Saída de Hermano Henning coincide com a “queda” do jornalismo do SBT

Publicado em 26/06/2017

Em quase 30 anos de SBT, Hermano Henning se tornou um dos âncoras de maior prestígio e credibilidade da televisão brasileira. Chegou à emissora após passagens por O Estado de S. Paulo, pela revista Veja, e pelas emissoras Globo e Manchete. Trouxe na bagagem grandes coberturas, como o conflito entre Irã e Iraque, Guerra Civil de Angola, queda do Xá Reza Pahlevi, Guerra do Golfo, Guerra das Malvinas, Invasão Americana no Haiti, atentado de Oklahoma, e das mortes dos papas Paulo VI e João Paulo I, do Presidente Josip Broz Tito na Iugoslávia e do cantor e compositor Tom Jobim, além de ter participado da Primeira Expedição Brasileira à Antártica.

Ao se tornar âncora de telejornal, passou por todas as fases do jornalismo do SBT. Estreou como substituto no lendário TJ Brasil, de Bóris Casoy, um dos momentos mais felizes da história do jornalismo no canal de Silvio Santos. Também ancorava o TJ Internacional. Ficou no jornal até a extinção deste, no final de 1997. Chegou ao Jornal do SBT, inicialmente realizado em parceria com o CBS Telenotícias. Ao fim da parceria, seguiu no Jornal do SBT, que tinha uma estrutura mais modesta, porém digna.

Quando o SBT reduziu seu jornalismo a zero, lá estava Hermano Henning tirando leite de pedra em seu Jornal do SBT. Para economizar repórteres, trazia as notícias em forma de “frase do dia”, além de enquetes feitas ao espectador por telefone. Quando a emissora retomou o jornalismo, em 2005, Hermano voltou a ter um Jornal do SBT mais recheado. Migrou para o SBT Manhã, onde ficou por anos. Foi o matinal de Hermano, aliás, que abriu caminho para que outras emissoras começassem seus noticiários mais cedo, já que o SBT Manhã era exibido às 4h, com reprises às 5h e às 6h. Sempre deu boa audiência.

Em seus últimos momentos de SBT, retornou ao jornal de fim de noite por onde ficou mais tempo, o Jornal do SBT. Ficou por ali até sua extinção, no início deste ano, quando foi substituído pelo SBT Notícias. Hermano Henning encarou a geladeira do canal até ser confirmado o seu desligamento, há cerca de duas semanas. Agora, negocia para trazer Horse Brasil, programa sobre cavalos que apresenta na TV paga, à TV aberta, nas manhãs de domingo do SBT.

Por que relembrar a trajetória de Hermano Henning neste momento? Porque o que foi visto na última semana envolvendo Dudu Camargo, apresentador do matinal Primeiro Impacto na emissora, da lamentável participação no Programa Silvio Santos até chegar ao Pânico na Band de ontem (25), foi a constatação definitiva de que o jornalismo do SBT está mesmo enterrado. Em qualquer emissora, o comportamento do “âncora” seria digno das piores consequências. No SBT, ao que tudo indica, pode tudo. A saída de Hermano Henning e a ascensão de Dudu Camargo mostra que o canal de Silvio Santos fez uma escolha clara sobre o que quer de seus telejornais. É triste.

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