“Vou experimentar outro tipo de humanidade”, diz Andreia Horta sobre sua vilã em Tempo de Amar

Publicado em 30/08/2017

Andreia Horta será a grande vilã na próxima novela das 18h, Tempo de Amar. Como Lucinda, uma moça que sofreu um grande trauma no passado, ela irá infernizar a vida do protagonista da trama, Inácio, vivido por Bruno Cabrerizo. Em entrevista durante a festa de lançamento da trama, a atriz contou detalhes sobre o novo desafio:

Leia também: Carol Duarte, a Ivana de A Força do Querer, é a grande revelação do ano

Sua personagem é vilã da história. O que pode adiantar sobre ela?

O nome dela é Lucinda, e ela é a antagonista. Sofreu um acidente, passou por um incêndio e parte do seu rosto se queimou. O que faz com que ela tenha muita vergonha disso, por isso está sempre coberta. Sua cara pegar fogo já é uma coisa que já te traumatiza, além disso, a mãe dela morreu nesse mesmo incêndio.

É a sua primeira vilã?

Sim, minha primeira vilã. É demais, estou adorando. É legal para poder pesquisar, e viver um outro lado que não tem a ver comigo que é fazer a maldade. Vou experimentar outro tipo de humanidade.

Ela é uma mulher forte?

Certamente.

Você costuma apoiar a luta pela igualdade das mulheres. Como você enxerga o feminismo na época em que se passa a novela?

Eu acho que na década de 20 nós temos Pagu, temos Tarsila, temos mulheres incríveis de vanguarda não só de pensamento como de comportamento também. Acho que a década de 20 está na vanguarda de muita coisa como moda e literatura, as mulheres já estavam chegando com tudo. Acho que encaretou depois, porque em 1920 estava muito bem.

Você está querendo ser odiada?

O bom é isso. Tomara.

Sua personagem vai começar a se fazer de vítima para poder segurar o Inácio. Não é legal o cara estar com ela por piedade não é?

Eu não sei se ele vai ficar com pena ou cair no jogo dela. Ainda não temos esses capítulos, mas estou disposta ao que vier.

Você já viveu um amor assim?

Não. Odeio disputa, Deus me livre, tenho pavor. Eu sei a hora de tirar meu time de campo. Quando começa a disputa eu vou embora imediatamente, odeio. Se o cara me quiser OK, se não, tchau pra ele.

Você é uma atriz que se posiciona. Como você acha que as mulheres podem contribuir na luta pela igualdade?

Eu acho que temos que ficar bem ligadas no que é desigual para lançar luz sobre isso, e falar mesmo sobre o que é o machismo e seus desdobramentos. Uma ação machista não é só um cara bater, ou estuprar uma mulher. Há uma série de violências, por exemplo, um homem que não aceita quando uma mulher não quer mais ficar com ele, e faz uma violência moral, é de um machismo inacreditável e infelizmente é muito comum. Acho um horror, decaído até a última gota. Quando falamos de empoderamento, não é nada que não deva ser igual, sobretudo em relação à liberdade.

Você acha que os artistas devem se posicionar?

Um artista antes de mais nada é um cidadão, então se ele quiser se posicionar perante qualquer coisa publicamente será uma escolha, e não uma obrigação.

O que te fez aceitar este papel?

Ela tem muitos complexos, ela tem vergonha do rosto queimado, se acha sempre preterida, vive encastelada em casa desde o acidente, e ela coloca as luzes e esperança dela nesse homem. Tem muita coisa legal. Acho que a novela é Tempo de Amar, e a antagonista sobra no final.

Como você lida com a própria beleza?

Não sei responder isso. Acho que uma coisa que me tranquiliza é que não estou interessada num padrão de beleza que ficou estipulado durante muito tempo que é ser magra, malhada, loira, com músculos… Eu me libertei desse não desejo, e isso deixa minha vida mais fácil. A beleza existe na verdade. Quando vejo uma pessoa bela tentando ser o que não é, ela se enfeia imediatamente para mim.

Essa cicatriz da personagem demora muito tempo para ficar pronta?

Não, demora mais para tirar do que para colocar.

*Entrevista realizada pela jornalista Núcia Ferreira

© 2024 Observatório da TV | Powered by Grupo Observatório
Site parceiro UOL
Publicidade