Françoise Forton comemora seis trabalhos na TV, dois inéditos e quatro reprises: “É uma sorte mesmo”

Publicado em 01/07/2017

Filha de um francês, Françoise Forton estreou na TV em 1969, fez dezenas de novelas, entre elas, Estúpido Cupido, Bebê a Bordo, Perigosas Peruas, Sonho Meu, Quatro Por Quatro, trabalhou na Globo, Record, Band, SBT e Fox.

Logo a veterana poderá ser vista em seis trabalhos na telinha. Só no Viva são três reprises, Por Amor, Tieta e, em breve, Explode Coração, na Record TV, Ribeirão do Tempo, além dos inéditos Prata da Casa, em exibição pela Fox, e Tempo de Amar, próxima novela das 18h da Globo.

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Em entrevista exclusiva ao Observatório da Televisão, Forton relembra momentos importantes da carreira, fala das dificuldades que um artista enfrenta para produzir um espetáculo, a atriz está há cinco anos em cartaz com Nós Teremos Sempre Paris, das parcerias com a autora de A Força do Querer, Gloria Perez, e dos novos trabalhos na TV.

Confira:

Você está no ar com as reprises de Ribeirão do Tempo, Por Amor, Tieta e em breve Explode Coração. Um marco, né? Você é saudosista?

Com certeza. Rever colegas, relembra situações… É uma sorte mesmo está com tantos produtos. Saudades de amigos queridos que não estão mais… A Globo fazendo o Viva é uma forma de manter a memória do artista, da TV. É muito bacana.

Do que mais se recorda de cada uma? 

Tieta eu me lembro que um ano depois a gente [elenco] marcou só pra se ver. Um trabalho muito gostoso de se fazer. Por Amor foi de uma felicidade enorme. A cachorrinha morou comigo. Meg era uma emergente, estudava música clássica, era uma mãe zelosa, firme com a filha. Explode Coração tinha as campanhas sociais com crianças desaparecidas. Fora que a personagem era maravilhosa. O Manoel Carlos, Paulo Ubiratan… Em Explode Coração estreamos o Projac, né? Na trama da Gloria eu era uma vilã.

Com a Gloria você fez Explode Coração e O Clone…

Eu que acabei fazendo a clonagem…

Sim, verdade.  A secretária do Dr. Albieri, Simone. 

Hoje temos o Tinder e em Explode Coração os protagonistas se conheceram em uma sala de bate-papo pela internet…

A Gloria é uma mulher visionária. O personagem do Celullari tinha uma paixão que começa pela internet com alguém do outro lado do mundo. Hoje é a coisa mais normal do mundo.

Eu vejo que em alguns casos, a Gloria apresenta suas tramas, algumas pessoas criticam e meses depois, ou ainda durante a novela, tudo o que ela mostrou acontece: Imigração clandestina, América, tráfico humano, Salve Jorge, pessoas que simulam a própria morte e dão golpes, Caminho das Índias, e agora tem a Bibi de A Força do Querer. Já entrevistei a Gloria e ela disse que suas novelas misturam a realidade com a ficção.  

E ela escreve sozinha. Eu sou fã da Gloria. Pode ter certeza de que todos os assuntos dela são bem pesquisados. Ela visita os lugares…Eu gosto muito das novelas da Gloria. Ela pega temas que só vem à tona depois de algum tempo, como em Explode Coração: Como você vai falar com uma pessoa através do computador?

Em tem as questões culturais também. Em Explode Coração com a cultura cigana…

Os ciganos que nunca eram vistos com respeito. A sua história e seus costumes porque eles não têm muitos registros, são apenas histórias de famílias para famílias. É maravilhosa [Gloria].

Com quatro reprises no ar, mas logo você vem com uma trabalho inédito na Globo, certo?

Agora eu venho na nova trama das 18h, Tempo de Amar, do Alcydes Nogueira com direção do Jayme Monjardim. É uma novela tão bonita, Leandro. Tão bonita. Anos 30. A novela é linda, linda. Com um elenco enorme…Tony Ramos, Regina Duarte, Andreia Horta, Tabu Gabus, Cassio Gabus Mendes, Marisa Orth.

Você fez O Clone com o Jayme. E ele tem características marcantes como lindas paisagens e a trilha sonora, em O Clone foi assim.

Essa novela vai ser muito bonita, pelo que a gente está lendo e vendo pelos workshops…

Outro trabalho inédito, mas na TV por assinatura, é Prata da Casa, da Fox. A série conta a história de um jovem que por conta da crise financeira retorna pra casa dos pais.  A história é bem atual levando em conta o cenário econômico do pais. Consegue contextualizar a produção com os dilemas que os brasileiros vêm enfrentando?

Prata da Casa está indo muito bem. Eu não vejo nenhum problema nisso [os filhos voltarem pra casa]. A vida é tão curta, então, vamos buscar alguma forma de ser feliz. Eu acho que isso está acontecendo muito no país. O mundo está em crise, violento…O nosso país. A cada dia uma grande surpresa, um fato em que a gente fica perplexo. Se acontece alguma coisa e você tem uma família com quem pode contar e voltar é primoroso. Hoje as relações são muito na base das redes sociais, as pessoas estão trabalhando muito para tentarem sobreviver, se veem pouco. Olhar no olho…tudo é atrelado à internet.

Aquilo que o Manoel Carlos tanto mostra nas suas tramas, o café da manhã, os almoços, os jantares em família…

Exatamente. Isso está se perdendo.

Qual é o ponto alto de Prata da Casa?

É uma comédia rasgada. A série tem um tipo de humor diferente. É um outro caminho de humor mesmo. Prata da Casa fala de um filho que volta a morar com os pais, uma mãe que quer ter status, um casal que está separado mas que ainda moram na mesma casa, que cada um tem um amante, e os filhos não sabem da separação. O humor tem o poder de unir tudo. O argumento, história e a direção é do Andre Telles. É um grande maestro, tá indo muito bem na Fox.

Na montagem Nós Teremos Sempre Paris, quais lembranças você carrega ou resgatou por conta da peça? 

Meu pai era francês, eu não conheci meu pai, mas minha mãe falava francês comigo, ouvia muita música francesa. Fazer essa peça me fez ir lá atrás…A peça fala do encontro e do desencontro de um casal – Fraçoise faz par com o ator Maurício Baduh – com o texto do Arthur Xexéo, direção da Jaqueline Lourance, no elenco ainda temos mais três músicos. A produção e a idealização foi do Eduardo Barata. É uma caixinha de surpresa. Tem casais que se casaram por conta da peça, que reataram por conta da peça. Estamos há cinco anos em cartaz.

Durante uma entrevista com o Marcelo Médici, perguntei a ele sobre as dificuldades que a classe artística enfrenta por conta da crise, da falta de acesso à cultura e educação por conta da população. Ele me disse que ser ator no Brasil é um grande desespero. E você o que acha?

Numa crise a primeira coisa a ser cortada é a cultura. Num momento de instabilidade como estamos vivendo, levantar produção, manter um espetáculo, se manter como artista é muito difícil e sobreviver…É uma grande batalha. É uma batalha enorme. Nem sempre você faz as cenas que você quer…A gente não ganha pra parar, respirar e pensar num outro projeto.

Hoje muita gente quer ser artista. Nada contra as celebridades. A nossa profissão é o retrato de um país. É a memória de um país. Nossa função hoje é resistir e resistir. Porque parar jamais. Ser artista hoje no Brasil é um ato de coração e de muita persistência. E sorte.

Numa peça que conta com canções e costumes franceses, acredito que a atriz Isabelle Huppert é uma referência pra você, não? 

Ela é maravilhosa. Elle é um filme maravilhoso. Fiz direção de cinema, e Elle é um filme que quero ter pra mim. Ela tem a audácia da atriz que é maravilhoso.

Serviço:
Nós Teremos Sempre Paris – Mostra Petrobras Premmia de Teatro
Sábado, 01/07, às 21h, com audiodescrição
Domingo, 02/07, às 19h, com com interpretação na Língua Brasileira de Sinais (Libras)
Duração: 60 minutos. Classificação: 10 anos. Ingressos: R$20 e 10
Auditório Ibirapuera – Oscar Niemeyer (806 lugares)
Av. Pedro Alvares Cabral, s/n – Portão 2 do Parque do Ibirapuera
Informações: (11) 3629.1075

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