Quando a divulgação de sua estreia começou, em dezembro do ano passado, muita gente apontou Deus Salve o Rei, a novela das 19 horas da Globo como uma “cópia de Game of Thrones” mesmo antes de vê-la.
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Tudo isso, claro, por conta de seu visual impressionantes e cenografia que lembra muito a série mais popular do mundo, que é produzida pela HBO desde 2011. De fato, as chamadas impressionavam até mesmo os leigos no mundo dos folhetins.
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A estreia até foi interessante, novamente porque o visual chamou a atenção, e o seu primeiro capítulo foi tipicamente de uma novela. Apresentação foi competente e convenceu a acompanhar.
O problema é que, quase dois meses depois, Deus Salve o Rei ficou só na estreia. A novela de Daniel Adjafre apresenta um dos roteiros menos criativos dos últimos tempos, conseguindo uma proeza impressionante.
Quando estava no ar, Pega Pega também era criticada por ser sem graça. Mas ela tinha audiência alta e um público cativo. Deus Salve o Rei nem isso. A novela derrubou os números de Pega Pega em três pontos na Grande São Paulo e tem sido alvo de críticas nas redes sociais.
O primeiro problema é o texto nada inspirado de Daniel Adjafre. Deus Salve o Rei nada mais é que um melodrama batido e nada novo. Mocinha perdendo a memória? Vilão obcecado por ela? Mocinho que abandona tudo pra viver o amor? Já vimos isso ao rodo.
Outro ponto é a direção que fez escolhas equivocadas. A primeira, e mais notória, é de Bruna Marquezine. O tom robótico de sua vilã Catarina diminuiu nos últimos capítulos, mas ainda é uma atuação bem abaixo da crítica de Bruna.
Vindo de trabalhos questionáveis como atriz, acho que já podemos começar a questionar se, de fato, Bruna vai vivar a grande atriz que pensamos que ela fosse virar. Mas isso é assunto para um outro texto.
Rômulo Estrela e Marina Ruy Barbosa também não ficam atrás. Os dois juntos tem química, mas a pasmaceira da trama do casal irrita e dificulta o trabalho de ambos. Sem muito espaço pra trabalhar, os dois parecem estar no piloto automático.
Além disso, a direção opta, com a maioria dos atores, por algo bem arroz com feijão, sem tentar se diferenciar – algo que deveria ser feito por conta da embalagem visual que é Deus Salve o Rei.
Logicamente, a novela tem bons pontos. Johnny Massaro e Tatá Werneck estão divertindo como um casal. Johnny é um grande ator e sabe fazer tanto drama, quanto comédia. Tatá faz o que sabe fazer e com muita qualidade. É a melhor atriz de comédia desse País, com sobras.
Além disso, como já citei aqui neste mesmo site, Marina Moschen tem se destacado bem mais que o núcleo principal. Sua trama é a mais interessante e Marina, sem tanto badalo da mídia, mostra muito mais talento que as protagonistas. Essa menina vai longe.
Deus Salve o Rei prometeu muito e, até agora, entregou uma trama chata, insossa, e que só vale acompanhar pelas boas imagens. Algumas vezes, nem por isso, porque seu texto sem graça não deixa.
Pode parecer um exagero, mas Deus Salve o Rei é um caso de propaganda enganosa. Todo mundo acreditou que seria melhor que Pega Pega e viria uma novela época, digna do horário das 19h. Não veio. E pelo visto, não vai vir. É só uma novela para passar o tempo, infelizmente.