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O Sétimo Guardião: outro elenco daria outro resultado?

Publicado em 15/04/2019

Falta cerca de um mês para o final de O Sétimo Guardião no horário das 21h da Rede Globo. E com toda a certeza esse nem de longe ficará como um dos melhores trabalhos de Aguinaldo Silva. O autor já nos deu histórias como Tieta, Pedra Sobre Pedra, Fera Ferida e Senhora do Destino. Sem falar na coautoria de Roque Santeiro e em minisséries como Bandidos da Falange e Tenda dos Milagres. Todavia, desta vez errou a mão e não arrebatou a audiência como tantas vezes antes. Como parte do interesse do público por uma novela advém do elenco escalado para fazê-la, será possível dizer que, com outros atores em determinados papéis, O Sétimo Guardião teria outra acolhida? Atenhamo-nos aos três personagens centrais, Gabriel, Luz e Valentina.

Um casal principal que não empolga

É inegável. Bruno Gagliasso e Marina Ruy Barbosa não deram certo como par romântico. Numa série de filmes comerciais para uma empresa automobilística eles já aparecem na telinha desde antes da estreia da novela. E demonstram alguma integração. Mas em O Sétimo Guardião os espectadores pouco ligam para o fato de Gabriel e Luz virem a ficar juntos no final ou não. Isoladamente eles podem funcionar em seus personagens. Só que enquanto casal jamais houve, ou houve muito pouca, identificação em cena. Em virtude disso, um grande conflito de Gabriel, que é ter de abrir mão do amor de Luz em nome da segurança da fonte, acaba por não impactar como poderia.

Um mocinho que parece estar sempre emburrado

Gabriel não é um personagem dos mais felizes, literalmente. Não apenas porque em sua vida basicamente só ocorrem dissabores, como convém aos heróis em sua jornada. Mas porque o rapaz não tem motivos para sorrir. Em que pese a necessidade de uma postura fechada para a vida e focada na missão de sétimo guardião à qual deve fazer jus, Gabriel não é nada simpático. Aparenta estar sempre irritado, com tudo e todos.

Uma mocinha que passou boa parte da novela sem maior utilidade

Luz ficou alguns capítulos ausente, em viagem ou coisa que o valha, para uma das cidades próximas a Serro Azul frequentemente citadas. Aqui vale a ressalva especial de que em todas as outras novelas nas quais se falou de Serro Azul ela não era provinciana e primária. No entanto, é assim mostrada agora. Muito menos localizada em Minas Gerais e, por isso mesmo, tão próxima das nordestinas Resplendor, Santana do Agreste, Greenville etc.

Mas voltando à Luz, sem trocadilho, a mocinha da história não chega a ser antipática como Gabriel. Só que tampouco desperta maior carinho do público. Seus embates com Valentina (Lília Cabral) e Olavo (Tony Ramos), este em capítulos mais recentes, a saber, demonstram que Luz poderia ser algo bem além do que podemos acompanhar noite a noite. Com efeito, parte da apatia em relação à personagem, não podemos ignorar o fato, pode ser creditada ao cansaço da imagem de Marina Ruy Barbosa, que há anos emenda trabalhos. Quem sabe outra atriz desse a Luz – uma vez mais sem trocadilho – um tom mais querido, despertasse mais torcida.

Valentina, a vilã que foi sem nunca ter sido

Lília Cabral como Valentina de O Setimo Guardião
Lilia Cabral como Valentina de O Sétimo Guardião DivulgaçãoTV Globo

Uma nova parceria de Lília Cabral com Aguinaldo Silva foi cercada de expectativa – após Fina Estampa e Império. Valentina Marsalla foi anunciada como uma grande vilã, à altura da atriz. Como se vê, não foi o caso. Valentina foi mais uma mulher arrogante e desagradável do que uma vilã memorável. Sua química com Bruno Gagliasso, seu filho na ficção, é inexistente. Seu envolvimento com Murilo (Eduardo Moscovis) não fez grande diferença, embora valha a pena destacar a intenção de pegar Valentina pelo seu lado mais frágil, o da infelicidade no amor.

Valentina perdeu o posto de grande malvada da história muito antes do previsto – para a beata Mirtes (Elizabeth Savalla) – e agora é ameaçada de todas as formas pelo inimigo Olavo. Até Laura (Yanna Lavigne), filha de Olavo e ex-futura nora da empresária, parece mais má do que ela. Após Griselda, Maria Marta e mesmo da Silvana de A Força do Querer, que teve grande destaque na história, lamenta-se que Valentina seja uma personagem bastante dispensável à trama, ao contrário do que se supunha inicialmente.

Uma boa escalação de elenco é importante, mas não é tudo

E O Sétimo Guardião está aí para provar isso. Outro elenco, ou ao menos outros nomes em determinados papéis, eventualmente poderiam ajudar no interesse do público. No entanto, isso não significa que a novela fosse melhor e/ou mais vista do que é em virtude de ter no cast o nome A ou o nome B. Mais do que unicamente a escolha de bons atores, uma novela que chame a atenção do público e a “segure” conta com muitos elementos, usados na medida, seja pelo acaso, seja por milimétricos cálculos em meio ao imponderável que envolve o gênero.

*As informações e opiniões expressas nessa crítica são de total responsabilidade de seu autor e podem ou não refletir a opinião deste veículo.

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