Claudia Mauro fala sobre os aprendizados ao interpretar Maria na novela Jesus: “A aceitação é o principal”

Publicado em 25/07/2018

Depois de viver a personagem Ilana em O Rico e Lázaro (2017), Claudia Mauro está de volta às novelas da Record TV. Em Jesus, nova trama da emissora, ela interpreta Maria, mãe do protagonista.

Aos 49 anos de idade, e 26 de carreira, ela conversou com o Observatório da Televisão durante o evento de divulgação da novela, e falou sobre a importância da personagem. Claudia relatou como foram as gravações no Marrocos, e todos os ensinamentos trazidos por Maria. Confira o bate papo completo:

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Como está sendo para você participar da novela Jesus como Maria?

Considero o trabalho mais importante da minha vida profissional na televisão. A personagem é linda, e tivemos uma grande conexão com o elenco, até devido à experiência que vivemos no Marrocos e por toda aquela atmosfera de amor. Vivemos aquelas gravações com muita intensidade. São cenas que conhecemos a vida inteira independente da religião. A novela é uma história de amor e tolerância, de perdão. Podermos estar ali dentro é incrível. Vai além da experiência profissional.

Você se surpreendeu com algo ao entrar tanto nessa personagem?

Sim, muito. Sempre me surpreendo com os textos e com as cenas da Maria. É uma história tão profunda, e acredito que toda mulher tem a referência da Maria dentro de si. Ela representa todo o feminino da natureza, esse aprofundamento interno devido à todas as características femininas que Maria carrega. Tem a história da maternidade, da doação, generosidade, de amor, e perdão. Eu já me considero uma pessoa que sou cuidadora do outro por natureza, talvez por isso eu tenha sido escolhida para essa personagem (risos).

Ensinamentos da personagem

E como é o sofrimento da personagem?

Acho que tem esse pouco de dor que as mulheres trazem até hoje, e está representado ali através dela. Ela foi muito corajosa, viveu o preconceito e ao mesmo tempo mostrou sua força, a história do amor incondicional, da aceitação, do perdão. Isso aí a Maria ensinou à todas as mulheres. A relação dela com José também é linda, porque ele é um homem incrível, que aceitou e acreditou nela. Enfim, estamos tendo a oportunidade de viver estes personagens e é muito gratificante, porque nos ensina, e conseguimos evoluir internamente.

O que você mais tem aprendido com a personagem?

Acho que já estou num processo bastante especial da minha vida, com um espetáculo que eu escrevi chamado A Vida Passou Por Aqui, em homenagem à minha mãe. Ela era totalmente devota à Maria e me ensinou tudo isso, porque tinha muitas qualidades parecidas com as da Maria. Recentemente ela teve um AVC, e em seguida ganhei essa personagem. Eu já vinha trabalhando algumas características em mim, mas a aceitação é a principal. Porque de certa forma perdi minha mãe, ela já não é mais aquela pessoa, e assim a gente vai, sobretudo agora que estou indo para a segunda metade da vida. A Maria veio nesse momento da minha vida, é uma personagem linda.

Você é mãe de gêmeos, não é?

Eu sou mãe de gêmeos, e acho que eu tinha que ser porque um filho só eu tiraria de letra (risos). Eu já sou mãe de todos os meus amigos, já sou mãe dos meus irmãos, e todas as novelas que fiz, eu representei mães. E Maria agora, é o auge da mãe, da personagem feminina.

Claudia Mauro fala sobre o feminismo representado por Maria

O feminismo está muito em foco. Você acha que a Maria representa um pouco disso?

Representa com toda a certeza, porque ela foi uma mulher muito corajosa. Ela chegou se dizendo grávida do Divino Espírito Santo e as pessoas não acreditaram nela. Só José acreditou e comprou essa briga. Ela era uma mulher determinada, tinha coragem para voltar à cidade, e assumir. Ela era muito forte, sabia que Jesus tinha vindo ao mundo para uma missão e ela tinha sabedoria para aceitar isso. É uma mulher que deixou a dor de lado, e agiu com muita força e doação. A Maria representa o feminino da natureza, e creio que ela representa a mulher em todas as suas qualidades e características.

E na sua vida com seus filhos, você teve medo de cria-los nesse mundo maluco?

Eu sempre fui muito mãe de todo mundo, e muito preocupada. Quando acontece uma coisa, não tenho aquele desespero imediato. Tento manter uma coisa de estímulo, de calma e força. O mundo em que vivemos é super preocupante. A gente fica neurótico com tudo o que ouvimos, mas sou otimista. É preciso acreditar no destino dos seus filhos, nas escolhas deles, e torcer para que eles sejam felizes, e que a história e o destino deles sejam os mais felizes possíveis.

Gravações no Marrocos

E como foram as gravações no Marrocos?

Um forno, um deserto. A gente estava tão conectado com tudo e com a história, que isso foi só mais uma coisa. Eu tive uma história de amizade muito forte com a Beth Goulart. Já nos conhecíamos, mas ficamos muito mais próximas. Estávamos todas lá vencendo o calor, que até ajudava inclusive, porque aquele desconforto remetia à aquela época. As pessoas viviam um desconforto constante, e lutavam pela sobrevivência mais do que qualquer outra coisa. Todo muito estava ali nas gravações entregue, e por isso nem ficamos reclamando ‘ai meu Deus, que calor’.

E a emoção?

Tivemos uma conexão muito forte na viagem. As cenas da crucificação inclusive, foram experiências inesquecíveis.

*Entrevista feita pelo jornalista André Romano

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