Caio Paduan define seu personagem em O Outro Lado do Paraíso: “Digno, educado e sensível”

Publicado em 24/10/2017

Após fazer sucesso como o vilão Alex na novela Rock Story, Caio Paduan está de volta em O Outro Lado do Paraíso, desta vez interpretando o mocinho Bruno. Na história, seu personagem irá se apaixonar por Raquel, vivida por Erika Januza, e esbarrará no preconceito racial por parte de sua família, que se coloca contra a relação do casal. O ator bateu um papo com o Observatório da Televisão e contou sobre seu processo de preparação, além de sua relação com outros atores.

Leia também: Clássico “Uni, Duni, Tê” ganha videoclipe inédito na novela Carinha de Anjo

Como é a relação do seu personagem com a mãe Nádia, vivida pela Eliane Giardini?

Uma das questões, minha e da Eliane, quando começamos a preparação era justamente essa. O Bruno é um cara muito educado e sensível, então ele não chega nunca a ofender os familiares, mas ele se coloca. Ele vai se colocar até em almoço familiar quando a mãe falar alguma coisa. Ele engole seco e com muita dor no coração, mas ele não deixa ela falar, e ficar por isso mesmo. Ele se posiciona. O Doutor Gustavo (Luís Mello), pai do Bruno tenta contemporizar. Estamos construindo uma família tradicional cuja mãe ama muito o filho mas tem valores deturpados. Ele vai fazer de tudo para mostrar que não concorda com seus pensamentos e atitudes.

Ele assume esse namoro com a Raquel logo de cara ou eles namoram escondido?

Namoram escondido porque não têm condição de assumir. Ele conhece a própria mãe, e a Raquel morre de medo de perder o emprego. Ela vem do quilombo e precisa conquistar espaço, não pode botar em risco os planos futuros dela, como estudar. Ele como muito apaixonado escolhe namorar escondido, porque ele quer ficar com ela de qualquer forma.

Ele é romântico?

Sim. E a Raquel o desconcerta. Ela é um tipo de mulher que ele desconhecia, porque não é o tipo de mulher que ele conviveu no colégio e na faculdade. Ela vem de um quilombo, tem uma pureza no olhar e no gesto. As cantadas fáceis não funcionam com ela, porque ela vem de outro lugar. É um embate cultural muito legal. A diferença de alguém criado numa capital, que anda de moto, faz faculdade, e  alguém criado num quilombo. O lugar de onde ela vem tem 300 anos de história, e eles vão se encantando principalmente pelas diferenças o que é o mais lindo de tudo.

E a Erika é muito bonita…

É impressionante. A Érika é linda.

Como está a relação de vocês no set?

Conversamos muito sobre isso no início e a gente se deu bem de cara. Ela tem uma alegria contagiante, e é muito dedicada. Me identifico com isso porque sou meio nerd assim no estudo e trabalho. Logo no começo acordamos que precisaríamos muita dedicação para que as pessoas comprassem o casal e entendessem os dilemas que ele vive,  e a importância que isso vai ter no Brasil atual. Então desde o começo fechamos parceria para fazer da melhor forma possível. Encontrar alguém que pensa da mesma forma que eu, e que viveu isso na pele, diferente de mim que vivenciei isso através de outras pessoas, é incrível. Eu falar do preconceito racial não é nem metade do que alguém que passou por isso falar. Tudo que vamos fazer no set, eu pergunto pra ela como colocar essa questão de forma digna e séria. É fácil trabalhar com alguém que é muito inteligente, comprometida, boa atriz e linda como a Erika.

Você está namorando não é? Quando vai se casar?

Todo mundo me pergunta isso. Estou trabalhando muito. Não tive um segundo de descanso depois de Rock Story, e a Julia (Konrad) também está rodando uma série na Fox. Namorar é muito gostoso. A gente é jovem ainda, e o importante é que a gente se ama e se respeita.

Em O Outro Lado do Paraíso, você vai voltar a fazer um mocinho. Como foi a repercussão do seu último personagem que era um vilão?

Vilões no Brasil fazem muito barulho não é? Ainda mais com aquela violência e agressividade que ele tinha, com um pouco de comédia por conta dos dois capangas. Eram pitadas muito atraentes para o público. O Alex tinha uma crueldade, que era nojento, asqueroso, e foi um sucesso. E credencio meu personagem de agora ao Alex, porque os diretores gostaram do que viram em Rock Story e me chamaram para fazer o Bruno, que é uma virada de chave. Um rapaz com muito caráter, muito digno, que estuda direito pela paixão às leis, muito educado, sensível. Como ator, nerd que sou, eu adoro mudar de personagem e para o personagem.

Você precisou emagrecer?

Eu emagreci 5 quilos. O Alex era mais forte. Comecei a emagrecer para este personagem em junho quando Rock Story acabou. Mudei um pouco minha alimentação e mudei meu treino. Passei a fazer muito mais aeróbicos e pegar menos peso porque aqui não preciso daquela coisa da força que o Alex exigia.

E qual você prefere?

Eu gosto do equilíbrio. Gosto de malhar um pouco. Não sou nenhum Mister Fitness (risos). Meus livros me consomem mais tempo que a academia, mas como gosto de mudar bastante, essa mudança vem do corporal que é o único instrumento que eu tenho.

Quais foram as dificuldades que você encontrou para formar o seu personagem?

Eu fui muito atrás dessa dignidade sem afrontar, do cara responsável e sério, sem bater de frente de forma violenta e mal-educada. Li livros de direito porque é o ambiente dele. Fui atrás dos clássicos como Romeu e Julieta, assisti Titanic para ver o Jack (Leonardo Di Caprio) que é um mocinho moderno como o Bruno, para encontrar esse lugar. E precisei também voltar para os 20 anos porque o personagem tem 20 anos, mas eu tenho 31. E dos 20 aos 30, a gente muda muito, eu mesmo sou outra pessoa. Tom de voz, eu subi um pouco para deixar ele mais inseguro quando estiver perto da Raquel, fiz coisas de ator maluco também. Busquei apoio de pé diferente do meu, porque alguém que cresceu em Palmas usa muito mais bota, diferente de alguém que cresceu no Rio de Janeiro, ele anda de moto, gosta de ficar sozinho. Colocamos um pouquinho daqui e dali. Ele é desprendido com muita coisa, mas é bem vestido. A mãe sempre o arrumou muito, e ele continuou sendo muito arrumadinho na vida adulta. Coisa que o irmão, personagem do Arthur Aguiar, não é. Tem coisas que a gente vai criando.

*Entrevista feita pela jornalista Núcia Ferreira.

© 2024 Observatório da TV | Powered by Grupo Observatório
Site parceiro UOL
Publicidade