Com personagem vítima de agressão em Apocalipse, Juliana Silveira opina sobre o tema: “Precisamos discutir isso”

Publicado em 21/11/2017

A nova novela da Record TV, Apocalipse esteia nesta terça-feira (21), e promete chamar a atenção do público. Durante a coletiva de imprensa para apresentação da trama, nossa reportagem bateu um papo com Juliana Silveira, que falou sobre Raquel, sua personagem no folhetim, escrito por Vivian de Oliveira. A atriz que é mãe de Bento, de 6 anos de idade, contou como é sua relação com o garoto e como enxerga o fim do mundo, principal tema de Apocalipse. Confira:

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Você está voltando para o ar agora após A Terra Prometida. Como é para você o período não trabalhado?

O desejo do ator é sempre estar no ar, mas não sei se o público quer sempre ver as mesmas caras no ar. Aproveito o período de férias para cuidar da minha vida pessoal, e para estar com minha família. Por exemplo, meu filho acordou ontem de madrugada pedindo atenção porque estou gravando há 10 dias seguidos, e ele com 6 anos, sente muito a minha falta.

O que você faz para lidar com essa saudade dele?

Eu chego em casa e o Bento já está dormindo. Coloquei uma câmera em casa, aí quando vejo que ele está lá, ligo para o telefone de casa para conversar um pouco, mas criança quer a mãe perto. A gente lida com a culpa. É um sacrifício que toda mãe que trabalha fora passa.

Essa coisa da fé, você tem uma religião?

Sou criada no catolicismo, batizada e cresci com isso. Adoro Nossa Senhora Aparecida, e Nossa Senhora de Fátima. Dentro da minha crença cristã, fico feliz em falar sobre isso, amor e união que é o que o cristianismo prega. É a primeira vez que interpreto uma personagem evangélica, que diferente de outros personagens evangélicos da trama, não julga. Porque na novela existem esses falsos evangélicos que pregam uma coisa, julgam os outros, e na vida fazem outra coisa. A novela fala sobre isso. Fico feliz em falar coisas que eu Juliana acredito, e são palavras que confortam o coração.

O que você acha sobre a temática da novela?

Eu acho maravilhosa, surpreendente e tem a ver com o momento que estamos passando. É só assistir ao telejornal todo dia, pessoas matando no Brasil, na França, num show em Las Vegas. Estamos repetidamente vendo esses casos, que pensamos “Não tem solução”. E a pergunta que fica é: Será que sempre foi assim e por causa da internet não tínhamos conhecimento? São questões que a novela vai abordar, porque é um novelão, mas daquele tipo bem atual, que a gente pode ir pro Twitter comentar. Levanta-se muitas questões atuais e contemporâneas apesar de ser baseado no livro da bíblia.

Você mudou alguma coisa no seu visual para a personagem?

Na segunda fase, meu cabelo vai ficar bem liso e dividido ao meio porque minha personagem estará com 21 anos. Ainda bem que existe o tratamento de pós-produção, graças a Deus, e na terceira fase, a personagem já está um pouco mais velha que a minha idade, e estou com o cabelo cacheado. Novela contemporânea tem o facilitador de não ter muita caracterização, o que particularmente curto.

Está nos seus planos ter um segundo filho?

Eu gostaria de aumentar a família. O Bento gostaria de ter um irmão, mas eu acho injusto ter um bebê e criá-lo diferente de como criei o Bento, ficando em casa com ele. Era outro tempo, o ritmo do mercado era diferente. Hoje o mercado está se abrindo, o que é sensacional, então não posso perder a oportunidade de um personagem bacana, então não sei como eu encaixaria outro filho nessa rotina. Nos próximos 2 anos não vai acontecer. Estou com 37, acho que até os 40, eu consigo resolver essa equação.

Adoção passa pela sua cabeça?

Passa pela minha cabeça, não passa muito pela cabeça do meu marido. Se acontecer vai ser uma coisa muito bem trabalhada lá em casa, mas eu ficaria amarradona de adotar, e o Bento adoraria também.

Como é seu filho? Ele já está sabendo lidar com situações como bullying por exemplo?

Meu filho é muito calmo, se deixar ele nessa brincadeira, ele até releva e deixa passar. Na escola dele vem um jornalzinho que pergunta O que você quer da escola, e ele respondeu “Quero aprender ser um bom amigo”. Ele é um cara todo amoroso, feliz. Alguma coisa eu fiz certo ali (risos). Coloco limites, dou educação, converso muito com ele. Outro dia ele foi na piscina com um amigo, e não conseguiu chegar na borda e o salva vidas teve que entrar para tirá-lo. Eu estava trabalhando e quando cheguei em casa ele disse “Mamãe, quase me afoguei. Eu fiquei desesperado, achei que não ia conseguir chegar e o moço entrou na piscina para me tirar”, aí pensei nas questões da criança, já passando seus perrengues, evoluindo.

Sua personagem, a Raquel, será vítima de agressão do marido, não é?

Ela é vítima de agressão verbal por enquanto. Ainda não recebi cenas com nenhuma agressão física. Era uma ideia que isso aconteceria no desenvolvimento da personagem, mas não sei se chegaremos nesse lugar. Ela é uma mulher super doce, calma, casada com um policial, e tem uma crise seríssima no casamento. Eles têm problema de comunicação porque ele é um cara grosseiro, eles brigam muito. Ainda não sei onde a autora vai levar isso.

O que você acha sobre esse tema?

Eu até gostaria que essa fosse uma questão da personagem porque como mulher, eu nunca passei por isso, mas sempre temos pessoas próximas que já passaram por algum tipo de agressão ou violência. Precisamos discutir isso, mas não necessariamente mostrar a cena porque acho muito forte, até mesmo pelo horário, mas é bacana para o público refletir. Através da história que está sendo contada, vamos refletindo sobre nossa história pessoal.

*Entrevista feita pela jornalista Núcia Ferreira

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