Topíssima cumpre missão de diversificar dramaturgia da Record TV

Publicado em 09/12/2019

A desacreditada Topíssima, trama contemporânea da Record TV, chega ao fim nesta segunda-feira (09) com grande feito. A história assinada por Cristianne Fridman fez com que a emissora retomasse o gosto pela dramaturgia convencional, depois de priorizar as tramas bíblicas nos últimos anos. A saga de Sophia (Camila Rodrigues) e Antonio (Felipe Cunha) mostrou que o canal não perdeu a mão ao narrar um bom e velho folhetim com uma boa dose de trama policial.

Topíssima fez uso do casal “gato e rato” para centrar sua história. E a escolha se mostrou acertada. Sophia e Antonio formaram um casal gracioso, com idas e vindas divertidas. A questão envolvendo o machismo do mocinho e o feminismo da mocinha foi tratada de maneira leve, como uma boa comédia romântica. Deste modo, a trama se desenrolou com uma cara colorida, parecida com as das novelas das sete da Globo.

No entanto, Topíssima também apostou em tramas menos leves. O centro do enredo tratou do tráfico de drogas, por meio de uma rede de traficantes de uma droga sintética que agia dentro de uma universidade. Fridman foi bastante feliz ao propor discutir a questão das drogas dentro de um contexto no qual o chefe do tráfico era, também, diretor de uma faculdade. Foi um tempero à história principal que funcionou muito bem.

Elenco acertado

Topíssima também teve acertos no elenco e na direção. Camila Rodrigues é uma ótima mocinha, e mais uma vez entregou um trabalho competente. Felipe Cunha foi uma grata surpresa, mostrando-se um ótimo mocinho meio turrão, mas apaixonado. Além disso, Topíssima também acertou ao trazer as atrizes Silvia Pfeifer (Mariinha) e Cristiana Oliveira (Lara) em tipos diferentes dos quais o público estava acostumado a vê-las.

Outro destaque foi o trabalho da veterana Denise Del Vecchio. Madalena teve ótimos momentos, e emocionou na cena em que perde a filha, vítima de um aborto mal sucedido. Foi uma sequência memorável, que ficará marcada na carreira da atriz.

Ponto negativo

Porém, nem tudo foi flor em Topíssima. O núcleo jovem, formado por integrantes de uma república, não envolveu. O núcleo era importante no contexto da venda do Veludo Azul. Mas, com diálogos fracos, humor tolo e situações constrangedoras, estes personagens não disseram a que vieram ao longo da obra.

Bíblia

Mas o grande trunfo de Topíssima foi encorajar a Record, novamente, a dar espaço a novelas “não-bíblicas”. O fraco desempenho de Belaventura, sua última trama não baseada no livro sagrado, fez com que o canal desistisse da faixa das 19h30 para novelas inéditas. Assim, Topíssima, que foi concebida para sucedê-la, acabou engavetada. Felizmente, retomaram a trama tempos depois.

Topíssima não foi um estouro, como as novelas da fase áurea da Record (fase esta que teve em Cristianne Fridman a assinatura de êxitos como Chamas da Vida e Vidas em Jogo). Mas também não decepcionou, tornando-se uma de suas maiores audiências na grade e chamando a atenção da crítica.

Tanto que Topíssima foi “promovida” na reta final, passando para a faixa das 20h30 e tornando-se a única novela inédita da emissora. Ou seja, Topíssima passou a ocupar o principal horário de novelas da emissora e, ainda, abriu caminho para Amor Sem Igual, sua sucessora, que estreia com boa expectativa. Após o desgaste da fórmula bíblica, é bom saber que a emissora busca consolidar um novo caminho em sua teledramaturgia. Um caminho de diversificação de temáticas. Só falta trazer novos autores, já que Cristianne Fridman é boa, mas não faz milagres.

*As informações e opiniões expressas nessa crítica são de total responsabilidade de seu autor e podem ou não refletir a opinião deste veículo.

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