Supermax vai fisgar o público das séries americanas

Publicado em 20/09/2016

Finalmente veremos nesta terça-feira (20) a estreia de Supermax, a nova série de suspense da Rede Globo, durante dois anos sendo produzida e anunciada há mais de um ano, a produção buscava um lugar na grade e claro terminar suas pós produção, já que o anunciado foi uma série cheia de efeitos especiais que nada ficaria a dever para as séries americanas.

Pois bem, para falar de séries nacionais, irei voltar a um passado não muito distante onde qualquer incursão teledramatúrgica que não fosse novela, era descrita como minissérie ou especial (Imaginem se o Brava Gente fosse produzido nos dias atuais, poderia certamente ser chamado de série de contos, tal qual Você Decide). Por anos consideramos seriados nacionais apenas comédias, e parecia que a cada tentativa de realizar uma série dramática brasileira, o produto final ficava com cara de novela com tempo de tela reduzido. De Joana e Marcelo (Multishow), a Tudo Novo de Novo (Rede Globo) parecia que algo ali estava deslocado. As séries se popularizaram, os novos autores entenderam a necessidade do formato, da TV aberta veio A Cura de João Emanuel Carneiro em 2010, com uma história intrigante repleta de plot twists e em 9 episódios exibidos semanalmente, não foi um grande sucesso, mas sua qualidade narrativa e de produção foram memoráveis.

Alguns anos se passaram, e hoje a Rede Globo deseja alcançar com Supermax, não seu público de sempre mas o público das séries dramáticas americanas, o público que já tem uma maturidade de anos assistindo a esse tipo de produto, o público jovem que geralmente não assiste a emissora e até esboça preconceito contra a mesma.

Supermax é uma série sobre um grupo de pessoas que foram confinadas num reality show de convívio, localizado num presídio de segurança máxima no meio da Floresta Amazônica. Um retrato menos glamourizado do que vemos no Big Brother, e todas as referências estão lá, desde o Pedro Bial como o apresentador do reality, como a forma na qual os participantes se comportam diante das câmeras e entre si. Onze dos doze episódios gravados foram disponibilizados para assinantes do Globo Play, o último episódio será exibido em dezembro, e ainda não consta na plataforma de streaming da Globo. Dentre as referências, é fácil notar que a série bebeu da fonte de vários sucessos como True Blood, True Detective, American Horror Story, The Walking Dead entre outros. Tudo ali soa estrategicamente colocado para fazer com que o público se importe com os personagens, desvende seus mistérios, e fique ligado para saber os próximos passos que estão por vir para garantir respostas.

O ar sombrio que os idealizadores do projeto quiseram transmitir, está lá, movimentos de câmera ensaiados dão o tom de acordo com cada cena e a sonoplastia, ah, essa foi um espetáculo à parte: além da captação de áudio de extrema qualidade, é possível se sentir dentro da prisão a cada vez que o sinal sonoro que indica que as celas serão fechadas toca, gerando incômodo certeiro. O texto: diferente de algumas produções nacionais dramáticas da TV fechada, o texto de Supermax não pareceu declamado na boca dos atores, e sim fluiu de forma natural. Ao longo dos episódios é perceptível que o que une os personagens não são laços afetivos e sim o instinto de sobrevivência, já que foram abandonados à própria sorte num local sobre o qual não têm nenhum controle e a decisão do roteiro em localizar-se no meio da Floresta Amazônica não poderia ser mais interessante, afinal é um região da qual temos muito orgulho como brasileiro, mas é raro com vasto conhecimento sobre. Outro grande acerto é fazer com que a história se passe dentro de um reality afinal, dessa forma é possível que os personagens conversem com o telespectador sem que pareça estranho a quebra da quarta parede. Os efeitos especiais foram críveis, não espetaculares, me senti incomodado em apenas duas cenas, onde possivelmente um filtro na imagem ou uma iluminação mais dura resolveria o problema. As atuações no geral, são muito boas, assim como a caracterização crua, que poderá ser comparada ao assistir Cléo Pires e Mariana Ximenez em Supermax, e em Haja Coração: Parecem outras pessoas. Supermax não é uma obra de arte, possui hype muito grande, mas é sim um entretenimento de qualidade para aqueles que duvidavam que a nossa TV conseguiria se igualar à TV internacional.

Livro SupermaxVocê pode não saber, mas existe também um livro chamado Supermax, escrito em 2009 pela autora Sharon Shalev, publicado nos EUA e que também traz como enredo a história de uma prisão e os riscos do confinamento. CLIQUE AQUI e confira se essa obra tem a ver com a série da Globo.

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