Velho Chico estreia com o melhor de Benedito Ruy Barbosa e Luís Fernando Carvalho

Publicado em 14/03/2016

A estreia de Velho Chico trouxe o melhor de Benedito Ruy Barbosa ao mostrar as riquezas e peculiaridades do interior do Brasil, nesse caso a fictícia Grotas de São Francisco, às margens do Rio São Francisco. Exaltou aquele toque especial que sempre encontramos nas obras do autor como a rivalidade entre famílias, o coronelismo, a vilânia, o amor intenso e sexual, a relação de trabalho, o universo rural, os dramas familiares e o contraste social.

Tudo isso aliado ao peculiar estilo do diretor Luís Fernando Carvalho com sua fotografia perfeita, figurinos, cabelo e maquiagem, cenários, iluminação impecáveis. Por momentos era inevitável acreditar que se tratava de um filme do cinema. Sem falar nas paisagens deslumbrantes do sertão e do Velho Chico.

A edição com takes rápidos deu agilidade e dinamismo às cenas, indo e vindo a todo tempo para integrar o elenco e personagens à história da trama. A trilha sonora veio a somar e com vozes como Caetano Veloso e Maria Bethania foi de tirar o fôlego.

Tarcísio meira roubou a cena com sua atuação sensacional na pele do Coronel Jacinto, em uma dobradinha pra ninguém botar defeito com Selma Egrei no papel da megera e amargurada esposa, Encarnação.

Rodrigo Lombardi (Capitão Ernesto) também mostrou bom desempenho ao duelar com Tarcísio Meira. Outro personagem que promete e já emocionou foi Chico Diaz com seu inconfundível sertanejo Belmiro.

Rodrigo Santoro e Carol Castro não tiveram tanto destaque pela atuação em si, mas deu o que falar pelas cenas quentes de sexo e nudez, que esquentou a tela da TV e bombou nas redes sociais.

Velho Chico promete ser uma novela tradicional, com características peculiares e marcantes tanto do autor, quanto do diretor. Em muitos momentos a novela remetou a obras tanto de um quanto do outro, Renascer, O Rei do Gado, Pantanal obras clássicas de Benedito e Capitu, Meu Pedacinho de Chão, Hoje é Dia de Maria trabalhos ímpares de Luís Fernando. Algumas delas, inclusíve, realizadas pelos dois.

Para finalizar, a abertura colorida, meio que uma aquarela misturada com madeira entalhada, uma obra indígena ao som de Tropicália regravada por Caetano Veloso, com arranjos de Tim Rescala e participação da Orquestra de Heliópolis deixou ainda mais rica a estreia de Velho Chico.

Ao longo dos capítulos será possível avaliar com mais critério o texto de Edmara Barbosa e Bruno Luperi, mas não é de se esperar nada de ruim, a julgar pelo primeiro capítulo.

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