“É um tema importante e tem que causar”, diz Eliane Giardini sobre o racismo tratado em O Outro Lado do Paraíso

Publicado em 25/10/2017

Na nova novela das 21h, O Outro Lado do Paraíso, Eliane Giardini é Nádia, a esposa do juiz Gustavo (Luís Mello) e mãe de Bruno (Caio Paduan) e Diego (Arthur Aguiar). A socialite como já exibido nas chamadas da trama de Walcyr Carrasco não aceitará o romance inter-racial entre Bruno e Raquel (Erika Januza), empregada de sua casa. A atriz conversou com nossa reportagem durante a festa de lançamento da trama e contou sobre o convite do autor, e o que espera da repercussão da personagem.

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Como é fazer novamente uma novela do Walcyr Carrasco?

O Walcyr Carrasco é um grande comunicador e ele sabe contar uma história. É muito bom para o ator ter um personagem que te carrega.

Com quem você está atuando diretamente?

Meu núcleo é o Luis Mello, meu marido, um juiz corrupto. Tenho dois filhos ótimos e muito bem-criados, inclusive não sei quem os criou (risos). Eles têm boa índole e vivem repreendendo a mãe dizendo “mãe, segura essa onda”, que são o Caio Paduan e Arthur Aguiar.

Ela é uma pessoa preconceituosa pelo que ficamos sabendo…

Ela é super preconceituosa, o que mais aparece por enquanto é o preconceito racial porque começa com a questão do filho que se apaixona pela empregada, e isso já deflagra. Não fosse isso, talvez demoraríamos para saber dela, mas uma pessoa que fala as barbaridades que ela fala, deve falar outro tipo de barbaridade também.

E você acha que o tema da novela, que é a lei do retorno vai chegar até a sua personagem?

Claro, e eu espero que ela tenha uma redenção ou uma punição a altura.

Você acredita nisso na tua vida?

Acredito que a natureza caminha para um equilíbrio. Quando acontece um tsunami, um desequilíbrio grande a gente se assusta, quer dizer que a natureza sempre está buscando esse equilíbrio. Acho que as pessoas sejam assim, não que seja algo espiritualista. Se você trata mal as pessoas, elas não se sentem respeitadas, e é natural esse bate e volta.

Você continua meditando?

Sempre. Eu consigo dar uma afastada nas energias ruins. O mundo tem uma gravidade. Se você cruza os braços, vai pra baixo facilmente. Existe um esforço e um trabalho emocional e psicológico para se manter em pé.


Você já teve depressão?

Depressão nunca tive, momentos de melancolia, angústia, baixa autoestima como qualquer pessoa, mas tenho meios que procuro quando estou assim, como família, terapia, vinho (risos). Isso sempre nos ajuda a sair dessa laminha.

Quais são seus cuidados pessoais?

Eu não tenho nenhuma restrição alimentar nem nada, mas busco equilíbrio nas coisas também. Se um dia como demais, outro dia já como menos. Atividade física estou em falta. Nos meus tempos de férias, após Êta Mundo Bom!, eu estava super disciplinada fazendo pilates e caminhadas, mas depois que a gente começa a gravar de novo, a vida vira do avesso.

Como foi o convite para atuar em O Outro Lado do Paraíso. Você já sabia sobre a personagem?

Quando recebi o convite do Walcyr ele não tinha nem uma história pronta ainda. Ele iria tirar férias de dois anos pois tinha emendado Verdades Secretas e Êta Mundo Bom!, mas a Globo pediu que ele escrevesse. Ele me ligou perguntando se podia contar comigo, disse “Não tenho nem novela ainda. Você topa na confiança? ” Eu disse: “Claro”.

Mas deu para descansar depois de Êta Mundo Bom?

Terminei Êta Mundo Bom! ano passado, descansei muito.

Como está o ritmo de gravações?

Essa não gravo tanto. Os 15 primeiros capítulos estão muito caprichados, gravamos cerca de 4 cenas por dia, mas já recebi o cronograma que semana que vem terei 15 cenas por dia. Agora vai entrar no ritmo de novela, até os 15 primeiros capítulos foi ritmo de cinema.

E o que você achou das cenas da Nádia? As falas dela são muito pesadas?

Levei um susto porque ela entra assim sem filtro. Está tendo muita repercussão só nas chamadas, e todo mundo já querendo matá-la. Eu não acompanho tanto em redes sociais mas tenho um grupo de fãs que me printaram no Twitter.

Você acha que o pessoal vai confundir? Que você vai levar bolsada na rua?

Não.

E como foi gravar esse texto mais duro?

No começo foi bem difícil. Nas minhas cenas com a Erika Januza, eu mal conseguia falar porque é tão grosseiro, e tão agressivo, mas é um tema importante e tem que causar, porque se não causar eu penduro a minha chuteira, porque ou o povo está muito anestesiado ou não estou sabendo fazer.

*Entrevista feita pela jornalista Núcia Ferreira

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