Mumuzinho se destaca como Mussa na estreia do novo Os Trapalhões

Publicado em 17/07/2017

Parecia uma má ideia fazer um “remake” de Os Trapalhões. Afinal, o quarteto formado por Didi, Dedé, Mussum e Zacarias é antológico, e é muito difícil imaginar outras pessoas encarnando aquelas figuras emblemáticas. Ao contrário da Escolinha do Professor Raimundo, cujos personagens acabam sobressaindo dos intérpretes, em Os Trapalhões não há aquela relação de ator interpretando papéis: eles são praticamente personas de Renato Aragão, Dedé Santana, Mussum e Zacarias.

Mas, provavelmente empolgada com o sucesso da Escolinha, a Globo tratou de comprar a bronca e produziu, em parceria com o Viva, um novo Os Trapalhões, que estreou na noite de hoje (17) no canal da Globosat. E, acertadamente, a nova atração não traz bem os mesmos trapalhões “rejuvenescidos”, e sim os sobrinhos do quarteto original: Didico (Lucas Veloso), Dedeco (Bruno Gissoni), Mussa (Mumuzinho) e Zaca (Gui Santana). Para dar o aval da nova produção, Renato Aragão e Dedé Santana também aparecem. Uma solução simpática.

O que parecia mexer em um vespeiro mostrou-se, neste primeiro episódio, numa homenagem bem interessante. Primeiro, porque houve a preocupação de se refazer esquetes clássicos, como a cena do “piolho”, na qual Didi e Didico provocam um homem num bar com um apelido pouco simpático; ou a do valentão do bar que bebe o veneno que Didico pretendia tomar. Outros momentos que relembraram bem o clima de Os Trapalhões foi a reunião dos super-heróis, ou a esquete na qual Didico cortava o cabelo de figuras como Sansão (Dedeco) e Rapunzel (Mussa).

O novo elenco procura repetir os trejeitos dos originais e consegue resultado satisfatório. O elo mais fraco é Bruno Gissoni, que não é lá muito bom ator e não parece ser um “escada” tão esperto quanto o Dedé Santana original. Além dele, Nego do Borel revivendo Tião Macalé decepcionou. Já Lucas Veloso faz um Didico correto, com impressionante semelhança a Didi; e Gui Santana, excelente imitador, convence como Zacarias. Mas quem mais chamou a atenção nesta estreia foi Mumuzinho, surpreendentemente bem como Mussa.

Vamos combinar que o maior desafio coube à Mumuzinho. Reviver o espírito de Mussum era uma missão espinhosa, tendo em vista que o trapalhão de dialeto próprio e fã de “mé” era uma figura extremamente particular. Antonio Carlos Gomes, o saudoso Mussum, tinha um carisma ímpar, que sobrevive e se perpetua mesmo depois de tantos anos de sua morte. Os tantos “memes” com a cara de Mussum e seu impagável “Cacildis” falam por si. Pois Mumuzinho conseguiu reeditar este espírito malandro de Mussum, recriando maneirismos clássicos e remetendo ao original em vários momentos. Porém, o fez à sua maneira, dando uma cara própria à figura. Não soou como mera imitação, como acontece com o Zacarias de Gui Santana, e sim como uma recriação interessante. A cena em que Mussa, como Rapunzel, tem os cabelos queimados e grita dizendo que está a “cara da Tina Turnis!” foi impagável!

O novo Os Trapalhões soa mais infantil que o original, mas isso não chega a ser um problema. O trunfo do programa, na verdade, é deixar claro que o quarteto original é único e insubstituível. Assim, o novo quarteto, sob as bênçãos de Didi e Dedé, apenas pede licença para reverenciar esta história e este time. Como homenagem, funcionou muito bem.

Dominando o palco, Fernanda Lima evolui como apresentadora de TV

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