“Eu já tive desejo de morrer”, assume Marjorie Estiano, um dos destaques da minissérie Justiça

Publicado em 05/08/2016

Marjorie Estiano será Beatriz, um dos personagens destaque na minissérie Justiça, que estreia em 22 de agosto, na Globo. Beatriz é par romântico do personagem Mauricio, interpretado por Cauã Reymond.

Após um grave acidente, Beatriz e Mauricio passaram pelo que promete ser um dos momentos mais dramáticos da minissérie. Presa a uma cama e sem perspectiva de melhora, o casal decide pela eutanásia e a personagem de Marjorie Estiano morre.

A atriz comenta emocionada como está sendo viver esse personagem tão forte. “Essa questão de vida e morte, do direito sobre a sua vida, sempre me ocorreu. Eu acho que eu sempre tive o interesse de saber que cada um tem o direito sobre a sua própria vida. Que sobreviver não ser uma obrigação. A Beatriz me trouxe diretamente e me encontrou em um momento novo, e, no momento que eu me questionasse isso.”

Com um papel que fala tanto de morte, Marjorie Estiano confessou que já pensou em morrer. “Eu já tive desejo de morrer…”. Mas afirma que não teme o fim da vida. “Acho que não. Eu tenho medo de sentir dor. Eu acho que não de morrer.”

Sobre emendar duas minissérie na sequência, a atriz comenta que prefere fazer trabalhos menores e mais elaborados. “Eu confesso que eu gosto de produtos menores. De série, de cinema, Eu acho que é uma história fechada. Tem começo, meio e fim. Acho que pode ser mais elaborada.”

Confira na íntegra a entrevista com Marjorie Estiano:

Você vai interpretar uma bailarina que fica tetraplégica. Como foi compor essa personagem? Ela deseja morrer. O que você pensa a respeito?

“Não é a primeira vez que eu penso nisso. Essa questão de vida e morte, do direito sobre a sua vida, sempre me ocorreu. Eu acho que eu sempre tive o interesse de saber que cada um tem o direito sobre a sua própria vida. Que sobreviver não ser uma obrigação. A Beatriz me trouxe diretamente e me encontrou em um momento novo, e, no momento que eu me questionasse isso. Antes eu tinha certeza que você tinha o direito sobre a sua vida. O direito que você queria morrer, se fosse insuportável para você. Essa personagem me pegou em um momento que eu me questiono em relação mais a isso. No caso dela, especificamente, eu acho que foi precipitado. Ela e o Mauricio (Cauã Reymond) se precipitaram. Foi menos de 48hs. Não foi nada elaborado. Ela poderia descobrir novos caminhos para ela, nessa nova condição. E, poderia não descobrir. Ela poderia se oferecer essa oportunidade. Eu acho que nesse caso foi um erro.”

Você vem de uma minissérie. Quando você vai voltar para uma coisa maior? Uma novela talvez…

“Eu não sei lhe responder isso não. Eu confesso que eu gosto de produtos menores. De série, de cinema, Eu acho que é uma história fechada. Tem começo, meio e fim. Acho que pode ser mais elaborada. Novela traz outras coisas. Traz um frescor da mudança, do público. Também é bem interessante. Por enquanto estou por ai. Mas, não sei se vou fazer novela em breve não.”

Sua personagem em Ligações Perigosas, também quis morrer por amor. Como você vê a ligação entre essas duas personagens?

“A Mariana, personagem de ‘Ligações’ foi um suicídio. Nas duas existiu esse elemento que atravessou a vida delas. No caso, a separação do Augusto (Selton Mello), e, com a Beatriz, a separação dela, com o corpo dela. Do controle de se movimentar e tal. E, o corpo era a maneira que ela escolheu para viver, né? Ela era bailarina. Que traz mais importância para esse corpo todo. É isso. É um elemento que atravessou a vida delas. E, elas se viram sem saída. Não se deram nenhuma alternativa diferente para elaborar aquilo.”

Você tem uma opinião pessoal sobre a eutanásia?

“Eu não tenho uma opinião formada. Acho que sim, a pessoa tem o direito sobre a sua vida. Mas, o contexto faz toda a diferença. Acho que se você se encontrar em um período deprimido. Quem nunca deve o desejo de morrer? Né? Todo mundo… Eu já tive desejo de morrer… Você também teve.. Não mente para mim… Até fazer isso é diferente.. A gente tem o direito sobre a nossa vida. Mas, o contexto faz muita diferença.”

Quando alguém faz um mal a você, como você reage? Você é vingativa?

“Muito relativo isso. Essa pergunta ai é meio aberta. Muito ampla! Já tive muitos impulsos vingativos. E, graças a Deus eu não cedi a nenhum deles. Não tive oportunidade de ceder, talvez (risos). Talvez se eu tivesse tido a oportunidade e aceitasse… Entretanto, graças a Deus isso não aconteceu. Racionalmente, o caminho da vingança, eu acho que é o lugar que mais lhe faz mal, do que qualquer outro tipo de satisfação. É isso.”

A morte assusta você?

“Acho que não. Eu tenho medo de sentir dor. Eu acho que não de morrer.”

Você comentou que prefere produtos menores. Por quê?

“Porque são obras fechadas. Onde você pode ter mais controle em relação à construção da personagem. São menos cenas gravadas por dia. Ou seja, tudo muito mais elaborado.”

Em relação seu lado cantora. Como está sendo esse processo?

“Continuo compondo para meu novo disco de inéditas. A música e a atuação para mim fazem parte do mesmo artista. Ou seja, é uma questão de brecha ou maturação década trabalho. Se o disco estiver pronto ano que vem, e se eu puder lançar. Eu lanço ano que vem. A mesma coisa com filme, com série, etc.”

Você gosta de interpretar personagens sofridos?

“Não gosto dessa palavra ‘sofrido’. Eu gosto de conflitos. Aquilo que promova uma construção. Que promova uma elaboração, uma trajetória de uma personagem. Conflitos é o que me interessa nos personagens.”

Qual a importância de Malhação em sua carreira?

“Eu tenho um carinho enorme por ‘Malhação’. Foi meu primeiro trabalho na televisão. E, a novela juntou outra paixão que eu tinha, que era a música. Era um momento de descobertas. Era tudo a primeira vez. E a turma era muito da garotada. Estava todo mundo aprendendo, todo mundo muito interessado. Era uma energia gostosa de vontade, de desejo. Eu acho que o que mais regia a gente ali era esse desejo de aprender. Sabe? Eu acho que ‘Malhação’ ocupa esse espaço do público teen brilhantemente.”

André RomanoENTREVISTA REALIZADA PELO JORNALISTA ANDRÉ ROMANO

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