Ingrid Guimarães fala sobre o sucesso de Elvira de Novo Mundo: “Até memes criaram”

Publicado em 20/06/2017

No ar como a vilã Elvira de Novo Mundo, Ingrid Guimarães conversou com o Observatório da Televisão sobre o sucesso da personagem com o público, os bastidores da trama e quais serão os próximos projetos após o fim das gravações.

Foi uma comoção nas redes sociais quando o público soube que a Elvira iria morrer. Você já sabia que isso ia acontecer?

Eu já sabia. Quando me chamaram, foi dito que eu ia ficar até o capítulo 80. Eu entrei programando umas férias pra julho, mas aí o personagem começou a ficar muito querido. Aqui mesmo [Estúdios Globo] começou uma comoção, me perguntavam se ia morrer mesmo. Mas eu sabia pela sinopse que era muito importante a morte dela para a história, que aí o Quinzinho (Théo Lopes) ia ficar sozinho e o Joaquim (Chay Suede) ia assumir o filho. Mas eu achei genial a ideia dos autores (Thereza Falcão e Alessandro Marson), eles deram a virada da virada nas histórias. Quando começou a sair na imprensa que ela ia morrer, só dava esse assunto nas minhas redes sociais, até memes criaram. Depois que iniciou esse movimento todo, me falaram que ela não ia mais morrer. O Alessandro disse que estava sendo ameaçado e eu disse que eu também. Teve uma hora que eu postei que quem mandava na minha vida era o Alê, aí depois ele me respondeu: ‘Obrigada, Ingrid, já estão querendo me matar’ [risos]. Nas redes só se falava disso, a maquiadora me mostrava que a mãe mandou que se a mulher do Joaquim morresse, ela parava de ver a novela. Também me falaram isso nas ruas. Eu também não queria morrer, personagem tão maravilhoso e eu estava tão apegada.

Você esperava toda essa projeção da personagem?

Não imaginava porque é uma vilã e quando você faz uma vilã, você espera ser odiada. Eu já sabia que o casal principal [Joaquim e Ana, vividos respectivamente por Chay e Isabelle Drummond] tinha torcida de duas novelas atrás [A Lei do Amor]. Não imaginei que ela fosse ser tão querida pelo público, e essa torcida pra ela não morrer. Apesar que Elvira é uma personagem muito carismática. Ela é vilã, mas o povo gosta porque ela faz por amor.

Tem gente torcendo pra ela terminar com o Joaquim.

Direto me mandam: ‘Eu sei que é uma ilusão, mas tem alguma chance?’. O Chay também recebe. Eu falo: ‘Gente, o mundo não tá tão moderno assim’. Essa possibilidade não rola, até porque eu acho que o amor mesmo é dos dois [Joaquim e Ana], ele nunca amou ela. Mas eu e o Chay sempre comentamos que a gente aguarda que os autores deem um final que eles acabem pelo menos amigos. O que é bonito dos dois é que eles têm uma grande amizade. A gente foi construindo de uma maneira que no final ele tem um carinho por ela, ele não trata ela mal, ele só ama outra. Ama ela de outra maneira. Mas eu fiquei superfeliz de ver que as pessoas estavam gostando tanto da personagem. E achei genial a ideia de eu morrer e não morrer.

Ingrid Guimarães surpreende em Novo Mundo

Como foi perceber que o público estava torcendo por você tendo no páreo a Isabelle Drummond?

Amor, eu não acreditei. É outra geração. Beijinho no ombro [risos]. Mas eu acho legal isso, prova que essa coisa da idade, beleza, que é uma coisa que as revistas convencem que as mulheres até uma certa idade perdem a data de validade, que se elas não forem lindas e perfeitas não servem mais. Tem uma coisa muito brasileira nisso, diferente da Europa, nos Estados Unidos também, que é o culto da juventude e da beleza. Então quando acontece uma coisa dessa, uma mulher sujismunda, com muito mais idade que a outra, Isabelle tem 23 anos e além de ser uma excelente atriz, é carismática, um casal que já funcionava, quando você vê muita gente torcendo por outro casal, você vê que não é isso que importa, que a competição está em outros lugares. Tem na química, no humor, carisma. Então eu acho que essa história das pessoas também torcerem por nós, é uma ótima representação das mulheres da minha idade. De que nem tudo na vida são os casais jovens. E acho bom pra mim, pra Isabelle e pro Chay, porque movimenta os dois casais. Eu acho que ele tem que acabar com a Ana mesmo, é o grande amor implantado no início da novela, mas acho que eles não podem se separar. Eu e o Chay pensamos que seria legal acabar numa grande festa, a Elvira amiga da Ana.

Chay Suede e Ingrid Guimarães em Novo Mundo (2017)
Chay Suede e Ingrid Guimarães em Novo Mundo (2017) (Divulgação/TV Globo)

A personagem tem uma grande autoestima. Você acha que isso ajudou na cena?

Autoestima às vezes não tem a ver com o de fora. A estima é de dentro. Conheço mulheres lindas que têm estima baixíssima. E o fato dessa mulher achar que ela é a melhor diverte muito. É uma maluca que a gente gosta. São pessoas que você se afeiçoa por serem originais, fora do padrão.

Você acha que muito desse carinho vem por ser você sendo a personagem?

Acho que a minha popularidade ajuda, o fato de eu estar muito tempo longe das novelas, o que é uma novidade para o público. Mas eu acho também que os autores a construíram de uma maneira muito genial. Quando você tá com ódio dela, ela cuida de uma criança. Isso faz com que baixe uma humanidade apaixonante. Tem coisa que o público mais ama do que ver mãe cuidando de filho, menino sozinho, órfão, abandonado? Eles fizeram de uma maneira que elevaram o lado humanitário dela.

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Você já passou pelo teatro e cinema, como é ver que o público da TV está fazendo uma ‘quarta força’, que está construindo o personagem contigo, lutando para ele não morrer?

Primeiro que essa é a história da minha vida. Em todos os lugares foi assim. O Cócegas [peça de teatro] começou pequenininho, o público que fez que ele fizesse sucesso. De Pernas pro Ar [filme] era uma mulher com um vibrador e todo mundo achou que não ia fazer sucesso porque ia agredir a família, e o público que ajudou. Onde eu estou com a minha carreira, é sempre o público que me leva. Então eu tenho muito agradecimento. O meu padrinho é o público. E eu procuro sempre fazer coisas legais pra ele, não só na televisão, mas diversificar, fazer filmes, teatros, programa no GNT [Além da Conta], e me comunicar com eles nas redes sociais. Eu respondo, gosto de saber o que estão pensando. Quando começou a história da Elvira e eu fiquei surpresa. A gente tá trabalhando muito, não dá pra saber o que tá acontecendo.

Ela é uma mulher com sotaque, é vilã, você ficou meio receosa?

Eu fiquei muito a fim. Estava louca por uma vilã, estava amarradona desde o primeiro dia. Estou há quase um ano nesse trabalho, começamos em primeiro de novembro todos os dias.

E a sua filha? Como ela vê você nesse papel? O que ela comenta?

Ela não gosta do sotaque, mas acha engraçado. Ela não vê todo dia, às vezes é mais pesado e eu não deixou ela ver. O dia que o Tomas me enforcou e me jogou lá de cima, por acaso ela estava vendo. Ela: ‘Mãe, é falso, eu sei que não era você que pulou dali’. Eu já mostrei pra ela que tinha uma dublê com a mesma roupa que eu. Mas ela ama a parte do Quinzinho.

Como é o trabalho com o Théo Lopes?

O cuidado é absoluto. Ele virou o xodozinho do nosso núcleo. Eu, Chay, Viviane [Pasmanter] e o [Guilherme] Piva somos apaixonados. Ele é muito talentoso, muito profissional, rápido nas reações. Eu acho que é um menino que é da profissão. Tenho a impressão que ele não vai ser só um ator mirim. Não é só que ele é bom ator, ele tem vocação, ele gosta de ficar com a gente, passa a cena. Mas também tem um grande mérito da Cristina Bittencourt, que é a preparadora dele, estuda tudo, eu chego e ele tá pronto. E ele ama trabalhar. Ele fica em casa dois dias e ele fala que estava com saudade. Um dia estava eu, o Chay e ele gravando uma cena enorme, aí ele: ‘Ai, eu amo fazer cena!’. Ele é muito carismático. Foi um acerto. Eu já criei uma relação de amor por ele. Quero nem ver quando acabar. Eu já falei pra mãe dele que ele tem que ir lá em casa.

Teve alguma ferramenta de atuação que você ensinou pra ele?

A gente fez um dia inteiro de ensaio junto quando começou a novela. E os ensaios eram muito de brincadeira. Talvez por eu ter filho, a gente criou muito rapidamente uma ferramenta de brincar. E ele também é muito facilmente estimulado. Ele não é tímido, é exibido. Então, você propõe, ele vai muito além. Então um ensaio que ia durar o dia inteiro, duas horas depois a gente falou que a conexão já estava criada.

Ingrid Guimarães e Théo Lopes em Novo Mundo (2017)
Ingrid Guimarães e Théo Lopes em Novo Mundo (2017) (Divulgação/TV Globo)

Depois da novela, quais são os próximos projetos?

Eu ia filmar um filme em agosto, mas ficou para o ano que vem. E vou gravar o Além da Conta em novembro. Eu ia fazer em Portugal, mas diante da situação tão instável do país, a gente acha que não cabe ir para a Europa. Sabe-se lá como vai estar o euro em novembro. Então a gente ficou com medo de fazer qualquer movimento que não fosse compatível com o país que a gente vive. Então vamos fazer aqui no Brasil mesmo. Mas se surgir um personagem bom de uma novela, eu faço.

O seu público é bem abrangente. Como você vê isso?

Meu público é pra avó, criança, pra mãe, também muito grande de mulher por causa dos filmes. Mas é impressionante que um monte de criança gosta dessa novela. O público da novela das 18h é muito interessante, realmente é muito eclético.

*Entrevista realizada pelo jornalista André Romano.

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