Com estreia marcada para o mês que vem, a próxima novela global das 19h, O Tempo Não Para, de Mário Teixeira, propõe uma história inusitada. Os protagonistas são vítimas de um naufrágio em 1886, e acabam congelados nas águas da Patagônia. Hoje, 132 anos depois, o bloco de gelo que conservou intactos os integrantes da família Sabino Machado vai parar nas águas do litoral paulista. Ao serem descongelados, todos têm um choque diante da circunstância mais do que extraordinária. Sem falar das muitas modificações com as quais terão de lidar. Juliana Paiva interpretará o papel principal, da jovem Marocas, e vivendo seus pais estarão Rosi Campos e Edson Celulari.
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Idas e voltas no tempo e formas de fazê-las são um prato cheio para a literatura e a dramaturgia calcada em ficção científica. Como na trilogia De Volta Para o Futuro, produção de Steven Spielberg, para ficar apenas neste conhecido exemplo. Na televisão, especificamente em novelas, a trama central de O Tempo Não Para é original. Mas a temática da viagem no tempo não exatamente.
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Assim como O Tempo Não Para, outras produções viajaram no tempo
Em 1991, tentando repetir o grande êxito de Pantanal (1990), a Rede Manchete se empenhou num novo projeto. Era Amazônia, cujo argumento inicial foi de Jorge Duran, com texto também de Anamaria Nunes, Denise Bandeira e Paulo Halm. A história se dividia entre o passado e o futuro da Amazônia, e se situava na virada do século 19 para o 20 e também no começo do 21. No futuro, um malandro que vive de golpes na região de Manaus, Lúcio (Marcos Palmeira), possui o dom da mediunidade e consegue ver sua vida passada, quando foi Caio, filho do poderoso Comendador Mangabeira (Antônio Petrin), cujos negócios partem da exploração de borracha, e de Bárbara (Jussara Freire).
Caio é noivo de Maria Luiza (Júlia Lemmertz), filha de Peçanha (Leonardo Villar), um grande comerciante de borracha. No entanto, ele se apaixona pela dançarina Camille (Cristiana Oliveira). Na ação passada no futuro, Lúcio se envolve com a jornalista Mila (Cristiana), que deixa o Rio de Janeiro rumo a Manaus em busca de aventuras e um novo rumo para sua vida. Júlia Lemmertz não participava da fase “futurista”. José de Abreu interpretava Ryan em 1899 e Marcelo no século 21, com a mesma função – a de antagonista.
A divisão em duas épocas – e nenhuma delas era a atualidade da novela
As muitas tramas e personagens e a confusão entre presente da ação (que já se passava num futuro 20 anos à frente da apresentação da novela) e passado afugentaram boa parte do público. De tal sorte que Amazônia passou por uma reformulação que deixou de lado os personagens do futuro. Houve uma espécie de relançamento sob o título Amazônia – Parte II, supervisionada por Tizuka Yamasaki. A equipe de texto passou a contar com Regina Braga, Marilu Saldanha e Tânia Lamarca. E perdeu Denise Bandeira. Na direção, apenas Marcos Schechtman permaneceu. Isso após a saída de Carlos Magalhães, Marcelo de Barreto e Roberto Naar e a entrada de José Joffily e Rudi Lagemann. Além da própria Tizuka, que havia comandado com êxito a elogiada novela Kananga do Japão (1989/90), antecessora de Pantanal.
Mas acabou por ser um trabalho que representou muitos gastos para a Manchete e repercussão bem abaixo do esperado. Não se obteve nada perto dos índices de Pantanal, e a audiência caiu em relação à novela antecessora, A História de Ana Raio e Zé Trovão (1990/91). Amazônia foi exibida de dezembro de 1991 a junho de 1992.
O Casarão e seu modo diferente de “viajar” no tempo
Ainda, quando se fala em “viagem no tempo” muita gente se recorda de O Casarão, novela de Lauro César Muniz exibida pela Globo em 1976. Mas não é que os personagens viajassem no tempo. A narrativa é que inovava mesclando três épocas distintas ao narrar a vida de uma família do interior paulista e os conflitos amorosos de seus integrantes, especialmente da matriarca Carolina (Yara Cortes). Ela se casou com Atílio (Mário Lago) mesmo sem jamais ter esquecido o namorado da juventude, o artista João Maciel (Paulo Gracindo).
O passado da família e da cidade de Tangará, onde a história se passava, era mostrado em fases distintas. Estas eram centradas em 1900, com os pais e avós de Carolina. E também nas décadas de 1920 e 1930, quando o triângulo amoroso ficava a cargo de Sandra Barsotti, Dênis Carvalho e Gracindo Júnior.