Duelo de vilãs marca a estreia de Babilônia

Publicado em 17/03/2015

O embate entre Inês (Adriana Esteves) e Beatriz (Glória Pires) foi o grande destaque no primeiro capítulo da nova novela das 21 horas, Babilônia, que estreou nesta segunda-feira (16), na Globo. Amigas na juventude, elas seguiram caminhos distintos, Inês se tornou uma advogada mal sucedida, casada com um engenheiro e mãe de uma filha, uma típica família de classe média, insatisfeita com a vida que leva. Já Beatriz se tornou uma arquiteta famosa, rica, mas que se vê falida ao se envolver em um acidente na construção civil, que acaba com sua carreira na Europa e a faz perder quase tudo, mas ainda lhe resta o nome.

Entre as duas personagens reinam, de um lado a inveja e a vingança, de outro a soberba a luxúria e o ego. Estes sentimentos as levam a um duelo que promete incendiar Babilônia, dispostas a qualquer coisa para conseguirem o que querem: Inês melhorar de vida e Beatriz manter o nível social.

A vingança e a chantagem dão o tom da relação entre Inês e Beatriz, que deve monopolizar a novela e fazer desses personagens tão fortes quanto Carminha, vivida por Adriana Esteves em Avenida Brasil e Raquel ou Nice, interpretadas por Glória Pires em Mulheres de Areia e Anjo Mau.

Fria e calculista, uma verdadeira criminosa, assim é possível definir Beatriz. Enquanto Inês é pura ganância e inveja.

Também chamou a atenção do público o beijo lésbico na terceira idade entre Tereza (Fernanda Montenegro) e Estela (Nathalia Timberg). Diferente das outras novelas que demoraram em mostrar um beijo homossexual, Babilônia exibiu de imediato, assim que as duas personagens entraram em cena, mostraram a relação de carinho e respeito que envolve o amor. O beijo chocou os mais conservadores e vai dar o que falar, mas é mais uma barreira vencida, na luta por uma sociedade menos preconceituosa. E nenhuma dupla de atrizes poderia fazer melhor do que Fernanda e Nathalia, veteranas, deusas da dramaturgia, deram a carga exata para o momento, sem mais nem menos, simplesmente natural.

Por outro lado, a mocinha da novela, Regina (Camila Pitanga), já mostrou que será a típica protagonista pobre, ingênua, bobinha e sofrida. Logo no primeiro capítulo ela foi enganada por Luís Fernando (Gabriel Braga Nunes), o homem por quem ela se apaixona, fica grávida e descobre que ele é casado e tem dois filhos. Além disso, Regina tem uma mãe doente e um pai malandro, que acaba assassinado. É muito carma para uma pessoa só! Chega a dar pena, mas ao mesmo tempo ódio. No desenrolar da trama é provável que o público passe a torcer por ela, mas por enquanto ela ficou apagada perto das vilãs e não passou de uma mocinha chata e sem graça!

Vale ressaltar ainda que, apesar de ser uma atriz com bastante experiência e já ter vivido outros papeis de destaque, Camila Pitanga ainda deixa a desejar como protagonista e será engolida pelas atuações de Glória Pires, Adriana Esteves, Fernanda Montenegro e Nathalia Timberg.

Outro ator também experiente, mas ainda fraco, é Gabriel Braga Nunes. Ele muda de emissora, muda de novela, muda de personagem e a sensação que passa é que ele sempre está fazendo o mesmo papel, os mesmos trejeitos e o mesmo tom de voz.

A trama de Gilberto Braga, Ricardo Linhares e João Ximenes Braga com direção geral de Maria de Médicis e núcleo de Dennis Carvalho trouxe uma dinâmica ágil, com cenas fortes, centrada na apresentação dos personagens principais da história. Alguns personagens secundários serão apresentados ao longo dos capítulos, mas não resta dúvida que o essencial de Babilônia já foi muito bem mostrado na estreia e provocou gostinho de quero mais. Exibida em pouco mais de uma hora, o público ficou grudado na tela, os minutos passaram tão rápidos que ao final se perguntou, mas já acabou?

A abertura de Babilônia parece uma releitura de Celebridade, misturada com Selva de Pedra. Ao som de Pra que Chorar, na voz de Mart’nália, a vinheta não se encaixou muito bem ao que vinha sendo exibido nas chamadas da novela, mas isso é o de menos perto da qualidade do texto, da direção e das atuações.

Nas redes sociais a novela explodiu em comentários, tweets e memes, os internautas quase que em unanimidade aprovaram a trama. Em apenas um capítulo, Babilônia conseguiu superar de vez Império sua antecessora e, se Agnaldo Silva não conseguiu matar o Comendador pra valer, após a estreia de Babilônia ele está morto e enterrado!

Apesar do sucesso na web, Babilônia registrou um dos piores índices de audiência em uma estreia de novela das 21 horas. Foram 31 pontos de média, suas antecessoras Império e Em Família marcaram 32 e 33 respectivamente. Mas essa queda tem sido natural, a cada estreia o público diminui, o que não tira o êxito de Babilônia como produto de qualidade em dramaturgia.

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