Apesar do tom romântico, Topíssima resgata a novela policial da Record TV

Publicado em 04/06/2019

Responsável por retomar a faixa de dramaturgia inédita da Record TV às 19h45, Topíssima estreou com embalagem de “novela das sete”. Tendo no centro do enredo um casal que vive feito gato e rato, inspirado em A Megera Domada, a novela foi vendida como uma trama leve e familiar. No entanto, na prática, o folhetim de Cristianne Fridman vai além disso. A produção resgata a novela policial, um gênero que a emissora aperfeiçoou em sua fase áurea da dramaturgia, e que andava esquecido em razão do atual projeto bíblico da Record.

O tom colorido e cômico da relação entre Sophia (Camila Rodrigues) e Antonio (Felipe Cunha) remete a outras novelas também inspiradas no texto de Shakespeare, como A Gata Comeu, O Cravo e a Rosa ou Caras & Bocas (entre tantas outras que apostavam em casais que vivem às turras). Entretanto, paralelamente ao romance, Sophia e Antonio foram envolvidos num esquema de tráfico de drogas. Há uma quadrilha que atua na produção e venda de um entorpecente, de nome Veludo Azul. Assim, ao mesmo tempo em que o esquema atua dentro da universidade encabeçada por Sophia, a quadrilha ainda tenta fazer com que o casal seja acusado pelos seus crimes.

Por isso, o que não falta em Topíssima são cenas de ação, com muitas perseguições e tiroteios. Personagens policiais, como Pedro (Felipe Cardoso) e o delegado André (Sidney Sampaio), circulam entre os principais núcleos da história. Tudo mostrado de uma maneira mais leve do que o que era visto nas novelas das 22 horas exibidas pelo canal no passado. Mas é algo mais pesado do que o que se costuma ver nas típicas comédias românticas das 19 horas. Na realidade, Cristianne Fridman tem sabido dosar bem o romance, a comédia e a história policial do enredo de Topíssima.

Resgate das tramas policiais

Ou seja, Topíssima não é apenas a primeira novela contemporânea e não-bíblica da Record desde Vitória (2014). É, também, o retorno da emissora às novelas policiais, que fizeram história num passado não muito distante do canal. Prova de Amor (2005) foi o primeiro grande sucesso desta leva na emissora, e também tinha fórmula semelhante. Exibida quase no mesmo horário de Topíssima, era uma novela com embalagem leve, mas com forte trama policial.

Mas o gênero ganhou contornos mais evidentes quando a Record lançou a faixa de novelas das 22 horas. Vidas Opostas (2006), de Marcílio Moraes, era essencialmente policial, e fez muito sucesso no horário. Sua substituta, Caminhos do Coração (2007), apesar de ser uma fantasia, também apostava num suspense policial em seu enredo. Mais adiante vieram outros sucessos, como Poder Paralelo (2009), de Lauro César Muniz.

A própria Cristianne Fridman apostou na temática, em tramas como Chamas da Vida e Vidas em Jogo. Agora, com uma novela exibida mais cedo, a autora tem pesado menos a mão. Porém, sem perder de vista os elementos típicos do folhetim policial. Com isso, Topíssima pode significar a volta da Record às novelas de temática mais pesada e adulta. O que seria muito bem-vindo.

*As informações e opiniões expressas nessa crítica são de total responsabilidade de seu autor e podem ou não refletir a opinião deste veículo.

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