Sem apresentador experiente, Vídeo Show perde relevância

Publicado em 20/07/2018

Nesta semana, a Globo colocou no ar a enésima reformulação do Vídeo Show. O vespertino agora é comandado por Sophia Abrahão, ao lado de Fernanda Keulla e Vivian Amorim, em esquema de revezamento. E traz no elenco Ana Clara e Felipe Titto, além de Marcela Monteiro, que segue na atração. A audiência, no entanto, não correspondeu. O que não chega a surpreender. Afinal, além do erro de tentar atrair um público que não assiste TV, a atração peca por não ter um nome de expressão no comando.

Sophia Abrahão, que agora é “veterana”, ainda tem problemas em parecer natural lendo o teleprompter. Quando sai do texto, parece perdida. Suas companheiras Fernanda e Vivian já parecem mais naturais em cena. Porém, ainda são novatas e estão cruas. Falta-lhes experiência. Estavam indo bem como repórteres, mas foram promovidas ao posto de âncora muito rapidamente. O resultado disso é que, quando precisam sair do roteiro, encontram dificuldades. Falta estofo.

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Vídeo Show é um clássico da TV Globo. Estreou sob o comando de Tássia Camargo e, por anos, promovia rodízio de apresentadores. Porém, quando Miguel Falabella assumiu o programa, em 1987, ficou clara a necessidade de ter um nome forte à frente. O programa carecia de um rosto, que soasse familiar a quem assistisse, o que dá segurança ao espectador. Falabella tornou-se este rosto e deu identidade ao Vídeo Show. Além disso, o ator é versátil, e adaptou-se muito bem às mudanças naturais da atração nos 14 anos em que ficou à frente do programa.

Vídeo Show: apresentadores que fizeram a diferença

Depois que Miguel Falabella deixou o programa, entrou em cena André Marques, que estava credenciado para a função. Afinal, já atuava como repórter do programa havia dois anos, o que lhe deu repertório. E também já era um rosto conhecido do público do programa. Além disso, tinha a companhia de Angélica, veterana da TV, que comandava o Vídeo Game e atuava com André em quadros variados. Mas, quando o Vídeo Show ganhou outros apresentadores, como Luigi Baricelli e Fiorella Mattheis, a coisa foi ficando confusa. Confusão resolvida quando André Marques e Ana Furtado foram fixados no posto.

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De lá para cá, o programa ganhou depois Zeca Camargo e Otaviano Costa na apresentação. Zeca ficou por pouco tempo ali, já que deu o azar de comandar um novo formato totalmente equivocado. Otaviano, então, assumiu o posto, resgatando o formato clássico. Formou uma dupla e tanto com Monica Iozzi, fez uma boa parceria com Joaquim Lopes, e segurou o rojão ao lado de Sophia Abrahão. Isso porque Otaviano trouxe sua vasta experiência em TV para o programa, sabendo segurar bem os imprevistos do “ao vivo” e as entrevistas. Em suma, tinha experiência e traquejo.

Mas, na nova fase, não há este nome forte em cena. Não há um substituto para Miguel Falabella, André Marques, Angélica, Zeca Camargo ou Otaviano Costa. Há meninas bem-intencionadas, mas com pouca experiência e pouco conhecimento em história da TV. Elas tentam “modernizar” o programa, mas o Vídeo Show tem como espinha dorsal a memória televisiva. Ou seja, há um conflito de concepção que é agravado com a falta de experiência das apresentadoras. Do jeito que está, seria melhor ser extinto de vez.

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