Sem programa, desafio de Angélica é recuperar status de estrela

Publicado em 30/04/2018

No último final de semana, o programa Estrelas, de Angélica, chegou ao fim. A loira recebeu Fátima Bernardes e Lília Cabral no último episódio da série Estrelas do Brasil, e fez uma emocionada despedida do público que a acompanhou ao longo dos últimos 12 anos. Com a despedida, Angélica encerra uma fase em que atuou como “coadjuvante” na Globo, após uma contratação com status de estrela e muita badalação.

Angélica chegou à Globo em 1996 numa contratação barulhenta. Seus primeiros programas na casa, os infantis Angel Mix e Caça Talentos, foram um estrondoso sucesso. No entanto, ao longo dos cerca de quatro anos que ocupou as manhãs da emissora, a apresentadora cresceu, se desenvolveu e foi se distanciando, naturalmente, do público infantil. E entrou numa fase de indefinições que quase culminou com seu desligamento da Globo. Ela queria um programa para jovens, mas a emissora insistia nela na faixa infantil. Aceitou, a contragosto, tornar-se coadjuvante em Bambuluá. Depois, pediu para sair da atração, que foi extinta no final de 2001.

Xuxa aparece no último programa do Estrelas e o público se impressiona

Entretanto, Angélica não ganhou o desejado programa. Em contrapartida, recebeu a chance da Globo de fazer uma transição de público gradual. Inicialmente, conduziu um novo quadro num programa que já existia, o Vídeo Game do Vídeo Show. Assim, deu a chance de o público desvincular sua imagem dos programas infantis. Logo em seguida, assumiu também o comando do reality show musical Fama, que ajudou a consolidar sua carreira como apresentadora para a família. Mais adiante, surgiu o Estrelas, atração solo na qual se estabeleceu.

Em comum, todos estes programas da fase “adulta” de Angélica tiveram como ponto em comum o fato de não terem sido programas pensados para ela. O projeto do Vídeo Game já existia antes de a apresentadora deixar a programação infantil, e Susana Werner, Miguel Falabella e até Ivete Sangalo foram cogitados para o comando da atração, antes de se chegar ao nome de Angélica. Já o Fama era um formato importado, e a ideia da emissora era ter um nome da música no comando, e não um apresentador já conhecido. Toni Garrido foi o nome escolhido. Angélica entrou depois, quando houve a necessidade de formar um par com Toni, já que o músico era inexperiente na função. Ela e Toni Garrido comandaram juntos as duas primeiras edições do Fama, exibidas em sequência em 2002. Depois, em 2004 e 2005, Angélica surgiu sozinha no musical.

Faustão manda indireta sobre “amigo sertanejo” e público desconfia que seja para Zezé Di Camargo

Já o Estrelas foi, sim, formatado para Angélica. Com o fim do Fama, a direção da emissora resolveu atender a vontade da loira de ter um programa solo e lhe entregou o programa de entrevistas das tardes de sábado. Mas, apesar de ter sido formatado para ela, Estrelas nunca carregou o DNA de sua apresentadora. Famosa pelo auditório, game shows e musicais, Angélica se viu comandando um programa mais intimista. Ou seja, mais uma vez, ela se adequou a uma situação.

Deste modo, o que se constata é que, nestes quase 17 anos à frente de atrações adultas na Globo, Angélica perdeu o status de estrela que tinha quando estreou, à frente de programas que levavam sua assinatura. Não que tenha sido uma trajetória ruim: a loira amadureceu, ganhou a credibilidade do público adulto e manteve intacta sua reputação de ótima profissional. Ganhou bagagem e estofo, sem dúvidas. E, até por conta desta disciplina que mostrou nestes anos todos, vestindo a camisa da emissora e se colocando como um soldado pronto para qualquer batalha, Angélica merece o reconhecimento e, agora, ganhar de fato um programa para chamar de seu.

Ainda não se sabe o que Angélica vai fazer na Globo. Quando anunciou o fim do Estrelas, a emissora avisou que a apresentadora trabalhava na formatação de uma nova atração, sob o guarda-chuva de Ricardo Waddington (diretor de gênero que respondeu pelo Estrelas em seus últimos anos). No entanto, não houve qualquer notícia nova neste sentido. A única notícia que surgiu foi que Angélica era um dos nomes cotados para assumir um novo vespertino diário na emissora. Mas tal projeto está encampado na pasta de Boninho. Ou seja, as notícias ainda divergem, o que significa que ainda não há nada concreto.

Sendo assim, fica a torcida para que este reinício sirva para que Angélica deixe, em definitivo, sua condição de coadjuvante e volte a brilhar, como nos tempos de seus primeiros anos na Globo. Seu talento e sua capacidade para voos mais altos são inegáveis. Basta colocar em suas mãos um bom projeto.

Carcereiros acerta no tom documental, mas peca na apresentação do protagonista

*As informações e opiniões expressas nessa crítica são de total responsabilidade de seu autor e podem ou não refletir a opinião deste veículo.

© 2024 Observatório da TV | Powered by Grupo Observatório
Site parceiro UOL
Publicidade