Que lugar tem o amor na vida de Clara, em O Outro Lado do Paraíso?

Publicado em 15/03/2018

A protagonista de O Outro Lado do Paraíso, Clara (Bianca Bin), não é tradicional no que diz respeito ao modo como encara o amor em sua vida. Após viver um casamento marcado pelo ciúme doentio e pelas agressões físicas e psicológicas do marido Gael (Sérgio Guizé), por quem era verdadeiramente apaixonada, e passar dez anos num hospício, para onde fora enviada por um ardiloso plano de sua sogra Sophia (Marieta Severo) a fim de se apossar de uma mina de esmeraldas em terras que pertenciam à jovem, Clara priorizou a conquista do amor e da guarda do filho Tomás (Vitor Figueiredo), de quem foi afastada quando o garoto ainda era um bebê, e a vingança contra todos que a fizeram ir parar no sanatório – além de Sophia, o psiquiatra Samuel (Eriberto Leão), o delegado Vinícius (Flávio Tolezani) e o juiz Gustavo (Luís Melo).

Mesmo com as repetidas insinuações e declarações do ex-marido arrependido que deseja reconquistá-la; do médico Renato (Rafael Cardoso), que ela preteriu em favor de Gael e acabou se casando com Lívia (Grazi Massafera), a outra filha de Sophia; e do advogado Patrick (Thiago Fragoso), que a ajuda desde que conseguiu tomar posse dos valiosos quadros que recebeu de herança da milionária Beatriz (Nathalia Timberg), tia-avó do rapaz, Clara chegou ao terço final da novela sem um par para chamar de seu. Ela enfim foi vencida pelo cansaço e aceitou se casar com Renato, agora revelado grande canalha da história.

Mas não se pode deixar de pensar também noutro viés da coisa: é mesmo necessário que uma protagonista de novela tenha um par romântico, que ela beije e mire encantada ao som de temas que fazem vender discos com a trilha? Para a história proposta pelo autor Walcyr Carrasco, da grande vingança de Clara após tantos sofrimentos motivados por ganância e falta de caráter dos que a rodeavam, talvez não seja. A personagem não demonstrou maior inclinação a dar ao amor um lugar de grande destaque em sua vida enquanto sua vingança, o objetivo maior, não estivesse concretizada, chegando mesmo à apatia diante das reiteradas declarações de amor dos pretendentes.

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Com a reviravolta que dá início à fase final da novela – com Renato revelado como crápula que tramou com Sophia a morte de Clara para tomarem juntos posse da mina de esmeraldas –, as coisas começam a se desenhar para que ela fique com o dedicado Patrick no final, a despeito da paixão da meia-irmã Adriana (Julia Dalavia) pelo advogado. Ainda, nos últimos capítulos o confuso e desajustado Gael tem se mostrado como uma potencial vítima da criação que recebeu da mãe – Sophia, sempre ela –, que teria fomentado seu caráter violento, descontrolado e inconsequente. Tenha Clara o desfecho romântico que tiver – provavelmente ao lado de Patrick, mas nunca se sabe –, O Outro Lado do Paraíso conseguiu mostrar uma protagonista que não teve, ao menos não durante toda a novela, sua felicidade no amor como um fim maior a ser perseguido.

*As informações e opiniões expressas nessa crítica são de total responsabilidade de seu autor e podem ou não refletir a opinião deste veículo.

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