Em nova fase, desafio de Segundo Sol é manter o fôlego da primeira etapa

Publicado em 25/05/2018

Segundo Sol estreou sua nova fase ontem (24), quando fomos apresentados aos jovens que eram crianças na primeira etapa da trama de João Emanuel Carneiro, além de ver serem introduzidas novas tramas paralelas. Entre quarta e quinta-feira, a história viveu momentos tensos e acelerados: no capítulo do dia 23, Luzia (Giovanna Antonelli) aparecia num navio rumo à Islândia; no dia seguinte, ela já surgiu planejando seu retorno, aparecendo em Salvador já algumas cenas depois. A mocinha da história é movida pela necessidade de reencontrar seus filhos.

A transição manteve a acelerada sucessão de acontecimentos vista na primeira fase de Segundo Sol. Foram muitas as situações propostas nesta semana e meia de novela no ar. Em poucos capítulos, Beto Falcão (Emílio Dantas) “morreu”, se apaixonou e planejou seu casamento com Luzia, que esperava um filho dele. Enquanto isso, a marisqueira foi vítima das vilãs Karola (Deborah Secco) e Laureta (Adriana Esteves), que a enganaram, roubaram seu filho e a mandaram para a cadeia, de onde fugiu e foi parar na Islândia, onde se tornou uma bem-sucedida DJ. Neste meio-tempo, foi obrigada a se separar de seus dois filhos pequenos: um deles ficou com a tia Cacau (Fabiula Nascimento), enquanto a outra foi adotada por uma família rica. Ufa!

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Com um prólogo relativamente pequeno, mas muito acolchoado de acontecimentos, Segundo Sol imprimiu um ritmo bem intenso em seus episódios iniciais. Provavelmente, a pressa se deu para que não se repetisse o marasmo da primeira fase de O Outro Lado do Paraíso, que fez a novela perder público e seu autor Walcyr Carrasco se viu obrigado a antecipar a passagem de tempo. Sendo assim, agora que a história começou de verdade, fatalmente Segundo Sol colocará o pé no freio. Por isso, o desafio do autor João Emanuel Carneiro será, agora, manter um ritmo que agrade o espectador já conquistado, mas também adotar uma narrativa que consiga trazer mais público.

O primeiro capítulo da nova fase de Segundo Sol manteve a proposta de ser um dramalhão familiar, focando na revolta dos três filhos de Luzia, todos separados. Ícaro (Chay Suede) tem uma relação complicada com a tia Cacau, pois a culpa de tê-lo privado da companhia da irmã Manuela (Luísa Arraes). Ela, por sua vez, não se dá bem com a família adotiva, sobretudo com a mãe Karen (Maria Luisa Mendonça) e a irmã Rochelle (Giovanna Lancellotti), e adotou uma postura revoltada, chegando a se envolver com drogas. Já Valentim (Danilo Mesquita), o filho que Luzia pensa estar morto, cresceu achando ser enteado de Miguel, sem saber que ele é seu pai biológico, Beto Falcão. Ou seja, ficou claro que o mote da história, agora, será a saga de Luzia tentando reconquistar os filhos e unir a família novamente.

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Neste contexto, surgiu uma situação difícil de engolir. Valentim tem verdadeira adoração pelo pai “falecido”, mas odeia o fato de o “padrasto” Miguel, viver às custas da obra do pai, numa mentira sustentada por Karola. Ora, se Valentim conhece a história de Beto Falcão a ponto de tê-lo como ídolo, é evidente que ele conhece o rosto do pai. Mesmo se a família tivesse escondido o rosto, ele poderia ter acesso facilmente, já que Beto Falcão se tornou uma figura mítica, tendo sua morte relembrada ano a ano pela mídia. Sendo assim, como ele não notou que seu padrasto Miguel ostenta uma impressionante semelhança com Beto Falcão?

Além de explicar tal “furo”, João Emanuel ainda terá que convencer o público de que não está contando mais uma história de vingança, como foi sua antecessora O Outro Lado do Paraíso. O retorno de Luzia ao Brasil dá margem a um acerto de contas entre ela e as vilãs. Por isso, o autor deveria fugir deste caminho mais “fácil” e focar na relação de Luzia com os filhos e com Beto. Segundo Sol tem suas qualidades, e não merece repetir situações já vistas na saga de Clara (Bianca Bin) ou até em Avenida Brasil, principal sucesso de Carneiro.

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