nada é a mais, lá não tem extravagancias e é engrandecedor viver no simples. Foi uma experiência muito transformadora para mim, eu descobri que a gente tem um sertão dentro da gente e estando lá eu conheci mais o meu sertão, dentro de mim.”

Você iniciou a carreira muito jovem, mas você já consegue fazer um balanço da sua vida artística?

“Eu comecei fazendo teatro. A arte sempre foi fundamental na minha vida antes de eu entendê-la como trabalho, como profissão. Então é muito prazeroso, é um privilegio poder viver de arte para mim que sempre a percebi como algo transformador, algo que toca o outro, que me toca e me transforma. Eu acho que a arte por si só é um ato que me inspira.”

Grandes atores brasileiros, como Fernanda Montenegro, estão elogiando essa nova safra de talentos que vêm aparecendo na TV e se destacando por gostar da arte. Como você se sente ao integrar essa lista?

“Eu acho que sempre existiram pessoas que amam o que fazem, mas com o capitalismo, a indústria, a globalização, as coisas vão acontecendo tão rápido e tudo está virando tão fugaz, tão efêmero, tão banal. Aí eu acho que existe um grande grupo de jovens a fim de lutar contra essa onda efêmera. Tudo que faço eu me dedico, me aprofundo. O meu trabalho é me aprofundar, é cavar, e eu me sinto realizada e feliz fazendo parte dessa geração que se movimenta, que está cansada das mesmas coisas, uma geração que veio para mudar. Eu acho que somos uma geração de jovens artistas potentes que vieram a fim de transformar os antigos padrões.”

Recentemente, você finalizou a série Os Dias Eram Assim, mas a sua última novela foi Babilônia. Você cogita voltar a atuar nesse formato mais longo e corrido de produção?

“Independente de ser cinema, série, novela ou teatro, o que me move são personagens pelos quais eu me apaixono, pelos quais eu acredito. Então eu sou independente do veículo e do meio.”

Gabriel Leone e Carla Salle
Gabriel Leone e Carla Salle Divulgação TV Globo

Você e o Gabriel são dois atores jovens, namoram, são super discretos, mas o público fica na curiosidade de sempre saber mais sobre a vida de vocês. Como esse assédio é administrado?

“Eu acho que quem impõe os limites das nossas próprias vidas somos nós. Na forma como a gente vive, como a gente age, as pessoas entendem os limites. Eu não me sinto em nenhum momento invadida, nem agredida. Como nós dois impusemos um limite entre a nossa vida pessoal e a pública as pessoas nos respeitam, existe um respeito mútuo.”

Falando em Gabriel, ele mudou completamente o visual. Você aprovou?

“A gente tem uma característica em comum, sempre mudamos de um personagem para o outro. Eu acho que a caracterização é uma etapa superinteressante e importante para a construção do personagem. Se olhar no espelho e se ver diferente já um passo. Eu admiro a disponibilidade dele de mudar. Eu também adoro mudar.”

Mas você não sente falta dos cachinhos que ele tinha antes?

“Era lindo. Mas assim, nem sempre o personagem tem que ser lindo, às vezes aquele cabelo comprido remetesse a um cara mais descolado, mais moderno. E esse é um cara do sertão, um cara da terra, então eu acho que a escolha dele, junto com o Zé, foi deixar esse cara mais seco, reto, sem muitos artifícios. É um cara que é o que é, então raspa a cabeça e bota a cara para jogo.”

Como é o seu dia a dia? O que você gosta de fazer? De ouvir? Você gosta de ir à academia?

“Eu faço balé. Comecei a fazer academia agora. Gosto de correr. Mas as minhas atividades, na minha vida quando não estou filmando eu estou vendo filme. É sempre assim (riso)! Eu estou vendo filme em casa ou no cinema. O meu passeio predileto é ir ao cinema.”

*Entrevista feita pelo jornalista André Romano

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