Reynaldo Gianecchini se achava ‘verde’ em Laços de Família: “Fui jogado na cova dos leões”

Publicado em 29/09/2016

Em entrevista, Reynaldo Gianecchini fala sobre seu papel em A Lei do Amor, a próxima novela das 21h da Globo que estreia segunda-feira (03).

Na substituta de Velho Chico, o ator interpreta Pedro. Para o personagem, Reynaldo mudou o visual e até é confundido com o herói Thor pelas crianças que o encontram nas ruas.

Confira o papo:

Visual

“Quase ninguém me reconhece com esse visual. Achavam que eu era gringo. Durante as Olimpíadas, eu ia para Copacabana assistir aos jogos e ninguém me abordava. Pensavam que eu era gringo mesmo (risos). Esse visual do Pedro foi bem pensado sim. Queríamos dar o visual de um cara que ficou anos na vida exposto ao sol. Ele é velejador. Ele é queimado de sol mesmo. É um processo bem difícil chegar. O pessoal da maquiagem ficou testando durante meses. A gente chegou nesse ponto, que eu acho muito legal. A caracterização e o figurino ajudam muito a gente a compor o personagem. Diz muito desse cara. Eu fiquei bem feliz com o resultado final. Eu acho que ele é exatamente assim.”

O mar assusta ou agrada?

“As duas coisas. Eu tenho um respeito enorme pelo mar. Para não falar medo. Eu gosto muito do mar. Tenho uma relação muito próxima com ele. Sempre tive. Desde a primeira vez que eu vi o mar. Ao mesmo tempo, eu tenho respeito. Porque o mar tem uma força ali muito grande. Da natureza em si. Toda vez que eu entro no mar, eu faço uma oração. Sempre com todo respeito. Eu sou do interior. Não viajava para muito longe. Eu fui conhecer o mar com nove, dez anos. Bem tardiamente.”

Chay Suede entrega personagem

“Eu e Chay Suede conversamos sobre tudo. A gente fez uma preparação juntos. Foi muito legal. Na verdade, estamos criando um personagem comum. Não é nem o jeito dele, nem o meu. A gente tentou chegar em um terceiro, né? É um personagem que é um pouco de nós dois. A gente teve bastante cuidado. A gente se contagiou um com o outro. De observar como cada um é. Ele me observar e eu observar ele. Se contagiar um pelo outro. Nesse ponto eu achei muito interessante, porque o Chay é muito interessante. É um jovem muito focado, com uma cabeça muito legal. Tem uma opinião bem bacana sobre tudo. Foi bacana eu observar como seria esse Pedro jovem. O Pedro dele é mais desafiador do que o meu. Depois que você chega aos 40 anos, não tem tanta energia assim para gastar, como o Pedro jovem. Ele chega desafiador, meio marrento. Eu gostava de ver isso. Eu tento trazer isso. 20 anos depois. De qualquer forma, foi muito bom observar como ele foi compondo o personagem em si. Tudo era muito bem discutido entre a gente. Até a parte do figurino. A nossa opinião sempre foi a mesma em relação ao Pedro Leitão. Enfim.”

Reynaldo Gianecchini aos 40

“Eu sinto muita diferença do Reynaldo Gianecchini de hoje, em relação ao dos vinte. Quase outra pessoa. Nesse ponto foi muito interessante trocar com o Chay Suede. Eu achei essa troca um processo terapêutico para mim. Eu me via muito nele. Fazendo as coisas que ele faz aos vinte anos. Ao mesmo tempo, ele falou que eu dei um barato enorme em se imaginar em mim. Nosso processo de preparação foi muito forte. Foi muito interessante. Tiveram vários momentos belíssimos. A gente olhava muito nos olhos do outro, e via muito o meu passado. Quase como uma compaixão mesmo do que eu já vivi. Da minha história, de todos os meus erros também. Das coisas que eu fiz de errado, para ser importante para a pessoa que eu sou hoje. É bem legal.”

Jovem X adulto

“O jovem vai peitando tudo. Não tem muito medo. Ele vai no impulso mesmo. Ele brinca bastante com o ego. Querendo conquistar as pessoas. A gente vai com tudo. Muitas vezes a gente dá várias cabeçadas. Aos quarenta e poucos anos, a gente sabe que alguns brinquedinhos do ego, a gente não quer mais. Não interessa conquistar tanta gente assim. A posição também. Eu estou em um momento da minha vida, que não interessa ficar provando nada para ninguém. Nem pra mim mesmo. Eu acho que você relaxa. O jovem é mais ansioso. O jovem é meio que tudo ou nada. Hoje em dia, eu não acho que é tudo ou nada. Eu não tenho esse peso mais.”

‘Laços de Família’

“Na época eu não assistia muito. Eu achava muito ruim me ver. Eu tinha muita ansiedade de me ver. Me achava verde. É sempre difícil a gente se ver. Depois que passa anos, fica legal. Você vê sem aquelas imagens da ansiedade. Ai, você pode até curtir. Hoje em dia, eu vejo e comento que eu era verde e tinha muita coisa legal também. Tinha uma imaturidade enorme da profissão. Mas tinham umas coisas bem legais que oferecia. Da minha vontade de estar ali. Daquele olhinho de quem realmente estava querendo aprender. Foi um bom personagem. Tinha um encantamento meu de descoberta, que valeu muito para o Edu. Acho que isso funcionou muito. Hoje em dia eu olho e acho muito bonito de ver. Eu lá atrás, cheio de vontade de apender. Enfim.”

Giane de Laços de Família X Chay Suede

“É difícil a gente comparar. Acho que o Chay Suede veio de uma geração que teve acesso a muito coisa. Essa preparação que ele teve para fazer essa novela, eu nunca tive isso. Compreende? Eu acho que ele vem muito mais estruturado. Muito mais preparado do que eu naquela época (de estreia). Era a minha primeira novela. Eu não sabia realmente nada. Fui jogado na cova dos leões e falaram: ‘se vira’. Um personagem enorme, com uma carga de trabalho muito grande. Não dava muito tempo para ninguém ficar me ensinando. Os tempos são outros. Acho muito difícil essa comparação. Eu vejo sim, um ponto muito incomum entre os dois. Quando me falaram que ele faria meu personagem na primeira fase, eu achei uma escolha maravilhosa. Eu de uma certa forma, eu via um link muito grande com ele. Quando eu estreei foi muito forte tudo. Talvez tenha sido o momento mais louco da minha vida. Engraçado, quando ele estreou, eu perdi a estreia dele. Fui viajar, quando eu voltei, estava um buchicho em cima desse menino. Eu falei: ‘quem é esse menino?’. Que eu nem sabia quem era. O Brasil inteiro estava falando dele. Fui dar uma olhada. E comentei que ele tinha um brilho. Fazia tempo que eu não via ninguém chegar com tanto brilho, presença, sabe? Ele é muito simples. Acho isso muito bonito nele.”

André RomanoENTREVISTA REALIZADA PELO JORNALISTA ANDRÉ ROMANO

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