Gabriel Leone revela se viveria um amor proibido como o de Gustavo e Rimena em Os Dias Eram Assim

Publicado em 21/08/2017

Em Os Dias Eram Assim, Gabriel Leone está interpretando o jovem Gustavo, que se apaixona pela cunhada. O ator que está emendando trabalhos na TV, conversou com o Observatório da Televisão e contou sobre a nova fase do personagem:

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Em Os Dias Eram Assim, o Gustavo, seu personagem, está tendo um affair com a Rimena, que é a cunhada dele. A que você atribui isso?

Ao destino. Na verdade, era para ele ter ido para o Chile, e acabou que o irmão foi no lugar dele. Inclusive irá ao ar esses dias uma cena em que o Gustavo diz exatamente isso para o Renato.  Quando o Renato (Renato Góes) foi para o Chile, ele foi planejando ir com a Alice (Sophie Charlotte), então não era pra ter Rimena (Maria Casadevall) para ele. Foi uma junção de fatores que fez com que chegasse neste ponto. A relação entre Rimena e Gustavo foi construída, ela foi quem mais o incentivou a voltar para a música, quando ele ainda estava com sequelas da tortura. Eles se conectaram de forma inocente quando ele tentou ajuda-la em relação ao irmão porque desejava a felicidade dos dois.

Você já se colocou no lugar do Gustavo? Como seria se você se apaixonasse por uma cunhada?

Eu me coloco no lugar dele, e a sensação que tenho é um pouco de culpa, e ao mesmo tempo de impotência, porque tem a questão moral que é: não posso fazer isso, mas ao mesmo tempo tem um sentimento muito forte que nasceu.

Sua carreira está em ascensão. Como você recebe isso?

Eu continuo sendo o Gabriel Leone de sempre, filho dos meus pais (risos). Essa mudança para mim não aconteceu. Aconteceu apenas no sentido de estar trabalhando mais e fazendo trabalhos bacanas. Sempre costumo falar que além de ser muito grato a todas as oportunidades que tive na televisão, e no teatro – porque fiz muito teatro – as coisas não caem do céu e graças a Deus venho conseguindo emendar trabalhos, mas são dez anos ralando. As pessoas ainda têm essa sensação de que o ator só é ator de televisão, o que é absolutamente errado.

Você tem feito personagens densos. Você tem desejo de fazer algo mais leve?

Sempre tive uma pegada mais para o drama, inclusive no teatro era o gênero que eu mais fazia, embora já tenha feito muita comédia, mas vai vir aí o filme do Erasmo, em que interpreto o Roberto Carlos, que é um personagem um pouco mais leve.

Você é dramático?

Eu sou canceriano, sou meio dramático sim.

Gabriel Leone
Gabriel Leone como Gustavo em Os Dias Eram Assim Divulgação TV Globo

Como você consegue lidar com a fama?

Minha família me ajuda. Parece clichê o que vou dizer, mas entrei na TV muito novo, e tudo o que gira em torno de se transformar numa pessoa pública pode subir a cabeça se você não tiver uma base, e eu tenho isso nos meus pais, que sempre me lembraram das minhas raízes, e sempre me apoiaram na carreira.

Nas cenas muito dramáticas, você consegue se libertar do personagem ao sair da gravação?

Eu gosto de embarcar muito nos personagens, nas relações deles, na família que temos aqui, e por isso temos a preparação para criar esses vínculos. Gosto de me entregar ao máximo, porque a gente se abre, se utiliza dos nossos sentimentos, corpo e coração. Tento ao máximo me blindar no sentido de não levar o personagem para a casa. É um trabalho psicológico, comigo mesmo, de deixar claro que o trabalho tem que ficar no trabalho. Na época de Velho Chico era muito engraçado porque às vezes eu ia responder a alguma mensagem, mandar um áudio e as pessoas me respondiam rindo porque sempre estava com um pouquinho de sotaque.

Na supersérie você vai cantar. Na vida real você canta e toca também. Como é esse seu lado músico?

Eu estudei canto durante muito tempo, e já fiz musicais. Toquei durante alguns anos numa banda de rock, e hoje em dia tenho a música somente a serviço do que algum personagem possa pedir. Quando fui convidado para este personagem me falaram que ele seria um músico, e participaria de um festival. E agora chegando neste momento, conseguimos achar espaço para duas músicas inéditas, uma fui eu que compus chamada Una Vez Más, que foi a música que a Rimena levou para o Chile num cassete, e esta que o Gustavo irá cantar no festival foi composta pelo Cláudio Lins.

Quais instrumentos você toca?

Guitarra e violão.

Você pretende ir para esse lado da música ou a música é um hobby na sua vida?

Fui a fundo na música e comecei a usar na minha profissão. Na época da banda eu compunha bastante mas é uma questão de prática, e como a carreira de ator começou a andar bem, fiquei 100% focado nisso. Sempre que tenho algumas brechas tento compor algo.

A história de Os Dias Eram Assim narra uma época em que o sexo e as drogas eram mais livres…

Cara, na época existia muito isso como uma forma de resposta, o próprio movimento hippie de não cortar o cabelo era uma resposta ao exército que obrigava as pessoas a cortarem o cabelo. Essa “liberdade” veio justamente da falta de liberdade que se tinha de não poder se expressar e viver.

Você conseguiria viver um relacionamento aberto?

Não. Não tenho evolução para isso. Hoje em dia a gente tem a questão do poliamor, fui assistir a um espetáculo chamado Rio Diversidade, no Teatro Ipanema, mas o mais interessante é que um dos atores estava me explicando as nomenclaturas, e estamos chegando num caminho de liberdade que cada um faz o que está a fim e o que considera o melhor para si.

Acha que a gente deu uma encaretada?

Acho que o politicamente correto vem como resposta e resistência a certos pontos da sociedade que precisam ser mudados. Ele é fundamental como combate a coisas ruins que ainda existem em nossa sociedade, mas não sou a favor de nada radical.

O que você pensa sobre a legalização das drogas?

Eu acho que é um assunto delicado. Se fosse simples já se teria tomado uma atitude. Outros países já fizeram a experiência e deu certo na prática. A coisa teria que ser feita com organização e teria mais prós do que contras, se levarmos em conta outros países, mas na nossa sociedade atual, acho que isso não é interessante para quem governa.

Qual o paralelo que você faz da época da novela com a sociedade atual?

O ponto principal da nossa novela é entender que são os anos 70, 80 mas não é tão longe no tempo. Se você for ver, as pessoas que viveram na ditadura estão vivas ainda, e aquilo lá não é tão distante, nossa sociedade não mudou tanto assim. Os protestos continuam os mesmos, a corrupção continua a mesma.

Você acha que se vivesse naquela época seria como o Gustavo?

Existia naquela época um protesto que unia o Brasil a favor da liberdade, que é essencial e inviolável a qualquer ser humano. Aquelas mobilizações populares existiam devido a uma luta comum. Independente de posições, a população queria votar e ter sua liberdade, então sem a menor dúvida, se eu vivesse naquela época, eu iria para as ruas assim como o Gustavo.

Você vai emendar trabalhos?

Vou sim. Vou fazer a série do José Luiz Villamarim, e não tenho nenhum detalhe sobre o personagem ainda, mas acho que vai ser drama de novo (risos). Venho aproveitando essas oportunidades em sequência, até porque tenho disposição para isso, por mais que às vezes o corpo dê uma apitada. Tento me cuidar para dar conta. Em breve vou dar uma sossegada, não para descansar a imagem, mas pela saúde, ter meu momento de compor, meu ócio criativo, e fazer teatro, que amo e não tenho conseguido fazer.

Sobre o seu visual, cabelo, bigode. Já tinha usado desse jeito antes?

Nunca tinha usado. Eu adoro me caracterizar, e mudar de visual para os personagens. Velho Chico era bem específico, Verdades Secretas também, em Malhação tinha aquele rabinho samurai, que até então ninguém usava.

Como é viver o Roberto Carlos no cinema?

Foi a segunda vez que interpretei o Roberto, a primeira tinha sido no musical do Chacrinha, e não tivemos nenhum contato. Sei que ele assistiu ao filme e gostou, e das duas vezes tive a aprovação dele. Sou fã dele, e minha família adora o Roberto. No teatro era mais caricaturado, já no filme tive uma preparação maior para chegar próximo da voz e do corpo. Inclusive cantamos algumas músicas.

*Entrevista realizada pela jornalista Núcia Ferreira

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