Cao Hamburguer justifica mulheres protagonizando nova Malhação: “Curiosidade de enxergar o mundo pelo olhar feminino”

Publicado em 08/05/2017

Com estreia nesta segunda-feira (08), ‘Malhação – Viva a Diferença’ acompanha a vida destas cinco jovens, as Five, que vão descobrir juntas como pode ser enriquecedor viver, confrontar e celebrar suas diferenças.

A temporada é escrita por Cao Hamburger, assinando seu primeiro trabalho com dramaturgia diária, em obra aberta. Premiado diretor na TV e no cinema, com uma carreira sólida voltada para o público jovem, tem entre suas mais importantes criações está “Castelo Rá-Tim-Bum”, que foi eleito o melhor programa infantil pela Associação Paulista dos Críticos de Artes (APCA). O longa-metragem “Castelo Rá-Tim-Bum – O Filme” foi premiado no Toronto Children’s Festival e no Chicago Festival como “melhor filme”. Cao também concebeu as séries “Os Urbanóides”, “Disney Club”, “Um Menino Muito Maluquinho” entre outros. Em 2013, conquistou o importante prêmio International Emmy Kids com “Pedro e Bianca” como melhor série e o Prix Jeunesse. Na carreira de Cao, ainda constam a série “Filhos do Carnaval”, os filmes “O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias”, que chegou a receber indicação ao prestigiado Urso de Ouro, e “Xingu”.

Este é seu primeiro trabalho dedicado à Globo e escrevendo uma obra aberta. Como recebeu o convite para escrever Malhação?
Nunca tinha pensado em fazer novela. Conversando com Silvio de Abreu (diretor de dramaturgia diária da Globo), ele me convenceu de que eu poderia fazer. Na verdade, novelas brasileiras são únicas no mundo. É um know-how que foi desenvolvido aqui e que só aqui se consegue fazer com essa qualidade. Então me interessei a arriscar nesse formato tão popular no Brasil e tão brasileiro.

Como surgiu a ideia de falar sobre diferenças e amizade?
É muito pertinente no Brasil a ideia de trabalhar com a diversidade porque somos um país de misturas, de culturas distintas e de diferenças sociais. Vamos explorar as dificuldades e as belezas da convivência de pessoas tão diferentes e também falar sobre respeitar a opinião do outro, a posição do outro, a cultura do outro. Entender que a opinião do outro pode ser diferente da sua e não por isso ele precisa se tornar seu inimigo. A outra curiosidade que queremos explorar é como as pessoas se tornam amigas. Especialmente nesse universo adolescente, época em que as amizades se tornam mais importantes do que a própria família, época em que deixamos de ser crianças protegidas pelos pais e irmãos e formamos amizades fortes, verdadeiras “segundas famílias”.

Por que a escolha de retratar a amizade entre cinco garotas diferentes?
Por dois motivos. Primeiro uma curiosidade minha de enxergar o mundo pelo olhar feminino. Tenho feito trabalhos em que os protagonistas eram homens e fiquei curioso de ver o universo da adolescência pelo ponto de vista feminino. O segundo motivo é falar da importância da mulher e reafirmar o poder que ela tem na sociedade. São cinco garotas que moram em São Paulo e estudam no Ensino Médio. O background entre elas é muito diferente, tanto cultural quanto social. Cada uma tem a sua vida e elas vão se ajudar muito para resolverem os dramas que cada uma está passando. A gente fica entrelaçando as histórias pessoais delas com a história conjunta, que começa no primeiro capítulo. Em comum, elas são donas dos próprios narizes e assumem o protagonismo perante a vida. Elas têm personalidade forte, proatividade e independência. A aceitação da diferença e dos conflitos que essas diferenças sociais e culturais promovem é um assunto que me interessa bastante. É uma história muito leve, com drama, mas leve e saborosa.

Na temporada, se fala bastante sobre diferenças e tolerância à diversidade. O público poderá acompanhar outros temas relacionados aos dilemas adolescentes?
Além de falar sobre tolerância e a riqueza que existe na convivência das diferenças, falamos sobre a adolescência, os problemas com a família, os problemas com eles mesmos. Mostramos como nossos personagens vivem as angústias e os descobrimentos desse momento da vida, que é muito rico e, ao mesmo tempo, conturbado. Os dilemas e temas adolescentes são universais, clássicos desde minha geração, como as primeiras paixões, iniciação sexual, problemas com droga e bebida, as dúvidas dos adolescentes sobre o que vão ser, problemas que a tecnologia traz. Outra coisa que me interessa é discutir a proatividade dos jovens. Mesmo que não saibam pra onde ir, eles não ficam dependendo dos adultos. São autossuficientes, gostam de produzir coisas e estão sempre agitados. Essa é uma característica bem importante. Também tem a questão da educação, não só a educação formal das escolas, como a educação como cidadão. O publico adolescente é bastante crítico e nossos personagens também são. Estamos escrevendo para eles e para todo mundo interessado nesse universo.

Você tem um vasto trabalho voltado ao público jovem. Tem um interesse especial em escrever para esse público?
A adolescência, para mim, é um momento muito rico porque a gente deixa de ser criança, mas ainda não é adulto. A gente fala muito desse momento conturbado porque é quase um limbo e ao mesmo tempo um momento muito estimulante da vida. É uma época em que você vai tomando as rédeas da vida.

Por que a escolha de São Paulo e, especificamente, o bairro de Vila Mariana?
A cidade oferece uma variedade de pessoas, culturas e background diferentes. Vila Mariana nos pareceu um dos bairros mais democráticos para trazer toda essa pluralidade.

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