Sandra Corveloni faz mistério sobre pedofilia tratada em O Outro Lado do Paraíso: “Só sei que vai existir esse assunto”

Publicado em 28/11/2017

Sandra Corveloni está radiante com sua personagem em O Outro Lado do Paraíso. Na novela das 21h, que iniciou sua segunda fase nesta segunda, (27), ela interpreta Lorena, uma mulher com um passado desconhecido, casada com o delegado Vinicius (Flávio Tolezani). Especula-se que Laura (Luísa Bastos/ Bella Piero), sua filha na trama, seja vítima de violência sexual por parte do padrasto, e em entrevista ao Observatório da Televisão, ela fala sobre o assunto polêmico, e sobre a oportunidade de viver uma personagem diferente de todas as anteriores na televisão. Confira:

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Como está sendo a repercussão de sua personagem na novela?

As pessoas estão gostando bastante da novela. Tenho recebido muitos e-mails, telefonemas e recadinhos no Facebook sobre a trama. Algumas pessoas ficam apreensivas porque acham o tema central da trama muito forte, mas acreditam que é necessário tocar nesse assunto da violência contra a mulher. Muita gente chega para mim para comentar as cenas do Gael (Sérgio Guizé) contra a Clara (Bianca Bin). Infelizmente no Brasil ainda temos um índice altíssimo de violência contra a mulher e muitas mulheres não têm coragem para denunciar ou não sabem o que fazer para se defenderem de qualquer pessoa que venha a cometer essa brutalidade contra elas.

A Lorena é uma mulher que teve um relacionamento anterior, do qual ela tem uma filha. O que mais você sabe sobre o passado dela?

Essa história pregressa dela não estava escrita, mas nós atores costumamos criar uma história em nossa cabeça para compor a personagem e entender sua trajetória de vida. O que sei sobre ela é que ela é mãe da Laura, mulher do delegado e pertencente à alta sociedade de Palmas. É amiga da Nádia (Eliane Giardini) e da Sofia (Marieta Severo). Geralmente o mundo dessas mulheres é de muita aparência, futilidade, vaidade e falsidade, porque elas ficam no salão de beleza, procurando informações sobre as pessoas e metendo o pau nos outros. Fofoqueiras em novelas sempre ganham destaque porque têm um tom cômico, e o Walcyr Carrasco é muito inteligente como autor. Ele cria todo o entorno para depois apresentar uma história mais forte que vai ser desenvolvida sobre o passado dessa mulher, que tem uma família aparentemente perfeita, mas o público vai descobrir que não é tão perfeita assim.

A Laura, filha da Lorena demonstra ter medo do padrasto. A Lorena parece ser grata a ele, mas ela vai se fazer de cega em relação a isso?

Ela é completamente apaixonada por ele, e creio que ela seja uma mulher machista, porque defende muito o ponto de vista dos homens. Ela respeita o marido, tira o casaco dele quando ele chega, mas o desenvolvimento da história ainda não está escrito. Infelizmente ela não é tão acolhedora assim com a filha, acha normal a filha ficar o tempo todo sozinha no quarto, não se relacionar com pessoas. É isso.

Na novela, todas as mulheres de Palmas usam cabelos longos e claros. Como é isso para você?

Nossa figurinista e nossos caracterizadores foram para lá e fizeram uma grande pesquisa sobre isso. Trouxeram várias referências em fotos, e, é realmente assim. As mulheres têm uma tendência ao brilho, ao cabelo loiro, franjas. A minha personagem é tão exagerada que não contente em ter franja na roupa e na bolsa, tem franja nela mesma (risos).

Você está curtindo?

Muito, porque é uma coisa muito diferente. Ela é uma pessoa que está a quilômetros de distância de mim em relação ao comportamento. Eu costumava fazer no teatro, e em outras novelas, personagens diferentes como a Neide, mãe da Linda (Bruna Linzmeyer), menina autista de Amor à Vida, que eram situações fortes. A Lorena é uma personagem mais deslumbrada.

Mas sabemos que vai acontecer uma situação de pedofilia ali, em relação à filha da sua personagem…

Eu não posso falar sobre isso. Sobre os assuntos que vão ser abordados, quando aceitei fazer o papel e vim conversar com o Waclyr Carrasco e com nosso diretor, o Mauro Mendonça Filho, eles me deixaram ciente da personagem que eu iria interpretar, então, só sei que vai existir esse assunto, mas no meu núcleo combinamos de viver um dia de cada vez. Não posso me contaminar com esse futuro da personagem. Preciso fazer com que ela fique forte agora, forte no sentido que é mulher da sociedade, vaidosa e que gosta de falar dos outros.

Você ainda não navegou nesses outros rios…

Esses rios ainda vão chegar, então, não quero me contaminar antes por ser um assunto extremamente difícil. Tenho conversado muito com a Bella Piero, atriz que interpreta a filha da Lorena quando jovem, uma ótima companheira, linda, ótima atriz, e ficamos bem próximas na preparação. Inclusive na preparação fizemos algumas coisas do futuro das personagens, mas diferente dela, eu não posso entrar nisso agora.

A Lorena provavelmente vai se tornar um divisor de águas na sua carreira. Como você acha que uma mãe que vê a filha passar por uma situação assim, agiria?

Não tem como generalizar, afinal, existem vários tipos de pessoas, acho que existem pessoas que ficam totalmente cegas e negligenciam tudo o que está a sua volta, tem aquelas que viram verdadeiras vingadoras, e até aquelas que tentam reparar tudo o que foi feito de maneira mais racional. Não sei qual vai ser o caso da minha personagem, mas eu, Sandra, posso dizer que esse assunto me deixa muito irritada.

Minha mãe diz que quem anda com porco, farelo come. A Lorena anda com duas pessoas ‘maravilhosas’: Nádia e Sofia. Você acha que ela também é um pouco vilã?

A Lorena é deslumbrada com a Sofia, aliás, a cidade inteira é, afinal, ela é muito poderosa, milionária, chique e descolada, mesmo sendo viúva, o que a diferencia da Nádia, que tem um marido, filhos, que vive num ambiente masculino no qual ela domina como rainha, e até sem perceber vive a serviço deles, fazendo as vezes de dona de casa perfeita. A Lorena vê a Sofia e a Nádia como espelhos, porque ela quer pertencer a essa sociedade, embora ela esteja no degrau mais baixo dessa escada. E ela é fofoqueira, esse veneno corre no sangue dela, ela escuta as coisas e não se aguenta, porque a informação dá a ela um pequeno poder que ela ama. Mas fofoca é aquela coisa, pode ser uma bobagem, como pode destruir a vida de outra pessoa.

Entrevista feita pelo jornalista André Romano.

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