Falta credibilidade à TV?

Publicado em 26/10/2016

Segunda-feira, 24, li em importante portal de notícia do país uma manchete que era mais ou menos assim: Psicanalista surpreende com resposta sincera na TV.

Achei esse título bastante intrigante, revelador, além de ser extremamente grave, pois demonstra que as pessoas estão tão acostumados às mentiras diárias dos meios de comunicação, especialmente a televisão, que, quando alguém ousa ser sincero, isso causa espanto.

No caso em questão, a profissional comentava no programa Encontro, da Fátima Bernardes, sobre pais que ajudam mães a cuidar dos filhos.

Em meio à bajulação dos outros convidados que enalteciam essa mudança no comportamento masculino, a psicanalista disse que não é para “jogar confetes” nesses pais, porque eles não estão fazendo mais que sua obrigação. Ela ressalta ainda que a mulher faz isso desde sempre e a gente enxerga apenas como sendo uma de suas muitas atribuições, portanto, não são reconhecidas, tampouco enaltecidas.

“Desculpe o que vou falar agora, não fiquem chateados, mas não acho que a gente deva jogar confete nesses pais. Eles estão fazendo o que cabe a eles, porque as mães não recebem esse confete todo e estão lá todos os dias”, disse a profissional.

Há nessa fala uma evidência gritante do machismo tão presente ainda na sociedade, fato que é tão preocupante quanto a falta de credibilidade da mídia.

Já há algum tempo, as emissoras vêm perdendo bastante audiência, principalmente entre o público jovem, que tem optado pelas redes sociais em detrimento dos veículos tradicionais, como televisão e rádio. Isso se explica, não apenas, mas também, pela inexistência de confiança nos produtos televisivos, inclusive os telejornais.

Para resolver esse problema, cabe uma profunda autocrítica, ou o resultado no futuro será devastador para essas empresas que já começaram a perder espaço no mercado.

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