“Achava que só entrava na Globo quem tinha contatos lá dentro”, diz Amanda de Godoi

Publicado em 08/09/2017

Depois do sucesso em Malhação, Amanda de Godoi está pronta para seu novo desafio na TV, interpretar uma personagem de época em Tempo de Amar, próxima novela das 18h, escrita por Alcides Nogueira, com direção de Jayme Monjardim. A atriz contou para nossa reportagem sobre Felícia, a jovem portuguesa que interpreta na trama:

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O que você pode adiantar sobre sua personagem?

A Felícia é uma jovem portuguesa de 18 anos, e as irmãs dela são a Natália (Giulia Gayoso) e a Helena (Jessika Alves). As três trabalham em condições escravas na estalagem de uma tia delas. Um dia passa uma madame e as convida para estudarem no Brasil, no instituto dela. Eu estudei toda a questão em torno do órfão. Quando nascemos e temos nosso cordão umbilical cortado, passamos a nossa vida inteira tentando nos religar à nossa mãe. Como a Felícia é órfã e não tem essa ligação com a mãe, isso faz com que ela se jogue no mundo. Ela vive em condições escravas, então ela pensa que qualquer situação é melhor que aquela.

O que exatamente elas fazem?

Elas fazem de tudo na estalagem, como por exemplo lavar os lençóis na mão, todas as roupas, limpeza. A tia as trata mal, e acredita que está protegendo-as por elas não estarem na rua. Então elas pensam que já que não têm nada, não têm nada a perder. A Felícia é uma menina na iminência de se tornar uma mulher, mas já com experiências avassaladoras. Quando ela vier para o Brasil, nem tudo serão flores.

Ela é uma idealizadora?

Sonhadora, e ela vai atrás de ser feliz. A minha antiga personagem perdia o namorado e ficava chorosa. A Felícia tem esse trauma muito grande, então ela não gosta de sofrer. Ela encara o desafio e vai sem medo.

E como ela vai para o Brasil?

A Madame Lucerne (Regina Duarte) passa na estalagem e fala “por que vocês não vêm estudar no meu instituto, ter aulas de etiqueta, trabalhar em cafeterias de luxo?”, mas será que é um instituto mesmo?

Amanda de Godói
Felícia Amanda de Godói em Tempo de Amar Divulgação TV Globo

Você imaginava nesse pouco tempo a carreira se consolidando?

Foi muito bom. Tenho um grande orgulho de ter feito parte de Malhação e de ter dado vida à Nanda. Sou muito grata ao Emanuel Jacobina por me dar a oportunidade de fazer comédia e drama, o que na Malhação não é comum. A gente trabalha alguns temas rasos e tive oportunidade de trabalhar um tema profundo, me descobri enquanto atriz e guardo uma saudade muito boa da Nanda, e claro tenho vontade de fazer outras coisas.

Você parece ser bem grata à Malhação. Ainda tem quem desmereça o programa…

Imagina, gente. Eu saí de Belo Horizonte sem nenhum contato. Eu achava que só entrava na Globo quem tinha algum contato lá dentro, e quando cheguei percebi que não. Eu me formei em Belo Horizonte na PUC-Minas, aqui eu fiz Laura Alvim, PUC-Rio, então acho que quando você faz algo com estudo e com amor, não tem como dar errado. Primeiro sou grata a Deus, depois à Nossa Senhora da Medalha Milagrosa, de quem sou devota, e creio que tudo acontece por um motivo, e se Deus colocou no meu caminho a oportunidade de realizar meu sonho, só tenho que ser grata.

Ainda tem gente que vai dizer que você chegou longe por sorte…

Eu não acredito em sorte, eu acho que é Deus, de verdade. Eu penso muito nisso, tenho dois anos de TV Globo, e isso ainda é louco para mim. Eu fiz a série que era Malhação, agora estou fazendo novela que é tudo diferente, é um ambiente novo.

Como é o sotaque da personagem?

Não temos sotaque. Vamos usar um sotaque neutro. Eu sou mineira, eu falo tudo aberto assim, então aqui no Rio eu aprendi a fechar a boca, porque se eu falasse tudo aberto assim, eu sempre ia ser a mineira. Adoraria fazer mineira também, mas não quero ser só isso. O convívio com as minhas amigas aqui no Rio já me faz entender a prosódia do carioca, e isso me dá uma facilidade de entender como o pessoal fala.  Eu adoro brincar com sotaques.

Como fazer para não se deslumbrar fazendo sucesso tão rápido?

Acho que é minha família. Acho que a gente entende muito das pessoas quando vamos procurar os pais dela. Se você quer entender uma pessoa, entenda a criação dela. Na minha família a gente faz teatro, todo mundo muito brincalhão, mas ninguém imaginou levar isso a sério como profissão, então ainda estou nessa descoberta latente dessa mídia que surge e quer saber da sua vida, e meus pais estão ali me apoiando, mas na mineirice de ter o pé atrás com tudo. Eles me fazem ter o pé no chão. Se não fosse eles eu seria a louca (risos). Brincadeira.

Você é bem religiosa, não é?

Eu sou católica, mas sou curiosa. Acredito muito no sincretismo religioso. Estou conhecendo um pouco do budismo agora, adoro a umbanda, e qualquer fé é bem-vinda. Se parar para pensar todas as religiões falam da fé e do amor pelo outro, então todas querem passar a mesma mensagem. A medalha milagrosa é minha vida, pena que não vim com ela hoje.

*Entrevista realizada pela jornalista Núcia Ferreira

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