Primeiro episódio de Justiça surpreende pela qualidade narrativa

Publicado em 22/08/2016

A minissérie Justiça teve seu primeiro trailer apresentado durante o último capítulo da novela Liberdade, Liberdade! e chamou atenção, tanto pela alta carga emocional quanto pela trilha sonora, e fez com que redes sociais virassem palco para curiosidade, que chegou ao fim esta noite.

Para falar sobre a minissérie Justiça é preciso lembrar que a palavra Justiça tem origem latina, e significa o prezar pela equidade, de dar a alguém o que lhe é devido, justo, o que também remonta a um outro conceito: de certo ou errado. Tais conceitos fazem parte do que acreditamos se tratar da moral, e como a moral constituída varia de cultura para cultura, tanto certo, errado, justo ou injusto podem variar.

Justiça fala sobre questões humanas, tragédias expostas nas vidas dos personagens de forma simples, quase documental, isso porque a câmera cria tal atmosfera, em cenas com poucos planos, imagens feitas com câmera na mão, iluminação dura e o mínimo de maquiagem possível nos atores. A dramaturgia está presente ali para incitar a reflexão não somente não sobre o bem ou o mal, mas para exibir a transformação da vida das pessoas depois que justiça legislativa é feita, quais são suas emoções, motivações, ganhos e perdas.

O formato da minissérie é uma crônica cotidiana. Os enredos “independentes” se dividem entre segundas, terças, quintas e sextas, sendo cada dia da semana a história de um personagem diferente. O diferencial ficou por conta das intercessões entre personagens que protagonizam dias diferentes. Na primeira história, (Elisa) vimos Adriana Esteves ao fundo de uma cena como a empregada Fátima, que trabalha na casa de Elisa, já sabendo que Fátima será a protagonista das terças feiras.

Episódio 01

Vicente (Jesuita Barbosa) atira na namorada Isabela (Marina Ruy Barbosa)
Vicente Jesuita Barbosa atira na namorada Isabela Marina Ruy Barbosa

Nos dias atuais, Elisa (Deborah Bloch), que se preparou durante 7 anos para fazer justiça com as próprias mãos está pronta para sacrificar sua própria liberdade, planejando matar o assassino de sua filha, assim que o mesmo deixar a cadeia. A professora de direito, não acredita que 7 anos tenham sido suficientes para que a justiça tenha sido feita em relação à morte de sua filha Isabella (Marina Ruy Barbosa).

O cruel de toda a situação envolvendo Elisa, e que certamente deve ter gerado dúvidas no público foi justamente a motivação para o crime acontecer.

Isabella é a típica patricinha que não tem maiores pretensões na vida fora aquelas envolvendo um relacionamento amoroso. Vicente (Jesuíta Barbosa), seu noivo desde o pedido de noivado já se mostra um homem possessivo e extremamente ciumento, sobretudo com a presença de Otto (). Jesuíta Barbosa construiu um personagem crível, um playboy, mimado, e que acha que o mundo inclusive a namorada precisam se cruzar à sua vontade. É do tipo que arma grita, e briga para impor sua palavra. Ao saber da falência do pai, o dono da empresa de ônibus Boa Viagem Transportes, ele se transtorna, e faz com que Isabella que já questionava o relacionamento, assuma para si mesma não estar pronta para se casar com um homem falido, e vai se consolar nos braços do ex-namorado ódio. Assim Vicente, enciumado os pega no flagra, e atira contra a moça num brutal crime passional, em frente à mãe dela.

Todas as cenas foram bem planejadas tanto para mostrar a temporalidade atual, como há 7 anos atrás. A minissérie abre questionamentos como o caráter de Isabella, ou sua desistência do casamento baseada em futilidade, e sua traição fator motivador do crime. Certamente haverá uma divisão de opiniões, já que novamente justiça é uma questão moral e cultural.
O episódio termina com o exato momento em que Elisa, em posse de uma arma se prepara para atirar ao ver o algoz da filha em liberdade.

As cenas sem diálogo são igualmente tocantes, com trilha instrumental ou com Hallelujah. Em tempo, a música está entre as 10 mais baixadas pelo iTunes Brasil.

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