Verão 90: Jesuíta Barbosa, destaque em cinema, deslocado em novela

Publicado em 16/03/2019

Jesuíta Barbosa tem nas mãos o personagem que move toda a trama da novela das 19h da Rede Globo, Verão 90. Jerônimo Guerreiro é ambicioso, invejoso, recalcado e obcecado pelo sucesso, pelo dinheiro e por Manuzita (Isabelle Drummond). No entanto, é o irmão João (Rafael Vitti) que consegue boas oportunidades na vida – e o coração da moça.

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Jesuíta estreou na TV em 2013, na minissérie Amores Roubados. Posteriormente, participou de outras duas produções do gênero, Ligações Perigosas e Justiça, ambas de 2016. Além disso, naquele mesmo ano participou de Nada Será Como Antes, uma série. Sua primeira novela foi O Rebu (2014), como o esperto Alain, e no ano seguinte interpretou o protagonista de Sete Vidas (2015), Miguel (Domingos Montagner), em sua fase jovem, mostrada em flash-backs. Todavia, O Rebu durou apenas 36 capítulos, no horário das 23h. Era chamada de novela, mas durou menos que histórias consideradas minisséries nos anos 2000. E o trabalho imediatamente anterior do ator, como Ramirinho, fez parte da “supersérie” Onde Nascem os Fortes (2018). Desse modo, podemos considerar Verão 90 a primeira novela da carreira do ator, em bases mais tradicionais.

Alguns trabalhos de Jesuíta Barbosa no cinema

Pernambucano, Jesuíta Barbosa nasceu justamente num dos polos principais da produção do nosso cinema hoje, especialmente em termos de artisticidade. Com apenas 27 anos de idade e menos de 10 de carreira cinematográfica, já integrou o elenco de títulos importantes da safra recente. Entre eles, Tatuagem, Praia do Futuro e Reza a Lenda. Além disso, dois filmes exibidos também como minisséries na Globo tiveram atuação destacada de Jesuíta Barbosa. A saber, Serra Pelada e Malasartes, respectivamente em 2013 e 2017.

No ano passado, chegou às salas a adaptação de O Grande Circo Místico feita por Cacá Diegues. Nela, Jesuíta deu vida a Celavi, um personagem que atravessa as cinco gerações cobertas pela narrativa, espécie de protetor e condutor do clã proprietário do circo.

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Por que Jesuíta Barbosa soa diferente do resto do elenco de Verão 90?

O ritmo de gravações do gênero telenovela é intenso, com cenas e mais cenas durante seis, às vezes sete dias por semana. Minisséries e séries geralmente têm seus trabalhos de estúdio iniciados com os roteiros concluídos, ou quase. Filmes, nem se fala. Os atores podem compor sua interpretação, desenvolver um trabalho mais apurado, em virtude de haver tempo para isso. Produções nesses formatos costumam ir ao ar já completamente gravadas. Ao passo que a novela é escrita e gravada enquanto é exibida.

Jesuíta tem gestos pensados em cena. Fala baixo, mesmo quando Jerônimo está exaltado ou perturbado. Até um volume mais alto de sua voz parece não ser tão alto assim, se compararmos com outros personagens masculinos como João e Quinzinho (Caio Paduan), por exemplo. Claro que, a quase dois meses da estreia, o ator tem se adequado cada vez mais ao ritmo da telenovela. E também a suas necessidades e características. No entanto, ainda que Jerônimo seja bastante frio, calculista, sem qualquer escrúpulo para conseguir o que deseja, parece faltar algo. Que o ator pode querer dar, inclusive, e eventualmente a direção breque. Pode acontecer, afinal, por vezes os profissionais envolvidos desejam rumos diferentes para o trabalho.

Jesuíta Barbosa não é mau ator. Seu êxito no cinema e nas investidas anteriores na televisão demonstram isso. Ademais, no papel de mãe de Jerônimo está Dira Paes, também expoente da nossa produção cinematográfica e que, a despeito da maior experiência, divisa bem filmes de novelas. Jesuíta declarou que gostaria de fazer uma novela “com cara de novela” e sabe que o gênero tem suas particularidades. Aparadas algumas arestas, o Jerônimo de Verão 90 pode sim se tornar memorável.

*As informações e opiniões expressas nessa crítica são de total responsabilidade de seu autor e podem ou não refletir a opinião deste veículo.

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