“A hipocrisia gera comportamentos equivocados”, diz Eriberto Leão sobre seu personagem homofóbico em O Outro Lado do Paraíso

Publicado em 13/10/2017

Eriberto Leão estará na próxima novela das 21h, O Outro Lado do Paraíso. Seu personagem, Samuel, será um psiquiatra que esconde um segredo. O ator que recentemente fez sucesso no quadro Show dos Famosos, no Domingão do Faustão conversou com nossa reportagem, e contou detalhes sobre a composição de Samuel, e suas características.

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Como é o seu personagem, Samuel?

Ele carrega um segredo, que vai ser revelado em breve. Acho que muita gente carrega segredos, e quando não se vive a sua verdade, a pessoa passa a ficar vulnerável. A vulnerabilidade do meu personagem está justamente no fato dele esconder algo. Esconder quem ele realmente é. Esse é o ponto principal.

Pelas informações que temos, por ele esconder essa verdade, ele se torna homofóbico. O que você acha disso?

Acho que a hipocrisia gera comportamentos muito equivocados. A verdade nos liberta e a mentira nos aprisiona. Quando você está aprisionado, fica a mercê de sentimentos negativos, que são prejudiciais a terceiros e você vira preconceituoso. A palavra preconceito é justamente isso, um conceito pré-estabelecido antes de se entender sobre algo. E alguém que nega o que é, não se compreende.

Quais foram suas referências para fazer esse personagem?

Muitas, desde musicais, a cinematográficas. São tantas que não daria para apontar uma. Ele é um personagem que é muito mais do que essa informação apenas, e isso é muito singular. Peguei um pouquinho de cada referência que são várias e estou desenvolvendo ainda junto a equipe. Ele é um grande desafio mas estou fazendo com muito prazer, e poder revelar essa alma. Vivemos um momento que as coisas precisam vir a tona. Não dá mais para ficar se escondendo. As redes sociais foram muito responsáveis por isso em certa medida. É como se ele fosse uma bomba relógio que esconde muita coisa há muito tempo. É como fala mesmo a música do Renato Russo, que não sei se é o tema da novela, o Boomerang Blues. Tudo o que você faz um dia volta pra você. Não é uma lei do ser humano, é da natureza. Esse momento de revelações que chegamos em nossa sociedade é porque as leis da natureza estão sendo aplicadas nesse lugar para com a humanidade. Acho que é isso. O Grande problema é a mentira.

Você acha que por trás de um homofóbico existe um gay enrustido?

Não sei. Não posso falar de maneira mais ampla. Estou aprendendo sobre isso ainda, mas no caso do Samuel, meu personagem sim, este é o motivo.

É um drama vivido por muita gente…

A arte faz isso, a arte revela a alma humana, faz parte. Esse é o nosso papel. A novela inteira é assim, uma revelação de hipocrisias.

Você já guardou ou guarda segredos?

Eu busco ser livre, e a minha liberdade é encontrada na minha verdade. É assim na minha relação, é assim com meus amigos e a idade ajuda bastante. Estou com 45 anos e posso ser mais seguro por ser como realmente sou. Mas sempre fui assim, até mesmo por toda a liberdade que tive dentro da minha família. Primeiramente eu sou um ator, então não é a profissão mais desejada pelos pais. E meus pais, leitores de Joseph Campbell diziam “Você tem que encontrar sua lenda pessoal. A gente tem que trabalhar com o que a gente ama”, e aí está uma verdade: fazer o que ama.

Você disse que o Samuel é um personagem desafiador. Você acredita que ele seja o mais importante da sua carreira?

Eu acho que o personagem mais importante da minha carreira é aquele que estou fazendo no momento. Todos os personagens são desafiadores, mas este é extremamente desafiador. Talvez o maior desafio da minha vida.

Você já viu algum personagem com características semelhantes a ele em alguma outra novela?

Eu acho que vocês vão se surpreender acompanhando a trama. Ele tem características que só vejo nele.

*Entrevista feita pela jornalista Núcia Ferreira. 

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