O que esperar de Filhos da Pátria, nova série da Globo

Publicado em 19/09/2017

Corrupção foi uma das palavras mais pronunciadas nos telejornais brasileiros no ano de 2017. Escândalos políticos, contravenções, propinas, jeitinho brasileiro, nada disso é novidade, nem característica de um mundo moderno capitalista, e é justamente essa a premissa de Filhos da Pátria, que estreia nesta terça (19) na Globo. Escrita por Bruno Mazzeo, a série é uma dramaturgia de primeira qualidade, numa comédia refinada sobre costumes.

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O ano é 1822, exatamente em 8 de setembro, um dia após Dom Pedro decretar a independência do Brasil, e o clima entre os moradores do país é de festa e esperança, pois acredita-se que a independência trará maiores possibilidades de crescimento à nação. Geraldo Bulhosa (Alexandre Nero) é o protagonista da história, e pai de família que serve como âncora à ação da série.

Funcionário público responsável por gerir a troca de correspondências entre Brasil e Portugal, ele vê seu emprego ameaçado com a independência do país e aceita as investidas de Pacheco (Matheus Nachtergaele) para a criação de um caixa 2 para desvio de verbas de obras públicas. Mas se engana quem pensa que o personagem é um corrupto em sua forma maniqueísta. Ele se torna corrupto, tem consciência de seu erro, mas continua fazendo por pressão de seus colegas de trabalho e de sua esposa, Maria Teresa (Fernanda Torres), uma mulher decadente que deseja poder financeiro e reconhecimento dos demais burgueses da antiga colônia, principalmente para competir com a irmã que vive jogando em sua cara sua inferioridade.

Sua primeira tentativa de entrar para a alta sociedade é casando sua filha Catarina (Lara Tremouroux) com um fidalgo rico, o que não acontece pela falta de aptidão da moça a valores pré-estabelecidos como corretos para a mulher da época. Como Catarina é questionadora e não aceita que sua existência apenas para criar uma família, Maria Teresa tem divertidos momentos tentando ascender socialmente de outras formas.

Também neste núcleo familiar está Geraldinho (Johnny Massaro), o filho desocupado e sem propósito da família Bulhosa. O jovem deseja apenas impressionar as mulheres da corte mesmo que não saiba ler nem escrever.  A série traz ainda Lucélia (Jéssica Ellen), a esperta escrava que junta dinheiro para comprar sua liberdade, e Domingos (Serjão Loroza), o escravo que faz corpo mole, pois não aceita sua condição de escravo. Com humor leve e sátiras ao cotidiano, a comédia propõe uma reflexão um tanto dolorosa, sobre como evoluímos tão pouco como país em quase 200 anos de independência. O elenco afiado e talentoso reforça o texto do autor que propõe na família Bulhosa, os predecessores dos principais tipos brasileiros. A série conta com 12 episódios já disponíveis na plataforma de streaming Globo Play, e será exibida todas as terças-feiras.

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