Baixa audiência de O Rico e Lázaro indica desgaste de fórmula bíblica

Publicado em 25/05/2017

Desde que passou a exibir novelas bíblicas na faixa das 20h30, a Record TV vem acumulando sucessos. Os Dez Mandamentos foi um fenômeno, as reprises das minisséries bíblicas conseguiram manter boa parte do público, a “nova temporada” da saga de Moisés (Guilherme Winter) também não decepcionou, e A Terra Prometida manteve a boa fase. No entanto, o mesmo não aconteceu com O Rico e Lázaro, a atual produção da emissora. Enquanto todas as demais produções mantinham-se na casa dos dois dígitos no Ibope, O Rico e Lázaro registrou 9,4 pontos no último dia 23, por exemplo.

Pode-se creditar a queda de audiência à saída da Record da TV paga nas localidades onde o sinal analógico foi desligado, devido a todo o imbróglio envolvendo a Simba e as operadoras de televisão por assinatura. Mas este não é o único motivo. Veja: A Escrava Isaura, novela que já foi reprisada outras tantas vezes e, atualmente, antecede O Rico e Lázaro, muitas vezes registra melhores índices que o folhetim bíblico. Ou seja, há, sim, um público potencial de novelas no horário maior do que o registrado por O Rico e Lázaro.

Sendo assim, além da saída da TV paga, também pode explicar o desempenho abaixo do esperado da novela o fato de O Rico e Lázaro se inspirar numa passagem menos conhecida da Bíblia Sagrada. Os Dez Mandamentos e A Terra Prometida eram protagonizadas por Moisés e Josué (Sidney Sampaio), figuras conhecidas até por quem não é religioso ou não conhece a fundo a Bíblia. Além disso, eram sagas que eram continuação direta uma da outra, o que ajuda a segurar o público. Já O Rico e Lázaro traz no centro da história personagens fictícios, que convivem com outros personagens da Bíblia. Houve, aí, uma mudança de formato com relação às tramas anteriores.

Mas a queda de audiência da Record no horário pode, também, estar relacionada ao fato de que o formato novela bíblica está cansando. Afinal, há dois anos a emissora exibe no mesmo horário tramas com cenários e figurinos muito parecidos, dando a impressão de que é sempre a mesma novela. É um formato que corre, sim, o risco de se desgastar muito facilmente. Felizmente, O Apocalipse, próxima produção do horário, se passará num futuro próximo e ajudará a oxigenar a faixa. Sem dúvidas, há um público cansado de tanta areia, homens barbudos e cabeludos e falas empostadas. É preciso diversificar.

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