Debora Bloch fala sobre sua personagem em Treze Dias Longe do Sol: “Muito prepotente”

Publicado em 10/11/2017

A minissérie Treze Dias Longe do Sol já está disponível na plataforma de vídeos Globo Play. Nela, Debora Bloch interpreta Gilda, uma parceira comercial na construtora responsável por um prédio que acaba desabando sobre funcionários. Durante a coletiva de lançamento da minissérie, a atriz conversou com nossa reportagem sobre sua personagem, e falou das vantagens de se fazer obras mais curtas como séries. Confira:

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Como está sendo fazer parte de um produto mais enxuto, diferente das novelas?

Eu acho um jeito mais legal de trabalhar, com antecedência, tempo. Dá pra fazer tudo com mais cuidado. A gente filmou de novembro (2016) a fevereiro (2017). Creio que ficamos gravando de 3 a 4 meses, mas não gravei assim seguido. Primeiro gravaram os personagens que estavam nos escombros, depois as pessoas que ficavam em cima da terra.

É uma temática super atual. Fazer uma personagem dessa que tem culpa no cartório. Como você elaborou a Gilda?

É uma personagem prepotente e um pouco leviana, mas que tem aquele sentimento das pessoas poderosas, e com uma ilusão de poder de que as coisas estão sempre sob controle não importa o que se faça, mas a vida não é assim, sobretudo quando se é irresponsável. É uma mulher com ética duvidosa, que não imaginou que isso pudesse acontecer, no entanto não a impediu de agir como agiu. A gente infelizmente conhece histórias assim. Dois prédios no Rio de Janeiro em épocas e momentos diferentes que desabaram, as pessoas responsáveis não foram punidas e as vítimas até hoje não recuperaram suas casas e seu dinheiro. É um pouco sobre a nossa maneira de funcionar e como nossas obras são feitas. É interessante porque essa série fala da gente e ao mesmo tempo tem um roteiro bastante original. São dois grupos de personagens, os que estão soterrados na obra e os que estão em cima da terra, mas tendo que apagar o incêndio e livrar sua própria pele, como a Gilda, que vai fazer tudo para não ser incriminada.

Os personagens estão no limite, né?

Eu acho que é um momento limite que eles estão vivendo. Naquele momento não tem reflexão, só querem livrar sua pele. Não posso dar muito spoiler, mas o que posso dizer é que minha personagem tenta livrar a pele como muita gente que vemos por aí, não importando o que precisa fazer para isso acontecer.

A Gilda é descrita como uma mulher muito elegante. Você se identifica com ela?

Eu não me identifico com essa personagem não (risos). Ela é muito prepotente, arrogante, e acho que tem um caráter muito duvidoso. Eu sou muito responsável, e tomo muito cuidado com as decisões que tomo, com as coisas que faço e como lido com outras pessoas. Tenho um olhar para o outro, que pessoas como a Gilda não têm.

Você acompanha séries?

Eu sigo e gosto. Vejo bastante, inclusive gosto de ver vários episódios no mesmo dia.

Uma série como essa faz a gente pensar em nossas tragédias pessoais. Você teve algum momento delicado em sua jornada?

Eu acho que ao longo da vida temos vários desmoronamentos e reconstruções, faz parte da vida, no sentido figurado.

Como você costuma reagir a situações limite?

Não sei se tive tantas situações como essa, mas procuro meus amigos, família, pessoas que confio e gosto, e sei que gostam de mim.

Ficar 13 dias longe do Sol é fácil para você que já morou na França, não é mesmo?

Eu passei pouco tempo na França. Minha personagem não fica soterrada, ela está no escritório quando o prédio desmorona, quem fica soterrado são os operários, o personagem do Selton Mello, que é o engenheiro responsável que está economizando no material com certa conivência de Gilda, e ela na verdade fica tentando botar panos quentes, e achar uma solução para sair disso.

Chegaram a usar areia da praia na obra para economizar?

Poderia ser (risos).

Você mudou algo em sua rotina, ou mesmo na alimentação para aguentar o ritmo de gravação?

Nesse caso, numa série que tem vários personagens não é o mesmo ritmo de estar gravando uma novela. Minha personagem não estava gravando todos os dias. Os personagens soterrados gravaram mais e era mais pesado para eles. Fizemos tudo com muita antecedência e isso proporciona uma maneira de trabalhar com mais tempo, mais cuidado, e num ritmo mais legal.

Ela esconde algum segredo que será revelado ao longo da minissérie?

Vamos assistir (risos). O roteiro da série é muito bom, e fala de algo que nós já vimos acontecer na nossa esquina. Não é uma história baseada em fatos reais, mas já vimos coisas parecidas e acho interessante quando podemos falar de algo relevante no nosso trabalho e representar pessoas.

Qual foi o maior desafio para você nessa personagem?

O desafio foi humanizá-la porque temos a tendência de vilanizar, e as pessoas são mais interessantes quando vistas de forma humana e menos estereotipada.

*Entrevista feita pelo jornalista André Romano

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