“Estou feliz porque não morri, mas essa não é a melhor idade”, desabafa Rosamaria Murtinho sobre a velhice

Publicado em 19/12/2017

Em participação especial em Deus Salve o Rei, nova novela das 19h da Globo, que estreia no próximo dia 9 de Janeiro, Rosamaria Murtinho será Crisélia, rainha de Montemor. Sábia e muito amiga do rei Augusto (Marco Nanini), ela faz um acordo para que seu reino seja abastecido com a água do reino vizinho, em troca de seu minério abundante. Durante o evento de lançamento da trama, a atriz conversou com nossa reportagem, falou sobre sua personagem, e sobre a velhice. Divertida, ela afirmou que diferente do que dizem, a terceira idade não é a melhor. Confira o bate papo completo:

Leia também: Pega Pega: Maria Pia se declara para Malagueta na delegacia: “Eu te amo”

Como é para você participar de um projeto tão grandioso?

Foi uma alegria quando eu fui chamada para fazer uma rainha, mas eu não sabia que teria essa dimensão. Esse tipo de projeto, esse tipo de gravação, uma câmera só, e que eu nunca tinha feito. Então, para mim foi tudo novidade, dá a impressão de que eu estou começando a carreira agora, porque é tudo novo para mim.

O Fabrício comentou que ia muito na sua casa e que é uma honra dirigir você. Como é essa relação entre vocês dois?

Eu conheci o Fabrício desde a barriga da Vivian, que é a mãe dele.

E como está sendo participar de uma novela com uma nova geração de atores que vem com um arcabouço cultural tão bom?

Foi muito bom conhecer esses novos atores, outro tipo de interpretação, e eu até estou falando baixinho como eles (riso). É ótimo o encontro com os atores que eu já conhecia como o Romulo Estrela, foi uma sinergia que bateu entre a gente, foi amor à primeira vista, eu gosto desse menino como se ele fosse o meu filho.

Você estava internada com um quadro de pneumonia e mesmo assim, saiu para gravar as cenas da novela, né?

Eu ainda não tive alta, vou fazer a tomografia computadorizada para ver como está o pulmão. Eu ainda não tive alta, é que eu sou maluca.

Mas a senhora faz isso porque realmente ama a sua profissão e por respeito às pessoas, né?

A novela está muito linda, o texto do Adjafre está lindo. É uma novela de época, mas tem uma coisa contemporânea que vai dar para as pessoas se identificarem em casa.

Como é para você, como mãe, ver o seu filho Mauro Mendonça Filho, dirigindo um projeto que está se destacando na audiência?

Principalmente em São Paulo, que nunca ultrapassou a gente, nunca São Paulo deu mais audiência do que o Rio de Janeiro. E agora, com O Outro Lado do Paraíso, está dando. Eu fiquei feliz por ele.

Você projetou para o mundo grandes homens, né? Tem um filho maestro…

Tenho um filho que também é ator, ele está com o pai fazendo a minissérie Experientes, em São Paulo, daqui pouco estreia na Globo.

O que é a vida para você?

As coisas são tão simples, que às vezes você não pode definir. É melhor a gente pegar o dicionário e ver o que é a vida, porque para mim é tudo.

É bacana ver o carinho que os colegas de trabalho têm por você, né?

Não é nada para ser heroína, bacana, é que eu não estou me sentindo bem. Eu trabalhei já doente, com febre, costela quebrada, braço quebrado, perna quebrada. O ator mesmo, só não trabalha se estiver desmaiado, porque assim não pode dar o texto, porque doente ele trabalha.

Em Deus Salve o Rei, você faz uma participação. Quais são os seus projetos futuros?

Não sei ainda. Eu sou aqui da TV Globo,  e vamos ver o que eles querem. Vamos ver se a própria rainha volta em um flashback, a TV Globo gosta de um fantasminha.

Eu vejo muita coisa sua nas redes sociais. É você que mexe, ou tem um pessoal que te ajuda?

Antigamente eu mexia, mas eu tenho um fã-clube chamado Roseiretes com quatro meninas da Bahia, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Curitiba. Então, eu mando fotos e elas se encarregam de postar. A Flavita, que é a da Bahia, de Vitória da Conquista, se encarrega de fazer a distribuição em todas as mídias.

Você tem uma carreira muito longa, está na melhor idade. E como é para você continuar participando de muitos projetos?

Não é a melhor! Desculpe, mas não é a melhor mesmo. Eu estou feliz porque não morri, então, eu estou trabalhando até agora, mas como te disse, essa não é a melhor idade (risos).

Como foi participar do espetáculo Dorotéia

Foi muito importante Dorotéia para mim. Hoje em dia, que a gente está se deparando com um Brasil tão frágil, tão covarde, tão mentiroso e aceitando tudo, eu me lembro de uma frase que foi escrita pelo Nelson Rodrigues, que escreveu Dorotéia, há 60 anos atrás. Ele dizia assim: “Que o mundo moderno deu voz aos idiotas”. É isso.

Como está o Brasil de Rosamaria Murtinho?

Eu estou muito triste com o Brasil. Muito triste com as pessoas aceitando o que estão aceitando, não pode deixar para lá não. Acho que não pode ser essa covardia, deixar eles fazerem o que quiserem, a gente que paga.

O que a você espera de 2018? Vai ser um ano com Copa do Mundo, eleições…

É muita coisa. Mas eu espero que o Brasil não seja o que dizia o Nelson Rodrigues, que o Brasil não seja idiota. Seja inteligente e se rebele contra bobagem.

O incêndio que acabou atingindo o galpão de gravações da novela, uniu mais o elenco e a equipe, né? 

Eu acho que o pessoal iria se unir mesmo. O fogo deu, talvez, uma alertada nos mais preguiçosos, nos que não estavam se importando tanto.

O momento do acidente você estava em cena gravando. Ficou muito assustada?

Eu queria agradecer o pessoal todo da técnica, o Zé Perez, que me pegou pelo braço direito e a minha camareira Bombom, que me pegou pelo braço esquerdo, e me tiraram do galpão. Eu agradeço a eles demais. O Fabrício também tem acreditado em mim, os diretores, o autor, os técnicos.

Essa novela está sendo uma nova aposta da emissora, né?

Foi uma coisa difícil, eu nunca tinha trabalhado com uma câmera só. Então, é tudo uma novidade para mim.

E os figurinos?

É pesado, mas divino.

*Entrevista feita pelo jornalista André Romano.

© 2024 Observatório da TV | Powered by Grupo Observatório
Site parceiro UOL
Publicidade