As várias versões de Carinha de Anjo, sucesso do SBT

Publicado em 06/03/2018

Estreada em 2016, a novela Carinha de Anjo, escrita por Leonor Corrêa a partir de original de Abel Santa Cruz, agrada a crianças e também aos adultos com uma história leve, divertida e cativante protagonizada pela pequena Dulce Maria (Lorena Queiroz).
Abel Santa Cruz, também autor de outro grande sucesso já exibido nas versões mexicana e brasileira pelo SBT, Carrossel, escreveu em 1973 Papá Corazón, exibida pelo Canal 13 da Argentina. Dirigida por Alejandro Doria e produzida por Jorge Durán, a história foi protagonizada por Andrea Del Boca no papel de Angélica de María, a Pinina, deixada pelo pai Maximiliano (Norberto Suárez) num orfanato após o trauma causado pela morte de sua esposa Lucía (Mercedes Harris). Para lidar com as travessuras da pequena, Maximiliano tinha a ajuda de sua irmã, a Tia Peluca (Elcira Olivera Garcés).

Já no ano seguinte Papá Corazón ganhou uma versão mexicana intitulada Mundo de Juguete, que contava a mesma história. Produzida pela Televisa e exibida pelo Canal de Las Estrellas, era a história de Cristina (Graciela Mauri), que desejava unir seu pai viúvo, Mariano (Ricardo Blume) e a Irmã Rosário (Irma Lozano), freira do colégio onde ela estudava. O sucesso levou a novela a ultrapassar a marca dos 600 capítulos.
Em 1976 foi a vez do original argentino de Abel Santa Cruz chegar ao Brasil, através da Rede Tupi. Exibida às 18h, Papai Coração teve adaptação de José Castellar e direção de Edison Braga e supervisão de Luiz Gallon em seus 200 capítulos. O viúvo Mário (Paulo Goulart) contava com a prima Sílvia (Nicette Bruno) e o irmão Padre Bernardo (Renato Consorte) para cuidar da pequena e arteira Titina (Narjara Turetta), que conversava com a mãe já falecida, Laura (Arlete Montenegro), e gostava muito da Irmã Rosário (Selma Egrei). A novela concorria com as adaptações de clássicos da literatura brasileira na Globo, como O Feijão e o Sonho e Escrava Isaura, mas ainda assim conquistou boa audiência.

Confira o que acontece em Carinha de Anjo de 05 a 09 de março

Em 2000, a Televisa mexicana retomou o entrecho com Carita de Ángel. A pequena Dulce María (Daniela Aedo) apronta muitas travessuras no colégio de freiras onde passa boa parte do tempo, enquanto seu pai Luciano Larios (Miguel de León) pretende se casar com a interesseira Nicole (Ana Patricia Rojo). Mas ele acaba se apaixonando pela freira Cecília (Lisette Morelos). Os irmãos de Luciano, Tia Estefania “Perucas” (Nora Salinas) e o Padre Gabriel (Manuel Saval) ajudam-no a cuidar da pequena, que consegue conversar com a mãe, Angélica (Marisol Santacruz). A novela conquistou grande sucesso e já em 2001 teve sua exibição no Brasil iniciada pelo SBT, que na faixa das 19h incomodou muito a Rede Globo na ocasião com as traquinagens da doce Dulce María. Ainda, esta foi a última novela de Libertad Lamarque, conhecida dos brasileiros por seu trabalho como Vovó Piedade em A Usurpadora, exibida pela emissora de Silvio Santos pouco antes. Ela vivia a Madre Superiora do colégio de Dulce María, e faleceu com a novela no ar. A atriz Silvia Pinal entrou em seu lugar interpretando outra personagem que fazia suas vezes. Essa versão de Papá Corazón, Carita de Ángel (ou Carinha de Anjo), com texto de Kary Fajer e produção de Nicandro Díaz González, foi exibida no Brasil às 19h (mudando depois para 19h45min) entre julho de 2001 e fevereiro de 2002 e reprisada já a partir de maio de 2003, indo até janeiro de 2004.

E dando prosseguimento a 5 anos de um bem-sucedido ciclo de novelas dedicadas ao público infantojuvenil, o SBT estreou em novembro de 2006 uma nova versão brasileira da história de Abel Santa Cruz, aproveitando o título da versão mexicana já exibida pela emissora: Carinha de Anjo.

Ricardo Mantoanelli é o diretor geral da versão atual da história de Dulce Maria (Lorena Queiroz), por quem a freira Cecília (Bia Arantes) tem muito carinho. O pai da menina, Gustavo (Carlo Porto), inicia a história vivendo um relacionamento com Nicole (Dani Gondim), mas se apaixona de verdade é pela noviça. Apesar de ter o carinho da prima de seu pai, Estefânia (Priscila Sol), a quem apelida de “Tia Perucas” devido aos adereços usados por ela, e da própria Cecília, Dulce Maria usa da imaginação para se encontrar com a mãe falecida, Teresa (Lucero), que dá à menina muito carinho e lições sobre a vida. A música que embalava a abertura da versão mexicana de 2000, interpretada por Tatiana, foi aqui resgatada numa versão em português cantada por Lucero, atriz e cantora mexicana conhecida do público brasileiro especialmente por seu trabalho em Chispita, novela infantil transmitida pelo SBT em 1984. Foi uma grande sacada trazer Lucero para interpretar a mãe da pequena Dulce Maria, e além de gerar boa química entre as duas atrizes despertou a nostalgia dos adultos, que quando crianças acompanharam-na em Chispita.

Houve ainda outras duas versões. Em 1986 foi produzida na Argentina Mundo de Muñecas, com Analia Castro, Gabriela Toscano, Daniel Alvaredo e Aldo Pastur. No ano de 2008 foi produzida pela Telefuturo, emissora do Paraguai, uma novela chamada Papá del Corazón, versão livre da história de Abel Santa Cruz com diversas modificações já na espinha dorsal: aqui era um garoto, Luisito (Eduardo Lezcano), que conduzia a história, às voltas com a mãe Valéria (Paola Maltese) e com Dani (Dani da Rosa), que sem ser seu pai biológico torna-se para o menino seu referencial de figura paterna.

Já ultrapassada a barreira dos 300 capítulos, Carinha de Anjo demonstra nessa sua versão da década de 2010 que histórias com esse apelo “familiar” e o toque da presença infantil sempre têm espaço e público cativo. Que bom.

© 2024 Observatório da TV | Powered by Grupo Observatório
Site parceiro UOL
Publicidade