Afastamento de autora deixa Apocalipse ainda mais perdida

Publicado em 30/05/2018

Recentemente, foi notícia o fato de a Record afastar a autora Vivian de Oliveira dos trabalhos da novela Apocalipse, alegando atraso na entrega dos capítulos. Tal afastamento representa o ponto final de um processo criativo marcado por turbulências, já que Vivian chegou a declarar, logo no início da novela, que não reconhecia sua trama no ar. A história passou por intervenções da direção da emissora (leia-se da igreja), no intuito de aumentar o tom evangelizador da obra.

E estas intervenções foram as responsáveis pelas principais críticas voltadas à Apocalipse, logo que a novela estreou. Uma novela sobre o fim do mundo poderia render bastante, já que trata de um tema bastante explorado pela ficção, normalmente com sucesso, vide a repercussão dos “filmes-catástrofes” de Hollywood. Porém, com a novela no ar, o que se viu foram referências negativas às religiões não-ligadas à igreja que controla a Record, fazendo de Apocalipse uma novela de cunho doutrinador, o que pegou muito mal.

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Agora, com o afastamento definitivo de Vivian de Oliveira, Apocalipse chega à reta final perdendo sua pouca chance de conquistar alguma atenção do público. Isso porque Vivian é uma autora que, embora bastante ligada ao texto bíblico, tem um bom entendimento de folhetim. Assim, mostrou-se habilidosa na construção de tramas folhetinescas baseadas no texto sagrado, vide o sucesso de Os Dez Mandamentos. Com a saga de Moisés (Guilherme Winter), a autora agradou tanto àqueles que são atraídos pelo tema religioso, quanto os que apenas buscavam uma boa história para acompanhar.

Ela tentou imprimir a mesma fórmula em Apocalipse. Ao mesmo tempo em que narrava a chegada do anticristo e a volta dos profetas, anunciando o fim dos tempos, Vivian contava a saga dos heróis Benjamin (Igor Rickli) e Zoé (Juliana Knust), como um típico romance. No entanto, no desenrolar da trama, o folhetim perdeu espaço para uma guerra entre homens e máquinas, com pouco espaço para tramas que configuram uma novela. Histórias de amor mostradas em meio à guerra, portanto, parecem bem forçadas. Ou seja, como folhetim, Apocalipse nunca funcionou. E sem Vivian de Oliveira encabeçando os trabalhos, não vai funcionar.

Na realidade, toda esta celeuma reforça o que já estava bem claro: a interferência da igreja na teledramaturgia da Record está fazendo cair por terra o setor de novelas da emissora, que havia encontrado um rumo interessante. Se continuar assim, a tendência é perder ainda mais público, infelizmente.

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