Bruno Ferrari analisa amor entre Vicente e Maria Vitória em Tempo de Amar: “É uma relação muito bem construída”

Publicado em 28/02/2018

Depois fazer papéis importantes em novelas da Record, o galã Bruno Ferrari retornou à Globo e já acumula personagens protagonistas na emissora em que começou. Atualmente ele faz o Vicente, de Tempo e Amar, na faixa das 18h, e conquistou o público do horário ao formar par com a atriz principal, Vitória Strada, a Maria Vitória na trama.

Em entrevista ao Observatório da Televisão, ele conta sobre como foi fazer esse personagem e como tem sentido a repercussão junto ao público. A novela vai chegando ao fim e o público quer saber se Vicente vai terminar com a mocinha. Ainda no bate-papo, ele revela a atmosfera nos bastidores, com os colegas de trabalho.

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Como está sendo a repercussão do seu personagem Vicente na reta final da novela?

“Está uma disputa essa história do Vicente e do Inácio (Bruno Cabrerizo) na reta final da novela, a repercussão está sendo muito boa. Às vezes acompanho pelo Twitter, acho superdivertido, as pessoas são muito criativas no Twitter. E dali a gente tem um pouco de noção, acaba sendo um feedback imediato para a gente do que está acontecendo na novela, do que está acontecendo em relação ao personagem. Nas ruas também a gente acaba tendo uma aproximação das pessoas.”

Particularmente, para quem está sendo a sua torcida nessa disputa pelo o amor da Maria Vitória, interpretada pela Vitória Strada?

“Sempre foi Vicente, nunca neguei isso (risos).”

Teve uma semana em que ele revela para o Inácio que vai lutar até o fim, né?

“Sim, terminou o capítulo com ele chamando o Inácio para conversar. Na verdade, eu acho que essa chegada em Portugal dos personagens, tanto Maria Vitória quanto Vicente e Inácio, trouxe um amadurecimento muito interessante, da forma como eles olham a relação. O Vicente em alguns momentos se sente inseguro, pede para a Maria Vitória conversar com o Inácio para deixar tudo certinho para eles poderem seguir adiante.”

A Maria Vitória e o Vicente iniciaram a trama como amigos e agora estão vivendo esse romance. Você esperava essa aceitação do público pelo casal?

“É uma relação que foi construída aos poucos. O Vicente conheceu ela por acaso e foi se envolvendo. É da índole dele ajudar as pessoas, a família, os amigos, a irmã, o tio e não seria diferente com a Maria Vitória. Então ele vai ajudando ela e aos poucos se apaixonando, e aí chega uma hora que ele não consegue deixar de demonstrar isso. E ela vai retribuindo essa paixão. É uma relação que eu acho muito bem construída, uma relação de amizade que se transforma em paixão e amor. É isso que acontece com eles.”

Você é um ator novo e veterano. Como está sendo contracenar com Vitória Strada?

“A Vitória é uma atriz muito inteligente e muito disponível também. Eu acho isso muito importante para o trabalho dar certo. Está fazendo um trabalho lindo na primeira novela dela, um trabalho difícil, uma personagem protagonista e ela está dando mais do que conta de fazer. Para mim está sendo maravilhoso poder contracenar com ela.”

E com o Bruno Cabrerizo? Ele recebeu muitos elogios do Tony Ramos…

“O Bruno é um cara incrível! É um garoto de pu** coração! Eu contracenei pouquíssimas vezes com o Bruno. A gente está trabalhando só agora no finalzinho da novela. Parece que fazíamos duas novelas diferentes e agora no final que a gente está se encontrando. Foi um encontro maravilhoso.”

O amor da Maria Vitória com o Vicente foi construído aos poucos. Já o sentimento dela com o Inácio foi arrebatador, imediato. Na realidade, qual dessas duas formas de amar você acreditar ser mais duradoura?

“Eu acredito que não existe um segredo para isso. Eu e minha mulher éramos amigos, começamos a nos relacionar depois de anos. Foi num momento em que os dois estavam separados, solteiros e a gente se reencontrou. Éramos muito amigos e começamos a nos relacionar, e estamos casados há sete anos. Eu acho que quando você se apaixona por uma pessoa, você só mostra o seu lado bom no começo. Quando você é amigo da pessoa, ela já sabe tudo que é de bom e tudo que é de ruim em você, então tem mais tanta surpresa nesse sentido. E se mesmo assim a pessoa te quer, eu acho que a probabilidade de dar certo é maior.”

Você usou essa sua experiência pessoal para construir essa relação fictícia?

“Claro (risos). Eu acho que quanto mais velho, quanto mais a vida vai dando experiência para a gente, mas a gente vai podendo colocar no trabalho. Tipo, a minha relação hoje com uma criança em cena é completamente diferente do que era quando eu não tinha filho. Eu já tinha sido pai outras vezes, em outros trabalhos e hoje eu olho para uma criança completamente diferente. A perda de um pai, de uma mãe ou de uma paixão, claro que traz uma outra experiência que você pode colocar em cena.”

A paternidade trouxe um amadurecimento para sua vida pessoal e profissional?

“Eu acho que filho muda. Muda muita coisa na vida. Eu estava vendo uma entrevista outro dia de um cara que eu admiro muito e ele fala disso, que o amor que você sente pelo seu pai, pela sua mãe, pela sua mulher é diferente. O amor completo você só tem quando tem um filho. Isso é indiscutível, só dá para conversar com quem tem mesmo. É um amor absurdo e aí você entende o ditado: ‘eu mataria por um filho’. Claro que o filho me trouxe outras responsabilidades, me trouxe um amadurecimento maior para a vida e eu acho que isso vai sendo refletido no trabalho também, e as portas vão se abrindo também. Vem com um pãozinho debaixo do braço.”

Você acredita que o sucesso do Vicente é mérito seu?

“Não sei se é só mérito meu. O mérito é do conjunto todo. Como a novela é uma obra aberta, você tem a oportunidade de trabalhar junto com o autor também. Isso já aconteceu em muitas novelas comigo. Você vai direcionando para aonde você quer que o seu personagem vá. O Alcides é um autor extremamente sensível e ele percebe, então ele vai jogando junto contigo. E para mim a grande beleza da novela e da TV é isso, é poder trabalhar junto com o autor em tempo real. Você vai dando o que quer e ele vai retribuindo.”

Recentemente, a Alcione esteve no programa da Fátima Bernardes e palpitou sobre esse triângulo amoroso que o seu personagem está vivendo. Você acompanhou essa repercussão?

“Ela é noveleira (risos). Eu achei um maior barato ela falar.”

E o público está realmente dividido sobre quem deve ficar com a Maria Vitória, né?

“Sim. São dois mocinhos. O Inácio é um cara extremamente íntegro também, é um personagem de uma índole boa, um cara super do bem. E o Vicente também, então é difícil. O Inácio foi a primeira paixão dela, ela tem um filho com ele e isso traz um pouco de insegurança para o Vicente porque é uma relação que não foi terminada. É uma relação mal resolvida, porque uma relação bem resolvida a gente não tem preocupação nenhuma. Foi a vida que distanciou os dois, não foi algo que os dois não quiseram.”

Como é para você dar vida a um personagem íntegro em um momento em que o nosso país está tão corrompido?

“Eu acho tão legal as coisas que ele fala, os discursos que o Vicente fez. Os ideais dele são muito parecidos com os meus, então me dá uma gana, uma força de fazer muito grande. O Alcides escreveu dois ou três discursos que eu fiz durante a novela que, para mim, foi uma lavagem de alma. É tão bom transformar isso em arte, poder falar isso na TV, num lugar que abrange uma massa grande de pessoas.”

Ao longo desse nosso bate-papo você já falou que o Vicente vai lutar pelo o amor da Maria Vitória. Você acha que na vida a gente tem mesmo que lutar por um amor?

“Eu acho que em tudo a gente tem que lutar na vida quando a gente quer. E o amor que faz parte disso também. Se você quer se dar bem profissionalmente tem que lutar e correr atrás disso. Os amigos são conquistas também. Em tudo eu acho que tem que lutar sim.”

Saiu em alguns veículos que o Vicente iria sumir nessa reta final da novela. O que acha dessa possibilidade?

“Eu não sei. Outro dia eu mandei um e-mail para o Alcides falando: ‘Alcides, depois do que você fez por mim, você pode me mandar para Marte que eu já estou feliz’. A novela para mim foi de um ganho tão grande, eu já estou tão feliz nessa novela. Fui e estou sendo tão feliz nessa novela que eu não sei. O desfecho que ele der para o meu personagem já vai ser incrível.  E se for com a Maria Vitória melhor ainda.”

Com a reprise de Celebridade o público está podendo relembrar do seu personagem Fábio, filho da Beatriz, interpretada pela Deborah Evelyn. E durante uma entrevista, a Deborah revelou que guarda na memória, justamente, a cena da morte desse filho. Conta como foi esse momento…

“Eu que lembrei disso para ela. A gente fez uma matéria para o Vídeo Show e a menina me perguntou qual cena tinha mais me marcado na novela, e foi essa. É uma cena em que eu estou no necrotério deitado numa mesa, só com um lençol e a personagem da Deborah Evelyn chega completamente desesperada, e ela fez brilhantemente bem. Só que ela pegava no meu rosto, chorava e caia lágrimas na minha boca, juntava com baba, com tudo e eu não podia me mexer. Foi desesperador aquilo porque eu já estava meia hora deitado naquela maca, fazendo uma respiração para a barriga não fica mexendo, para eu ficar ali intacto e ela chegou me cutucando em tudo quanto era lugar. Foi uma loucura fazer.”

Pegando um gancho dessa sua lembrança: qual o balanço que você faz da sua carreira?

“Eu trabalho muito porque eu gosto. Eu gosto demais de fazer isso, me dá muito prazer…”

A essência daquele Bruno de Celebridade continua nesse Bruno de hoje? Quantos anos você tinha naquela época?

“‘Celebridade’ foi em 2003, eu acho que eu tinha 21 anos. Continua. Eu era bem mais verdinho como ator. Eu olho hoje em dia e digo: “hum, podia ter feito assim”. Mas era o que eu podia dar ali no momento. A gente vai amadurecendo muito. Eu gosto de ver novelas mais antigas, personagens mais antigos porque eu tenho um certo distanciamento, eu consigo olhar mais como um personagem. Quando você olha uma coisa atual que está fazendo, você fica num olhar muito crítico. Então eu gosto de ver, acho bem interessante. Eu amadureci, estou ficando velho, com ruga na cara, cabelo branco.”

Tempo de Amar é uma novela de época, mas que não deixa de abordar temas que são atuais na nossa sociedade como, por exemplo, o feminismo, muito presente na personagem da Olímpia (Sabrina Petraglia). Como você se posiciona na luta contra o machismo e do empoderamento feminino?

“Eu acho que todas as lutas são válidas. Eu só tenho receio dos radicais, só não gosto deles. Tudo que é radical e extremo para mim, eu fico com um pouco de pé atrás. A luta contra o feminismo é uma coisa que existe há milênios de anos. Eu olho às vezes e a sensação que me dá é que as pessoas estão achando que estão começando esse movimento agora. Eu acho que o radical é sempre complicado, mas eu acho que a gente está passando por um momento de muita transformação também.”

Como é o Bruno Ferrari como pai?

“O Bruno pai é um pai babão. Estou sempre presente com o filho, levei ele para a escola hoje, inclusive. Sou completamente louco e apaixonado por ele. O Toni (Antônio) me fez ver a vida de uma outra forma. A gente volta a perceber os detalhes das coisas porque tudo é novo para ele: o cantinho da parede, o cantinho da bolsa, da mochila, o papel, qualquer coisa é diferente. E isso faz a gente voltar a olhar as pequenas coisas, os pequenos detalhes e a voltar a olhar a vida de uma maneira mais simples.”

Por ser artista, você sente que as pessoas ficam curiosas quando você chega no colégio com o seu filho? Elas ficam te olhando?

“Não. Eu acho que no Rio de Janeiro é mais tranquilo com relação a isso. Lógico, quando sai do Rio de Janeiro, da capital, do eixo Rio-São Paulo, as pessoas ficam mais curiosas em conhecer e conversar. Mas no Rio é tudo mais tranquilo, eu acho que as pessoas estão mais acostumadas com atores e artistas.”

E o seu filho te reconhece na TV? Qual a reação dele?

“Engraçado, ele ainda não tem essa percepção de novela, de me ver. O negócio dele é desenho. Ele gosta de Peppa Pig, Galinha Pintadinha, essas coisas.”

Como você mantem a forma física? Você é adepto das dietas?

“Eu bebo muito e fumo muito, essa é a minha dieta (risos). E me alimento de MC Donald’s (risos). Eu não tenho feito nada tão saudável. Dieta só com a alimentação mesmo, eu procuro não comer tanto.”

Casado com Paloma Duarte, você também é um membro da Família Duarte. E o seu sogro, Lima Duarte, está brilhando em O Outro Lado do Paraíso. É uma escola ter um ator grandioso como ele presente na sua vida?

“Não só ele, como a minha esposa também. Antes de me relacionar com ela, de conhecê-la, eu já a achava uma atriz incrível. Para mim é uma das melhores atrizes da geração dela, tanto ela quanto a mãe (Débora Duarte) quanto o Lima. Está no sangue. O Lima é um ator brilhante, brilhante, brilhante. É uma escola, ouço muito o que eles têm para falar.”

Durante uma entrevista para uma revista, o Lima Duarte afirmou que aos 87 anos de idade continua decorando os textos perfeitamente. É maravilhoso isso, né?

“Isso é uma raridade. É muito difícil com mais de 80 anos de idade chegar lúcido e ainda decorando texto. Eu mesmo, às vezes temos mais de 20 cenas por dia e existe uma dificuldade de decorar. Decorar é a parte mais difícil do trabalho, eu acho, o resto é prazer. Mas decorar é a parte mais árdua, é a parte mais braçal do trabalho. E eu acho brilhante um cara da idade dele chegar com essa lucidez, essa gana.”

* Entrevista feita pelo jornalista André Romano

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