Ainda chamado de Lineu nas ruas, Marco Nanini se derrete pelo personagem de A Grande Família: “Nunca vou esquecê-lo”

Publicado em 19/12/2017

Rei Augusto, este é o nome do personagem de Marco Nanini em Deus Salve o Rei, a nova novela das 19h. Pai da vilã Catarina, vivida por Bruna Marquezine, ele acredita que a filha ainda possa se tornar um exemplo. O veterano ator conversou com nossa reportagem e animado para a estreia da trama, opinou sobre as dificuldades da profissão, falou sobre seu icônico personagem Lineu, de A Grande Família e teceu elogios à nova geração de atores com quem contracena no folhetim:

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Como é o seu personagem em Deus Salve o Rei?

Meu personagem é um homem sábio, ponderado, que no início da trama sofre um baque pela morte da amiga, a rainha do outro reino e muita coisa acontece nessa novela.

A novela é um pouco teatral. Você que é do teatro, como é fazer parte disso?

Não é exatamente teatral, ela é mais cinematográfica. Toda a leitura que o Fabrício Mamberti (diretor) está fazendo é mais despojada. Coincidentemente meu personagem em determinado capítulo vai encontrar uma equipe de teatro, mas não sei o que vai acontecer depois.

Você saiu de um personagem incrível em Êta Mundo Bom, e agora está vindo para este rei. Como é para você essa versatilidade?

Meu caro, nem sei o que é isso. Sei que me divirto. O ator tem uma criança dentro dele. As crianças quando brincam acreditam que aquilo ali que elas estão representando é verdade, o ator cresce e tem essa criança que aparece de vez em quando, o que é muito gostoso para quem gosta de atuar.

Como é para você contracenar com atores e atrizes da nova geração?

É uma novíssima geração pela qual estou encantado. As meninas, Bruna Marquezine e Marina Ruy Barbosa têm coisas que nem sei o que são, como Facebook e Instagram. Milhões de seguidores. Elas são adoráveis, criaturas muito disponíveis. Estou gostando muito, porque tenho um encontro com a nova geração, a média geração, em uma novela que engloba muita gente.

Você fez A Grande Família por 14 anos. As pessoas nas ruas ainda te chamam de Lineu?

Sempre! O Lineu é um grande amigo, um camarada. Nunca vou esquecê-lo, eu adorava o personagem, era muito rico e muito bem escrito. Não me importo que me chamem de Lineu, porque nesses 14 anos, pude ser visto por várias gerações.

Algumas novelas atuais estão mais focadas em retratar a realidade. Você prefere as novelas mais reais ou as que possuem mais fantasia?

Prefiro representar, porque representar já é lúdico. Essa novela representa o universo medieval com uma trama muito grande, com grande estofo dramatúrgico. A única coisa que une essa gente toda com quem tenho trabalhado é o talento.

Como é para você essa experiência de gravar com uma câmera só?

Eu já tive essa experiência ao trabalhar com o Guel Arraes, porque toda a decupagem dele era para uma única câmera. Trabalhei com o Fabrício Mamberti anteriormente em ‘Dona Flor e Seus Dois Maridos’, mas agora ele está bem maduro, ambicioso, é um produtor incrível, que inventou essa grandiosidade toda, o que é um grande risco, mas injeta na gente uma alegria imensa.

Seu personagem será pai da personagem da Bruna Marquezine. Como tem sido essa troca?

Bruna é adorável, engraçada, reservada, e na trama é minha filha. O pai a adora, mas ela vai dar umas punhaladas no pai, o traindo. A relação entre eles não é conturbada porque o pai só tem olhos para ela, mas a Catarina é bem articulada e manipuladora.

Lineu de A Grande Família era como a representação do povo brasileiro, um homem honesto e ético. Como é para o Marco Nanini ver o que está acontecendo com o Brasil?

Estou em um estado de perplexidade, desanimação e tristeza ao ver um país inteiro como esse, onde pouca gente se salva. Os pobres nunca saíram do lugar onde estão. Sinto às vezes nitidamente que essa pobreza é articulada e eles, os políticos, precisam dela para ganhar dinheiro para si. Isso é tudo muito chato e triste.

A cultura também está passando por maus bocados, não é?

A cultura não existe para ninguém. Nenhum político fala em cultura nunca, virou artigo de luxo ou de terceira classe. A cultura é o patrimônio do cidadão, em que ele se manifesta e se encontra. Infelizmente isso está em terceiro plano. A maioria dos políticos só roubam, acha que eles vão pensar em cultura?

A novela tem referências de séries internacionais que já trataram sobre a época medieval. Você assiste à alguma série atualmente?

Infelizmente não consigo acompanhar um seriado, porque me sinto preso ao próximo episódio, nem vejo tanta novela também porque fico com medo de gostar e ficar acompanhando. Comecei a ver How To Get Away With Murder, fiquei angustiadíssimo e não quero mais isso. O mesmo com livros, leio rapidinho com medo de me apegar.

Como é o carinho da pessoas nas ruas?

Discreto, mas muito amoroso. Talvez pelos meus personagens, as pessoas têm muito afeto comigo, mas também não saio muito nas ruas. Não sei adular esse tipo de coisa porque isso é fugaz e podemos entrar numa furada. Se o ator acredita muito nisso, ele sai do foco.

Você chegou onde sempre sonhou?

Eu nunca sonhei muito, justamente por medo da frustração. Fico contente com o que aparece, mas tem acontecido coisas boas para mim. Tenho muitos amigos, convivo com natureza e com bichos, que são as coisas que mais gosto.

Como está sendo interpretar este rei?

Já fiz um rei anteriormente, mas era outro tipo de monarca. Esse é medieval, tem protocolo mais discreto, um sábio, mas tem autoridade, e estou aprendendo as posturas o que é novidade pra mim.

Você vai se encontrar com o Marcos Oliveira em cena?

Não sei. O conheço há muito tempo, fizemos uma peça em São Paulo, e fiquei muito amigo dele, além de termos trabalhado em A Grande Família, por anos, mas aqui ainda não sei se contracenaremos juntos.

Essa profissão é complicada, tanto que o Marcos Oliveira usou as redes sociais para pedir emprego. Você acha a profissão difícil?

Pode ser que seja, depende de tanta coisa que temos que estar preparados. O Marcos estava tão preparado que ele teve hombridade, de pedir, e não é à toa que ele é um grande ator.

*Entrevista feita pelo jornalista André Romano.

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