Com protagonista vilã, Jezabel traz novidades ao folhetim bíblico da Record TV

Publicado em 23/04/2019

Desde que passou a apostar em novelas bíblicas, a Record TV exibiu folhetins de estética muito semelhante. Entrava novela e saía novela, e não se via muita diferença entre elas. A emissora tentou driblar a repetição com Apocalipse, uma novela bíblica e contemporânea. Mas não deu muito certo. Porém, com Jezabel, estreia de hoje da emissora, há uma nova tentativa neste sentido. Uma tentativa mais comportada, é verdade, mas ainda sim com alguma ousadia.

A novidade da vez é que Jezabel é centrada na personagem-título, uma protagonista vilã. Jezabel (Lidi Lisboa) é uma nobre da região da Fenícia que se casa com o príncipe Acabe (André Bankoff), de Israel. Ela arma para se tornar rainha do lugar e, ao conquistar o posto, se torna implacável contra seu povo.

Assim, Jezabel traz uma rara protagonista mulher dentre as novelas bíblicas da emissora. Mulheres estiveram à frente de enredos como A História de Ester e Lia, mas foram poucas, comparadas aos tantos homens que protagonizaram novelas e minisséries do canal. E o fato de ela ser a vilã da história dá à Jezabel uma pitada de pimenta. Afinal, finalmente a figura central não é um personagem contemplativo e de pouca ação. Jezabel faz a trama andar, com muita firmeza e segurança. E maldades, claro!

Protagonista irregular

Destaque em vários papéis coadjuvantes, sendo o mais importante deles em Escrava Mãe, Lidi Lisboa vinha merecendo uma protagonista. No entanto, no primeiro capítulo de Jezabel, seu desempenho foi irregular. A atriz teve bons momentos, mas exagerou nas caras e bocas nas cenas mais tensas. Mas nada que comprometa a personagem, que é bastante complexa.

Entretanto, quem roubou a cena neste primeiro capítulo foi Hylka Maria. A atriz vive Getúlia, uma cúmplice de Jezabel que cumpriu a missão de matar o rei Onri (Arthur Kohl). Hylka fez uma vilã intensa, porém contida, e esteve muito bem nas sequências do assassinato do rei. Promete!

Novelista experiente

Com Jezabel, a novelista Cristianne Fridman finalmente volta a assinar uma novela na Record. Autora de sucessos, como Chamas da Vida e Vidas em Jogo, ela agora leva sua experiência em folhetins numa história bíblica. Neste primeiro capítulo, mostrou que traquejo na função faz a diferença. Jezabel não fugiu do didatismo comum aos primeiros capítulos, mas o fez de maneira comedida e eficiente.

Além disso, o capricho da produção chama a atenção. O salto de qualidade que as tramas bíblicas da Record deram de Os Dez Mandamentos até aqui impressiona. Fora que, com Jezabel, a produtora Formata debuta no segmento das telenovelas. Começou bem.

Em suma, Jezabel veio trazer alguma novidade em um formato que parecia esgotado. Neste primeiro capítulo, mostrou potencial. O gênero novela bíblica, portanto, ainda deve render uns anos mais.

*As informações e opiniões expressas nessa crítica são de total responsabilidade de seu autor e podem ou não refletir a opinião deste veículo.

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