Troféu Imprensa erra ao não indicar apresentadores sem auditório

Publicado em 29/04/2019

Que o Troféu Imprensa, cuja edição 2019 foi exibida hoje (28) no SBT, faz um resumo distorcido do ano que passou, isso não é novidade. Afinal, desde que seus finalistas começaram a ser definidos por meio de enquete na internet, os concorrentes passaram a ser quem tem mais fãs. No entanto, há outra distorção na premiação, e que vem de tempos: nas categorias Melhor Apresentador e Melhor Apresentadora, só concorre quem tem programa de auditório.

Neste ano, Silvio Santos, Rodrigo Faro e Ratinho concorreram na categoria masculina. Já na categoria feminina, as concorrentes foram Eliana, Fátima Bernardes e Patrícia Abravanel. A estranheza já aparece com a presença de Patrícia Abravanel, que não tem um programa para chamar de seu desde 2016. Porém, como participa do Programa Silvio Santos, ela também foi enquadrada entre “apresentadores de auditório”.

Por conta desta distinção, nomes que realmente marcaram 2018 ficaram de fora do prêmio. Marcos Mion foi aplaudidíssimo por público e crítica à frente de A Fazenda. Mas não foi lembrado nesta edição do Troféu Imprensa porque não é mais um animador de auditório, e sim um mestre de cerimônias de reality show. Tiago Leifert, que foi bem à frente do BBB do ano passado, também ficou de fora. Já entre as mulheres, Ana Maria Braga nunca concorreu pelo Mais Você. E não há dúvidas de que Ana está entre as mais importantes apresentadoras da TV brasileira.

Por isso, esta categoria tende a ficar cada vez mais complicada. Afinal, ela ainda se chama “Melhor Apresentador ou Animador”. Mas, com a atual tendência de formatos importados, os apresentadores têm se tornado mestres de cerimônias. Quase não há animadores à frente de programas que levam suas assinaturas. Até mesmo os animadores atuais, como Eliana e Luciano Huck, já apresentam programas cujo auditório é mera peça decorativa. São outros tempos, e o Troféu Imprensa ainda não percebeu isso.

Troféu Imprensa x Troféu Internet

Como premiação, o Troféu Imprensa não mais representa a realidade da TV brasileira. E isso não é de hoje. Desde que a atração começou a definir seus finalistas por votação pela internet, os concorrentes passaram a ser bastante questionáveis. Afinal, os três mais votados não são, necessariamente, os melhores, e sim quem tem mais fãs. Com isso, os membros do júri são obrigados a escolher um dentre três que não representam o ano que passou.

A categoria Melhor Novela representa bem tal distorção. Os três finalistas foram As Aventuras de Poliana, do SBT; O Outro Lado do Paraíso, da Globo; e Segundo Sol, da Globo. Poliana tem seus méritos, claro, mas está ali porque tem fãs ativos na votação on line. Com isso, tirou do páreo outra novela que merecia mais. E as outras duas restantes não agradaram à crítica. Assim, O Outro Lado do Paraíso ganhou não por ser a melhor, e sim por ser a “menos pior”, na opinião dos jornalistas votantes. Complicado.

Há anos o Troféu Imprensa ganhou um “irmão”, o Troféu Internet. Sendo assim, este segundo troféu já é um prêmio que consagra quem tem mais fãs votantes. Ou seja, não há motivos para que o Troféu Imprensa seja, também, um Troféu Internet. Do jeito que está, o Troféu Imprensa é “imprensa” apenas no nome. Uma pena.

*As informações e opiniões expressas nessa crítica são de total responsabilidade de seu autor e podem ou não refletir a opinião deste veículo.

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