Enjoou? Emissoras têm dificuldades em emplacar reality shows

Publicado em 09/04/2019

Presentes na TV brasileira há quase 20 anos, os reality shows se tornaram um gênero indispensável para todas as emissoras. Desde a estreia do No Limite, em 2000, na Globo, se viu uma verdadeira proliferação de formatos que pretendem explorar a vida real. Surgiram, inclusive, “subgêneros”, como os talent shows, que mesclaram elementos de shows de calouros com histórias de vida. No entanto, este primeiro trimestre de 2019 deixou claro que os realities não são mais garantia de audiência.

Basta observar a atual edição do Big Brother Brasil, que se encerra nesta sexta-feira (12). A temporada vem sendo considerada a pior dentre todas as edições, tamanha a falta de surpresas no jogo. Passados tantos anos, percebe-se que os participantes já entram “escolados” na dinâmica da atração. E o BBB, por sua vez, não se esforçou muito para driblar tal problema.

Além disso, os participantes se mostraram sem fôlego. Não houve um perfil que despontasse, gerasse identificação ou torcida. Com isso, a atração se desenrolou morna, sem qualquer emoção. O que se refletiu nos índices de audiência, aquém do esperado.

Cantores em baixa

Mas não é só a Globo que enfrenta dificuldades. A Record TV também não foi muito feliz com seus realities neste início do ano. A primeira aposta foi a competição musical The Four Brasil. Um formato bem interessante e muito bem realizado pelo canal, mas de desempenho mediano na audiência. O programa de Xuxa Meneghel, mesmo com toda a sua grandiosidade, não conseguiu bater o simples Programa do Ratinho, do SBT. Na última semana, foi substituído pelo Top Chef, que também estreou com resultado regular.

A emissora apostou também em Troca de Esposas, uma nova versão do Troca de Família. O programa não chega a ser uma decepção, e viu seus índices crescerem nos episódios mais recentes. Porém, está longe de repetir o sucesso alcançado pelo antigo Troca de Família.

Na Band, digital influencers passam batido

No entanto, o canal que menos tem emplacado realities atualmente é a Band. A emissora lançou dois produtos poderosos numa tacada só, O Aprendiz e MasterChef. Mas nenhum dos dois programas disse a que veio até aqui.

O programa apresentado por Roberto Justus revelou-se uma grande decepção nos números. Outrora grande sucesso da Record, O Aprendiz tem amargado índices na casa do um ponto na audiência. O desgaste do formato e o dia de exibição escolhido pela Band, a noite de segunda-feira, podem explicar o baixo rendimento.

Já o MasterChef não chega a ser uma decepção total, embora esteja claramente desgastado. O talent show culinário enfrentou uma mudança radical ao ser transferido das terças-feiras para os domingos. O desastre não foi tão grande, tendo em vista que o programa sempre estreia com números menos empolgantes. Mas, nas noites de terça, MasterChef garantia, no mínimo, um terceiro lugar para a Band. Aos domingos, costuma ficar em quinto lugar.

Ou seja, são tempos difíceis para reality shows. E isso acontece, sobretudo, por dois motivos: a não-renovação de formatos consagrados, e a proliferação de formatos semelhantes, aumentando a sensação de “mais do mesmo”. A crise de criatividade da TV brasileira chegou ao “queridinho” dos formatos. Falta novidade.

*As informações e opiniões expressas nessa crítica são de total responsabilidade de seu autor e podem ou não refletir a opinião deste veículo.

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