Em cartaz no principal horário de novelas do Viva, A Indomada (1997) entrou recentemente em sua segunda fase. Com o retorno de Lucia Helena (Adriana Esteves) à Greenville, onde deve cumprir um acordo de seus tios e se casar com Teobaldo Faruk (José Mayer), a novela começa de fato. Nesta fase, a história de Aguinaldo Silva ganha muito em humor, destacando personagens antológicos em bons momentos.
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Enquanto Helena tenta se recuperar de uma picada de escorpião, sua tia Maria Altiva (Eva Wilma) toca o terror em Greenville. Autoproclamada defensora da “moral e dos bons costumes”, a beata se esforça em impedir o casamento de uma prostituta na igreja da cidade. A movimentação das beatas mexe com toda a cidade, reverberando em todos os núcleos da história. Além disso, o espectador acompanha o primeiro de muitos embates entre o prefeito Ypiranga Pitiguari (Paulo Betti) e a juíza Mirandinha (Betty Faria). Esta última é implacável na tentativa de impedir os devaneios do prefeito falastrão.
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A tensão do delicado estado de saúde de Helena contrasta com sequências absolutamente divertidas. E a vilã Maria Altiva Pedreira de Mendonça e Albuquerque é uma das grandes atrações deste início de novela. Um dos trabalhos mais memoráveis da atriz Eva Wilma, Altiva tem um texto espirituoso, que brinca com a hipocrisia dos que se consideram baluartes da moral. Além disso, sua prosódia que mistura inglês e português, com um sotaque nordestino, dão a ela um charme especial. “Ó xente, mai gódi!” e “weeeell” são alguns dos bordões que a vilã emplacou.
A Indomada: grandes atores em momentos inspirados
Além de Eva Wilma, o elenco de A Indomada tem outros destaques. Um deles é Renata Sorrah, vivendo a forte Zenilda, dona do bordel Casa de Campo. É ela uma das principais inimigas de Altiva, com quem terá diversos e divertidos embates ao longo da obra. Aliás, mulheres fortes não faltam em A Indomada. A juíza Mirandinha, de Betty Faria, é outro tipo marcante, sem dúvidas uma das grandes personagens da atriz.
Luiza Tomé, considerada por anos um “talismã” pelo autor Aguinaldo Silva, é outra que está em grande forma em A Indomada. A primeira-dama de Greenville, Scarlet, é um tipo divertido e marcante. Isso sem falar em Adriana Esteves, que retornava à Globo após uma passagem pelo SBT em grande estilo. Helena é uma protagonista madura, e que credenciou a atriz à uma série de outros importantes trabalhos na emissora desde então.
Realismo fantástico em alta
A Indomada foi uma das últimas novelas das nove a tratar do realismo fantástico. Em Greenville, tudo pode acontecer. As noites de lua cheia da cidade provocam reações em Scarlet. O buraco aberto no centro da cidade leva ao Japão. Tudo isso regado a um humor característico, com uma boa dose de ironia e crítica social. Estes ingredientes fazem de A Indomada uma novela boa de se acompanhar. Depois dela, o autor Aguinaldo Silva só retornaria ao realismo fantástico em 2001, com Porto dos Milagres.
No entanto, o autor se prepara para voltar ao filão em O Sétimo Guardião, trama que substituirá Segundo Sol. Sendo assim, a reprise de A Indomada veio numa hora oportuna. Funciona como uma espécie de “esquenta” à próxima trama das nove. Além disso, ajuda a fazer o público relembrar de um tempo em que novelas das nove mais leve e bem-humoradas eram possíveis. Hoje, há um “excesso de realismo” que tornam as produções das nove mais densas e soturnas. A Indomada mostra que o público das nove gosta de um “respiro” de vez em quando.
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