Sucesso em Os Dias Eram Assim, Susana Vieira afirma: “Se o papel não for maravilhoso, faço ele se tornar”

Publicado em 06/07/2017

No ar como Cora em Os Dias Eram Assim, Susana Vieira conversou com nossa reportagem e comemorou estar no ar na televisão com outras duas importantes personagens de sua trajetória, Branca, vilã de Por Amor e Maria do Carmo, em Senhora do Destino. Confira nosso bate-papo com a veterana:

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A novela Por Amor está no ar novamente no Canal Viva. Você gosta de assistir?

Eu estou revendo Branca de Por Amor, mas vai ser bom assim lá longe o Sr. Manoel Carlos. Não posso deixar de dizer que por sorte estou em 3 trabalhos na televisão ao mesmo tempo, isso me deixa muito vaidosa, mas não é mérito meu e sim da empresa. Isso não cresce meu salário, mas são 3 personagens tão variadas que eu me espanto. Eu não me lembro como eu fazia tão bem aquilo, dava olhares de raiva e cinismo. De todas as novelas que fiz a Branca é a minha personagem que as pessoas mais lembram minhas falas. A última cena que ela é abandonada pela família, e a piscina fica imunda me lembro como se fosse ontem dela falando com a empregada “Querida senta na beirada, porque na beirada é coisa de gente rica, chique”. Era um texto surreal e ela não perdeu a pose. Eu não entendo como tem tanta gente que lembra das falas da Branca. Os memes dela são gloriosos, uma coisa impressionante.

Você enxerga alguma semelhança entre a Branca de Por Amor e a Cora de Os Dias Eram Assim?

A Branca não tem a ver com a Cora, porque acho que era outro nível social, e a moda também não me impressiona porque eu passei por esses anos todos, e continuo parada no tempo, porque eu mudei muito pouco. Hoje estávamos discutindo os cabelos da década de 70, e dei o exemplo da Mila Moreira, que desde 1960 usa aquele cabelo reto na chapinha e franjinha. Os Dias Eram Assim não me dá sensação de época, mas acho que faço uma pessoa diferente porque não sorrio, e não existe aqui a leveza que tinha na Branca. Trabalho com atores que fazem tudo soar meio soturno, o Daniel de Oliveira, com quem tive um entrosamento enorme.

Como foi a preparação para a personagem?

Quando falaram que eu teria um coach, eu disse “Não quero, não preciso, estou aqui há 50 anos sem coach”, mas daí percebi o tipo que é feito, e foi de grande preciosidade. Foram exercícios que nunca tivemos na preparação. Acho que eu seria uma atriz muito melhor se tivesse feito isso desde sempre. Acho que todo mundo deveria passar por um coach, ele mexe com nossa sensibilidade. Hoje eu digo que o primeiro coach a gente nunca esquece. Não quero fazer mais nenhum trabalho sem.

Teve alguma dificuldade nessa personagem?

Se o papel não for maravilhoso eu faço ele se tornar. Eu tive dificuldade quando li a sinopse sobre essa mulher, que é uma jogadora. Tive muitas experiências nessa supersérie que foram diferentes. A linguagem é uma linguagem de cinema, uma luz escura, as câmeras, o diretor e todo mundo falando baixo. Achei que eu estivesse fora do contexto. Nunca pensei que fosse encontrar algo novo dentro da televisão a essa altura da vida, porque já fiz de tudo.

Você vende muito em banca não é?

Eu sei amor, os jornaleiros todos me agradecem. Os jornais expressos, meus caseiros trazem e me mostram que apareci, e eu já disse que meu sonho é sair como A gata da Hora. Eu quero aquilo (risos).

E o que você sente quando se vê em cena como Cora?

Quando percebi que a novela estava muito em cima da política, eu pensei que minha personagem não iria aparecer muito, pensei “então vou para a passeata para aparecer lá” (risos). Eu tenho sentido mais agora que a novela já engrenou, que a minha personagem entrou na novela, mesmo que antes ela estivesse pontualmente. Nem sempre eu acerto o horário então se eu ligo a TV, e não me vejo, eu já mudo de canal. Eu quero me ver, eu tenho talento, minha vida é isso, e eu quero ver o meu trabalho.

Ainda te dá certa insegurança?

Quando fui fazer monólogo fiquei insegura. Eu pensava “E se eu não encher esse teatro”? “E se só tiverem 10 pessoas”? Todo mundo acha que eu sou arrogante, mas eu não tenho medo de não fazer sucesso, e sim de não fazer algo bem. E a peça foi um sucesso.

Você citou que tudo na supersérie é diferente de uma novela. 

Isso aqui é cinema novo. Até o estúdio é diferente, colocaram um teto, quando eu perguntava “a câmera tá onde”? O diretor dizia “Não se preocupe com a câmera”, e eu dizia “Quero saber se estou em close”, e o diretor respondia “Não interessa se você está em close”, e isso foi me revigorando. É um trabalho com mais qualidade, que enriquece a gente. Precisei mudar até meu tom de voz, porque minha voz é muito forte, e muito poderosa.

Qual é a reação do público diante de suas personagens?

As pessoas sempre dizem como estou trabalhando bem, e isso é a recompensa de ter 50 anos na televisão. Não é para todo mundo que as pessoas falam isso. Às vezes as pessoas elogiam a beleza, o carisma ou tentam agradar de outra forma. Quando o público de qualquer nível diz que você está trabalhando bem, isso sim é incrível.

Durante o Carnaval, quando grande parte da plateia te ovacionou quando passou na avenida, percebemos o quanto você é querida na Sapucaí…

150 mil pessoas e eles querendo só me ver gritando “Susana, cadê você? Eu vim aqui só pra te ver”. Fico muito emocionada com esse carinho. As pessoas mais simples sempre chegam para mim e dizem “Nunca pensei que você fosse tão simples”, como se ser simples não fosse uma obrigação de um ser humano com o outro. Eu puxo conversa com todo mundo. Teve uma moça que me falou uma vez: “Todo mundo dizia que você era a mais insuportável da TV Globo”, esse todo mundo não sei quem é, mas eu engoli essa.

O prefeito do Rio de Janeiro tirou verba das escolas de samba para a educação. Sendo uma figura do carnaval, o que você pensa sobre isso?

Sendo bem sincera, eu acho que tudo o que for pra saúde e educação, e segurança vem em primeiro lugar. O que sobrar vai pro teatro e pro carnaval.

Voltando à sua personagem, dizem que ela foi responsável pela morte do Arnaldo, personagem do Antônio Calloni. Você gostaria?

Não acho e não gostaria, porque é um carma pesado mesmo que seja na ficção.

Como foi gravar a cena em que o Charles, personagem do Eduardo Parlagreco faz strip-tease para a Cora?

O garoto se saiu maravilhosamente bem, não tirou cueca. Acabei de conhecer ele ali, ele veio de São Paulo e quando eu vi que ele fez a cena sem ninguém ensaiar, sem ninguém marcar, pensei “Esse cara merece uma chance aqui dentro”, é bonito, e bom ator. Acabou a cena, o agradeci, e nunca mais o vi. Foi muito rápido… Infelizmente (risos).

*Entrevista realizada pelo jornalista André Romano.

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